Para as pequenas empresas, esse investimento é dificultado devido ao alto valor das certificações. Graças à iniciativa de entidades privadas, centros de estudos e governo brasileiro existem a possibilidade de melhorarmos os processos de software no Brasil, tendo como foco pequenas e médias empresas.

O Projeto mps BR - Melhoria de Processo do Software Brasileiro, projeto coordenado pela SOFTEX é apontado como solução para tornar o software brasileiro um produto de exportação competitivo geração de negócios no Brasil e no exterior, visando aumentar a competitividade da indústria brasileira de software.

O Projeto mps BR

Iniciado em 2003, a partir de dezembro, conta com a participação de sete instituições brasileiras: a SOFTEX, coordenadora do projeto; três instituições de ensino, pesquisa e centros tecnológicos (COPPE / UFRJ, CESAR, CenPRA); uma sociedade de economia mista, a companhia de Informática do Paraná (CELEPAR), hospedeira do Subcomitê de Software da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); e duas organizações não governamentais integrantes do Programa SOFTEX (Sociedade Núcleo de Apoio à Produção e Exportação de Software do Rio de Janeiro - RIOSOFT e Sociedade Núcleo SOFTEX 2000 de Campinas). A Universidade Católica de Brasília também faz arte do projeto.

O MPS. Br serve como um selo que indica o nível de maturidade da empresa em relação às práticas relacionadas ao desenvolvimento de software. Esse selo possui níveis. Cada nível tem diversas práticas associadas. Uma empresa que possui o "selo" MPS. Br utiliza essas boas práticas e, teoricamente, tem bastantes condições de desenvolver software com qualidade e com custos e prazos dentro do estimado. MPS. Br é um movimento importante por que pode ajudar a melhoria dos processos para as organizações. Além disso, ele já está sendo exigido em algumas licitações. Assim, somente empresas certificadas podem participar de alguns processos licitatórios.

Descrição geral do MPS.BR

Uma das metas do MPS-BR visa definir e aprimorar um modelo de melhoria e avaliação de processo de software, visando preferencialmente as micro, pequenas e médias empresas, de forma a atender as suas necessidades de negócio e ser reconhecido nacional e internacionalmente como um modelo aplicável à indústria de software. O MPS-BR também estabelece um processo e um método de avaliação, o qual dá sustentação e garante que o MPS-BR está sendo empregado de forma coerente com as suas definições.

A base técnica para a construção e aprimoramento deste modelo de melhoria e avaliação de processo de software é composta pelas normas NBR ISO/IEC 12207 - Processo de Ciclo de Vida de Software, pelas emendas 1 e 2 da norma internacional ISO/IEC 12207 e pela ISO/IEC 15504 - Avaliação de
Processo, portanto, o modelo está em conformidade com essas normas.

O programa mobilizador MPS.BR está dividido em três (3) componentes:

  • Modelo de Referência (MR-MPS);
  • Método de Avaliação (MA-MPS);
  • Modelo de Negócio (MN-MPS).

MR-MPS (Modelo de referência para melhoria do processo de software)

O Modelo de Referência MR-MPS define níveis de maturidade que são uma combinação entre processos e sua capacidade. Isso permite avaliar e atribuir graus de efetividade na execução dos processos. As atividades e tarefas necessárias para atender ao propósito e aos resultados.

Níveis de maturidade

Os níveis de maturidade estabelecem patamares de evolução de processos, caracterizando estágios de melhoria da implementação de processos na organização. O nível de maturidade em que se encontra uma organização permite prever o seu desempenho futuro ao executar um ou mais processos. O MR-MPS define sete níveis de maturidade:

  • A (Em Otimização);
  • B (Gerenciado Quantitativamente);
  • C (Definido);
  • D (Largamente Definido);
  • E (Parcialmente Definido);
  • F (Gerenciado);
  • G (Parcialmente Gerenciado).


Figura 3- representação dos níveis do MPS.br


A escala de maturidade se inicia no nível G e progride até o nível A. Para cada um destes sete níveis de maturidade é atribuído um perfil de processos que indicam onde a organização deve colocar o esforço de melhoria. O progresso e o alcance de um determinado nível de maturidade MPS se obtêm, quando são atendidos os propósitos e todos os resultados esperados dos respectivos processos e dos atributos de processo estabelecidos para aquele nível.

A divisão em estágios, embora baseada nos níveis de maturidade do CMMISE/SWSM tem uma graduação diferente, com o objetivo de possibilitar uma implementação e avaliação mais adequada às micros, pequenas e médias empresas. A possibilidade de se realizar avaliações considerando mais níveis também permite uma visibilidade dos resultados de melhoria de processos em prazos mais curtos.



Figura 4- Comparação entre os níveis do CMMI e os do MPS.br

Processos

Cada nível de maturidade possui suas áreas de processo, onde são analisados os processos fundamentais (aquisição, gerência de requisitos, desenvolvimento de requisitos, solução técnica, integração do produto, instalação do produto, liberação do produto), processos organizacionais (gerência de projeto, adaptação do processo para gerência de projeto, análise de decisão e resolução, gerência de riscos, avaliação e melhoria do processo organizacional, definição do processo organizacional, desempenho do processo organizacional, gerência quantitativa do projeto, análise e resolução de causas, inovação e implantação na organização) e os processos de apoio (garantia de qualidade, gerência de configuração, validação, medição, verificação, treinamento).

