Venho trazer uma luz a respeito desta substância existente nas plantas mais consumidas na atualidade. Contrariando a crença popular, cada vez mais as pesquisas apontam que o uso moderado e regular de bebidas que contenham cafeína pode ser benéfico à saúde.
Vamos então explorar ao máximo do que se tem na atualidade sobre esta substância que após ser avidamente absorvida pelo trato intestinal entrar na corrente sangüínea, é distribuída a todas as células do organismo, onde penetra livremente. Atravessa ainda a placenta em gestantes e está presente no leite materno em lactantes que fazem uso de bebidas que a contém.
A meia-vida (tempo de ação no organismo) da cafeína apresenta uma grande variação individual, oscilando entre 3 e 7,5 horas em indivíduos normais e alcança concentrações plasmáticas máximas cerca de 1 hora após a ingestão.
Sua ação sobre os sistemas nervoso, cardiovascular e muscular, além de sua ação lipolítica (uso da gordura corporal) e poupadora de carboidratos será colocada no texto a seguir.
CAFEÍNA X DEPENDÊNCIA
Uma das primeiras perguntas que vem a cabeça é: a cafeína causa dependência? Então vamos definir o que vem a ser dependência - segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), "é um estado psíquico, e às vezes físico, causado pela ação recíproca de um organismo vivo e uma substância química, que se caracteriza por modificações no comportamento e por outras reações que compreendem sempre um impulso irresistível para tomar o fármaco (ou tóxico), contínua e periodicamente, de maneira a experimentar seus efeitos psíquicos e, às vezes, para evitar o mal-estar produzido pela privação da substância. Uma mesma pessoa pode ser dependente de uma ou mais substâncias".
Então, conhecendo a definição devemos saber que a cafeína causa um hábito onde é possível a sua parada lenta e gradual, sem qualquer problema. A parada brusca da ingesta de cafeína por uma pessoa acostumada e tolerante a grande quantidades pode causar manifestações tais como dor de cabeça, apatia ou irritabilidade, dificuldade de concentração e ansiedade. A tolerância é um estado de adaptação caracterizado por uma diminuição da resposta e dos efeitos a uma mesma quantidade do fármaco ou tóxico, o que gera a necessidade de uma dose maior para provocar o mesmo grau de efeito.
Onde encontro a cafeína?
A cafeína pode ser encontrada em bebidas, plantas e remédios diversos, coloco aqui a quantidade existente em alguns compostos.
* Níveis de cafeína por volume de 150 ml
Café (280 ml)............................................. 230 mg
Café descafeinado ........................................ 1 - 5 mg
Café preparado por percolação ............................ 40 - 170 mg
Café preparado por gotejamento ........................... 60 - 180 mg
Café solúvel ............................................. 30 - 120 mg
Chá preparado ............................................ 20 - 110 mg
Chá instantâneo .......................................... 25 - 50 mg
Chocolate ................................................ 2 - 20 mg
Coca Cola ................................................ 45 mg
Diet Coke ................................................ 45 mg
Pepsi Cola ............................................... 40 mg
Refrigerantes diversos (cola e graraná - 330ml) .......... 2 - 20 mg
Medicamentos analgésicos, diuréticos ..................... 30 - 200 mg
Remédios para resfriados e alergias ...................... 30 - 100 mg
A cafeína, juntamente com a teofilina e a teobromina, é uma substância química derivada da xantina, que se encontra na natureza nas plantas consumidas pelo homem. Enquanto a teofilina e a teobromina apresentam duas metilas, a cafeína possui três: 1,3,7-trimetil-xantina.
A xantina por sua vez é uma substância química derivada da purina: é uma dioxipurina, estruturalmente relacionada com o ácido úrico. As purinas do organismo são a adenina e a guanina, que juntamente com as pirimidinas (uracil, timina e citosina), formam compostos heterocíclicos que fazem parte dos nucleotídeos, elementos estruturais do ADN e ARN. É possível imaginar-se que a cafeína possa servir como substrato para a formação de um metabólito - as purinas - para a síntese das nucleoproteínas, tendo a cafeína um papel semelhante a uma vitamina. Esta hipótese, caso confirmada, justificaria a predileção da espécie humana por bebidas que contém cafeína, pois estaria ingerindo uma vitamina fundamental para o funcionamento e crescimento celular normal.
