Consideremos o exemplo de uma tesoura. Mesmo que nunca tenhamos visto uma anteriormente, é claro o seu limitado número de funções possíveis. Os buracos deixam claro que algo deve ser colocado neles, e a única coisa lógica de se colocar e que pode encaixar são os dedos. Os buracos têm affordances, que possibilitam os dedos serem inseridos. O tamanho dos buracos provêem restrições que limitam quais dedos podem ser usados: o buraco maior sugere diversos dedos e o menor apenas um. O mapeamento entre os buracos e os dedos é então sugerido e restringido pelos buracos. Entretanto, a operação não é limitada à colocação dos dedos corretos. A tesoura irá funcionar com qualquer 26 Design e Avaliação de Interfaces Humano-Computador dedo. Consegue-se entender a tesoura e seu funcionamento porque suas partes são visíveis e as implicações claras. O modelo conceitual é portanto claro, e até óbvio, e existe um efetivo uso de affordances.
Um contra exemplo, é o de um relógio digital simples, com dois ou até quatro botões no mostrador. Para que servem esses botões? Como descobrir se são de puxar e empurrar e não girar? Como acertar a hora, a data? Não existe um relacionamento evidente entre os controles e suas funções, nenhum mapeamento aparente.
Para objetos do dia a dia, modelos conceituais podem ser bastante simples, mas quando consideramos, a complexidade de sistemas computacionais a relevância de um bom modelo é mais que óbvia.
Referência: Capítulo 1 do livro - O QUE É INTERAÇÃO/INTERFACE HUMANOCOMPUTADOR (Norman, 1998)