O diabetes é um dos problemas que mais crescem no mundo, turbinado pelo aumento do consumo de fast-foods, refrigerantes, entre outras coisas. E um dos países que mais sofrem com este problema está os EUA, onde mais de 100 milhões dos adultos (mais de 1 terço da população total nesta faixa etária) já estão convivendo com diabetes; no Brasil somos mais de 16 milhões, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
E se a prevenção é cada vez mais difícil frente à rotina apressada do dia a dia, pelo menos a detecção do problema com mais facilidade e um tratamento mais precoce da doença pode estar chegando. De acordo com o último estudo clínico de Brandon Ballinger, fundador do app cardiogram, o Apple Watch conseguiram detectar diabetes nos pacientes previamente diagnosticados com a doença com uma taxa de precisão de 85%.
O estudo faz parte de um estudo maior chamado DeepHeart que utilizou dados de 14.000 usuários de Apple Watch e, através dos dados do sensor de freqüência cardíaca do relógio, conseguiu detectar que 462 deles tinham diabetes.
A ideia de usar os dados do Apple Watch para essa missão veio em 2015 quando o Framingham Heart Study mostrou que a freqüência cardíaca em repouso e a variação da freqüência cardíaca podiam prever problemas como diabetes incidente e hipertensão arterial a uma taxa elevada de acertos.
Até então o gadget da Apple já era usado para detectar um ritmo cardíaco anormal com precisão de 97 por cento, apnéia do sono com uma precisão de 90 por cento e hipertensão com uma precisão de 82 por cento quando tinha seus dados cruzados com um algoritmo programado para trabalhar com os dados referentes à pulsação do coração. As descobertas até agora foram publicadas em revistas clínicas, mas Ballinger informou que pretende publicar suas últimas descobertas logo mais, após sua apresentação na conferência AAAI 2018 que ocorre nesta semana.
A notícia veio em uma boa hora já que, segundo o CDC (Center for Disease Control - algo como o SUS americano) daqueles mais de 100 milhões de pessoas com diabetes, a cada 4 portadores, 1 deles nem sabem que possui a doença. Parte do problema é a constante dor e incômodo na verificação dos níveis de glicose no sangue já que, após cada refeição, o paciente deve se autoministrar uma injeção de insulina. Além de combater diretamente a diabetes, a detecção precoce também pode ajudar a reduzir as doenças relacionadas a ela, antesm mesmo de os sintomas aparecerem.
Embora já se tenha diversas outras tentativas de construir um hardware que detecte a glicose de maneira rápida e prática, este é o primeiro estudo em larga escala que mostra que algo tão simples como os sensores de frequência cardíaca de um relógio (desde que trabalhando em conjunto com um algoritmo próprio para isso) podem identificar diabetes sem a necessidade de nenhum outro hardware adicional.
O próximo passo agora, segunfo Ballinger, é tentar ampliar o escopo de doenças detectáveis através de sensores cardíacos, entre elas, possivelmente até mesmo a diabetes gestacional.
Claro que o pessoal do app faz uma ressalva: todos os casos identificados pelo seu aplicativo já eram portadores que sabiam possuir diabetes ou pré-diabetes e que qualquer pessoa que suspeite ter a doença deveria ir ao médico e não confiar apenas em um smartwatch para seu cuidado com a saúde.
A dica é extremamente válida, mas os resultados são promissores. E o melhor de tudo é que nada disso está restrito apenas aos usuários de iOS ou aparelhos da Apple já que os sensores usados nestes devices são os mesmo utilizados em aparelhos Android ou qualquer outro que faça o monitoramento do ritmo cardíaco.
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