EFEITOS DA CAFEÍNA NO NOSSO ORGANISMO
SISTEMA CARDIOVASCULAR
A ingesta de 250 mg de cafeína, equivalente a duas a três xícaras de um café forte, por uma pessoa que não faz uso regular da bebida, causa aumento da freqüência cardíaca (FC), podendo haver palpitações devido a extra-sístoles e aumento da pressão sangüínea arterial. Ao mesmo tempo, a cafeína causa vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo tecidual, incluindo as coronárias e o fluxo sangüíneo coronariano. Os vasos sangüíneos cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição do calibre, com aumento de sua resistência à passagem do sangue. Essa propriedade de contrair os vasos cerebrais justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína.
O uso regular da bebida, por um período curto de dois a quatro dias, já muda a resposta do organismo aos efeitos da cafeína. Desenvolve-se uma tolerância, e o uso prolongado não causa mais qualquer tipo de alteração na pressão sanguínea, FC, níveis de renina o adrenalina ou fluxo de sangue nos tecidos.
Então, pessoas portadoras de hipertensão arterial, ou que estejam em tratamento devido a cardiopatia isquêmica com crises de angina, devem Ter cautela na ingesta de altas doses de cafeína, pois a taquicardia que uma dose aguda causa pode ser prejudicial para esse grupo de pacientes.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
A cafeína possui dois efeitos importantes no sistema respiratório: estimula os neurônios do centro respiratório, aumentando, embora discretamente, a freqüência e a intensidade da respiração, e possui um poderoso efeito broncodilatador. Essas propriedades evidenciam a utilidade do consumo regular de bebidas que contém cafeína, particularmente o café, por pacientes asmáticos.
SISTEMA GENITOURINÁRIO
A ingesta aguda de cafeína produz um moderado aumento no volume de urina e na excreção urinária de sódio no ser humano, atuando nos túbulos renais, onde causa uma diminuição da reabsorção de sódio e água.
É possível imaginar a utilidade da cafeína para se obter uma diurese (aumento da excreção urinária) no organismo humano de forma transitória, como no período pré-menstrual, ou mesmo em situações onde ocorre retenção lenta e gradativa de líquidos, como a insuficiência cardíaca discreta e moderada. Esta hipótese precisa ser confirmada através de pesquisas clínicas.
SISTEMA NERVOSO CENTRAL ( SNC )
Todos os nossos órgão estão sob o comando do SNC e a cafeína é um poderoso estimulante do mesmo. A quantidade de 250 mg de cafeína, o conteúdo de duas a três xícaras de um café forte estimula a vigília, bem como os reflexos mais simples, enquanto que tarefas que envolvam uma coordenação motora mais delicada podem permanecer inalteradas ou serem levemente prejudicadas. É possível detectar-se o efeito estimulante da cafeína através de eletroencefalograma.
Estudos recentes descobriram que a cafeína age diretamente em células ligadas ao estado de ânimo das pessoas. Quando um indivíduo fica aborrecido, algumas substâncias químicas neurotransmissoras, como a adenosina, são liberadas e estimulam receptores das células do humor. A cafeína bloqueia estes receptores no cérebro, impedindo-as de agir, deixando a pessoa bem-humorada.
Grandes doses de cafeína produzem ansiedade e sintomas idênticos aos de uma neurose de ansiedade, incluindo insônia, cefaléia, irritabilidade, tremores, náuseas e diarréia. Pessoas com alterações psiquiátricas tipo reações de pânico, esquizofrenia e sintomas maníaco-depressivos são mais sensíveis aos efeitos da cafeína.
