Se hoje você tem um celular touch screen, ou um computador do tamanho de um caderno, ou uma TV que exibe imagens em 3 dimensões, é porque uma série de profissionais passam os dias literalmente viajando nas idéias para que novos produtos até então inimagináveis ganhem as prateleiras. No mundo dos celulares, esse tipo de pesquisa é bem avançado. Para você ter uma ideia, já tem gente imaginando aparelhos que identificam seus amigos em uma pista de dança utilizando a realidade aumentada, ou que têm projetores embutidos capazes de fazer o papel da TV, na sua sala de estar. Ou uma viagem ainda maior, que transforma este aparelho - que servia apenas para conversar - em uma pulseira ecológica, que tem a bateria recarregada pelo sol e ainda se modifica como um camaleão para combinar melhor com a roupa do dia.


Protótipos como esses são baseados em pesquisas realizadas em diversas partes do mundo. Profissionais entrevistam pessoas de todos os lugares. Perguntam como eles acham que os produtos deveriam ser, que novas funções deveriam trazer. E aí, nessas conversas, alguém pode dizer, por exemplo, que seria muito legal se o celular mudasse automaticamente para o estado silencioso se fosse virado de cabeça pra baixo. Ou, quem sabe, se o telefone tivesse uma tela personalizável, as pessoas não se identificariam melhor com o produto? Estes são apenas dois exemplos do mundo real. São funcionalidades que foram incorporadas a este aparelho celular e que vieram exatamente dessas pesquisas e observações mundo afora. A brasileira Juliana Ferreira faz parte da equipe que estudou e desenvolveu algumas dessas aplicações. Ela é uma designer de interação. A função dela é entender como pessoas usam os produtos e serviços e, a partir daí, sugerir maneiras para que elas os utilizem de forma mais fácil e divertida.

"A gente começa observando tendências. É por isso que a gente utiliza de muitos pesquisadores e antropólogos", disse Juliana Ferreira, designer de interação da Nokia.

Há 7 anos, Juliana mora na Inglaterra e hoje, integra a equipe de desenvolvedores e pesquisadores de uma grande fabricante de celulares. Foi a equipe dela integra que desenvolveu o conceito da tela inicial deste e dos futuros aparelhos a serem lançados pela empresa. Agora, a tendência é personalizar as homes dos telefones.

"A gente vem fazendo isso a mais de dois anos, observando essas pessoas e conversando com elas. E tentando entender quais são as suas motivações para que elas queiram personalizar sua experiência no celular", analisou.

Assim, o homem de negócios interessado em cotações da bolsa pode utilizar o mesmo aparelho do jovem que quer ouvir música, ou ainda do blogueiro que quer escrever o seu post em primeira mão. Os aparelhos são os mesmos, mas com caras completamente diferentes, que refletem os desejos e os interesses do seu dono.

"O mais importante é que, a todo o momento, a gente está envolvendo as pessoas. Por que a tecnologia que a gente quer desenvolver é humana. Aliás a tecnologia não é o centro principal, ela é só um veículo para possibilitar essa experiência única para as pessoas", afirmou a designer.