De acordo com uma pesquisa conduzida por uma equipe da Universidade College London, que foi divulgada na publicação científica British Journal of Psychiatry, o uso de avatares pode contribuir no tratamento de pacientes diagnosticados com esquizofrenia, que escutam vozes.
O estudo foi realizado em pacientes que não responderam à medição usada normalmente. Tais pacientes usaram avatares escolhidos por eles para se comunicarem durante a terapia. Cada um acabou usando alguns "personagens" com rostos e vozes que combinavam mais com as vozes que escutavam dentro de sua cabeças. Assim, após seis sessões de terapia, os 16 pacientes que finalizaram o tratamento relataram que as "vozes internas" melhoraram; três deles afirmaram que elas pararam completamente.
O estudo foi liderado pelo psiquiatra e professor emérito da University College London, Julian Leff, que comparou 14 pacientes que usaram avatares no tratamento com 12 que somente receberam medicação antipsicótica padrão e tiveram sessões normais de terapia. Após, os pacientes do segundo grupo (que não usaram avatares inicialmente) também usaram avatares para se comunicar no tratamento. O doutor preparou os pacientes para que pudessem se confrontar com as vozes.
Eu incentivo o paciente dizendo: você não pode aceitar isso, você deve dizer ao avatar que o que ele, ou ela, está dizendo é um absurdo, que você não acredita nessas coisas, e que ele, ou ela, deve ir embora, e deixá-lo em paz. Você não precisa desse tormento," disse Leff.
Leff acrescentou que "Gradualmente o avatar muda de atitude dizendo, 'tudo bem, vou te deixar em paz. Eu sei que tornei sua vida muito infeliz, como posso te ajudar?' E então começa a incentivá-los a fazer coisas que podem melhorar suas vidas".
Ao final do tratamento, os pacientes expuseram que as vozes não surgiam mais com tanta frequência e que não ficavam mais tão perturbados com elas. Os pensamentos suicidas, bem como o nível de depressão dos pacientes tiveram baixa. O estudo iniciou com 26 pacientes, no entanto, apenas 16 deles completaram o tratamento. De acordo com os pesquisadores, a desistência ocorreu em virtude do medo que muitos pacientes possuem das vozes que escutam.
Um estudo com maior proporção, ou seja, incluindo 142 pacientes, deverá iniciar no próximo mês em colaboração com o Instituto de Psiquiatria do King's College London.
O Professor Thomas Craig será o responsável por conduzir a nova pesquisa. "A beleza da terapia com avatar é sua simplicidade e coragem. A maioria das terapias para esse tipo de doença é cara e demorada", disse o professor.
"Se nós mostrarmos que este tratamento é eficaz, esperamos que ele esteja amplamente disponível no Reino Unido em apenas dois anos. A tecnologia básica usada no tratamento está bem desenvolvida, e muitos profissionais de saúde mental já têm as habilidades terapêuticas necessárias para aplicá-lo", completou Craig.
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