Existe entretanto uma grande variação individual na resposta do sistema nervoso central aos efeitos da cafeína. Pessoas que tomam café ocasionalmente podem apresentar efeitos diferentes daquelas que o tomam diariamente.
SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
Em pesquisas com seres humanos, é possível observar que a cafeína aumenta a força desenvolvida por grupos musculares após a estimulação nervosa. Esta maior capacidade de contratilidade muscular parece ser devido ao aumento da quantidade de cálcio disponível para o processo contrátil na fibra muscular.
SISTEMA DIGESTIVO
A cafeína estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg (duas xícaras de café forte). Logo, em pacientes com úlcera péptica, não apenas a cafeína, mas todo e qualquer tipo de bebida oriunda destes grãos (cola, coffea arábica, etc.) devem ser evitados. Deve ser enfatizado entretanto, que esta associação direta entre a ingesta de bebidas com ou sem cafeína e um possível maior risco de úlcera péptica ainda não foi difinitivamente investigada e esclarecida, através de pesquisas clínicas convincentes.
EFEITOS COLATERAIS E INTOXICAÇÃO
Há poucos casos de intoxicação retratados pela cafeína. As principais manifestações ocorrem no sistema nervoso central e cardiovascular. Insônia, agitação e hiperexcitabilidade são manifestações iniciais.
Na hipersensibilidade à cafeína a pessoa sente-se inquieta, agitada, com um distreto mal-estar e ansiedade. A seguir ocorrem taquicardia, sensação de zumbido no ouvido e distúrbios visuais parecendo faíscas no ar. A musculatura torna-se tensa e trêmula, podem ocorrer palpitações, devido ao surgimento de extra sístoles (coração).
É possível afirmar que o uso de doses moderadas e regulares de café na gestação não traz qualquer tipo de prejuízo para a saúde da mãe ou do feto.
O papel da cafeína na produção de arritmias cardíacas e úlcera gástrica ou duodenal permanece incerto, necessitando de maiores investigações; já existem algumas evidências médicas de que a cafeína não causa problemas para pacientes com doenças cardíacas.
CAFEÍNA NO EXERCÍCIO
O Comitê Olímpico Internacional (COI) proíbe altas doses de cafeína no organismo. Atletas olímpicos com mais de 12mg de cafeína por mililitro de urina podem ser desqualificados da competição. Isto equivaleria a: 4 canecas de 280ml de café; 16 colas; 25 Anacim; 4 vivarin... isto é, altíssimas doses.
A cafeína ingerida antes do exercício tem um efeito diurético, principalmente se a pessoa está desacostumada a beber café mas pesquisas recentes mostram que quando ingerida durante o exercício, ao invés de antes, não promove maior perda de urina.
Corredores que tiveram a cafeína equivalente a 2 xícaras de café (330 mg cafeína) uma hora antes de um trabalho exaustivo correram 15 minutos mais do que quando eles se exercitaram até o esgotamento sem a cafeína. (Costill, Dalsky e Fink, 1978). Em um estudo mais recente, ciclistas que usaram 2,5 gramas de cafeína por quilo de peso corporal, exercitaram-se 29% mais em ciclismo de alta intensidade (Trice & Haymes, 1995).
Pesquisas não mostram, entretanto, qualquer efeito da cafeína sobre a força muscular máxima durante contrações musculares voluntárias como quanto estimuladas eletricamente. Mas em esforços submáximos de força, parece a cafeína poder retardar a fadiga ( talvez pela influência sobre a sensibilidade das miofibrilas ao íon cálcio ).
CURIOSIDADES
Evidências recentes das propriedades broncodilatadoras da cafeína, é tentador formular-se a hipótese de que seja possível o uso de um xarope de cafeína para o tratamento de asmáticos ou mesmo o desenvolvimento de bebidas cujo uso crônico, com um teor adequado de cafeína, possa prevenir a obstrução crônica ao fluxo aéreo observada nos fumantes inveterados.
Fonte: www.fitfazio.hpg.com.br
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