Capacidade do Processo

A capacidade do processo é representada por um conjunto de atributos de processo descrito em termos de resultados esperados. A capacidade do processo expressa o grau de refinamento e institucionalização com que o processo é executado na organização. No MPS, à medida que a organização evolui nos níveis de maturidade, um maior nível de capacidade para desempenhar o processo deve ser atingido pela organização.

O atendimento aos atributos do processo (AP), através do atendimento aos resultados esperados dos atributos do processo (RAP) é requerido para todos os processos no nível correspondente ao nível de maturidade, embora eles não sejam detalhados dentro de cada processo. Os níveis são acumulativos, ou seja, se a organização está no nível F, esta possui o nível de capacidade do nível F que inclui os atributos de processo dos níveis G e F para todos os processos relacionados no nível de maturidade F (que também inclui os processos de nível G).

A capacidade do processo no MPS possui cinco (5) atributos de processos (AP) que são:

  • AP 1.1 - O processo é executado;
  • AP 1.2 - O processo é gerenciado;
  • AP 2.2 - Os produtos de trabalho do processo são gerenciados;
  • AP 3.1 - O processo é definido;
  • AP 3.2 - O processo está implementado.

MA-MPS - Método de avaliação para melhoria do processo de software

É composto basicamente pelo processo de avaliação MPS, método de avaliação MPS e características da qualificação dos avaliadores. Este método permite a realização de avaliações segundo o Modelo MPS.

O MA-MPS foi definido em conformidade com os requisitos para modelos de referência de processo e métodos de avaliação de processos estabelecidos na norma ISO/IEC 15504-2 e atende aos requisitos específicos do Programa MPS.BR. Desta forma, o método está em conformidade com a ISO/IEC 15504 e é compatível com o método SCAMPI [1] para avaliação segundo o modelo CMMI, também definido com base na ISO/IEC 15504.

O processo de avaliação é composto por quatro subprocessos:

  • Contratar a avaliação;
  • Preparar a realização da avaliação;
  • Realizar a avaliação;
  • Documentar os resultados da avaliação.

MN-MPS - Modelo de negócio para melhoria do processo de software

Instituições que se propõem a implantar os processos MPS.Br (Instituições Implementadoras) podem se credenciar através de um documento onde é apresentada a instituição proponente, contendo seus dados com ênfase na experiência em processos de software, estratégia de implementação do modelo, estratégia para seleção e treinamento de consultores para implementação do MR.MPS, estratégia para seleção e treinamento de avaliadores, lista de consultores de implementação treinados no modelo e aprovados em prova específica, lista de avaliadores treinados no modelo e aprovados em prova específica.

Processo de Garantia da Qualidade - GQA

O propósito do processo de garantia da qualidade é assegurar que os produtos de trabalho e a execução dos processos estejam em conformidade com os planos, procedimentos e padrões estabelecidos.(MPS.BR - Guia Geral, Setembro 2009, p.31)

Este processo está dividido em outros 4 procedimentos a serem executados, que são descritos abaixo cada, em paralelo foi sugerido através da metodologia ágil Scrum como podemos implementar tais processos.

GQA 1. A aderência dos produtos de trabalho aos padrões, procedimentos e requisitos aplicáveis é avaliada objetivamente, antes dos produtos serem entregues e em marcos predefinidos ao longo do ciclo de vida do projeto;
Ideias sobre evidências: Relatórios de auditorias de GQA executadas, segundo plano de GQA em pontos do ciclo de vida do projeto. Por exemplo, auditoria de GQA no final do Pregame, durante os sprints do Development(presprint, sprint e postsprint) e durante o postgame . Os relatórios conterão resultados das auditorias de produtos de trabalho, realizados através de check-lists.

GQA 2. A aderência dos processos executados às descrições de processo, padrões e procedimentos é avaliada objetivamente;
Ideias sobre evidências: Relatórios de auditoria de GQA executado, segundo plano de GQA em pontos do ciclo de vida do projeto. Por exemplo, auditoria de GQA no final do Pregame, durante os sprints do Development(presprint, sprint e postsprint) e durante o postgame. Os relatórios conterão resultados de auditoria de processos, realizados através de check-lists. A mesma instância de auditoria avaliará tanto produto quanto processo.

GQA 3. Os problemas e as não-conformidades são identificados, registrados e comunicados;
Ideias sobre evidências: Os problemas detectados durante a auditoria(NC-Não conformidades), serão registrados numa ferramenta de issue-tracker, por exemplo, que deverá permitir o acompanhamento até a sua resolução. Um dos pontos que poderá ser adotado no Scrum, o que potencializará a conscientização sobre erros e, principalmente, como evitá-los, será a discussão dessas NC dentro das reuniões da equipe(daily scrum ou sprint review), por exemplo.

GQA 4. Ações corretivas para as não-conformidades são estabelecidas e acompanhadas até as suas efetivas conclusões. Quando necessário, o escalamento das ações corretivas para níveis superiores é realizado, de forma a garantir sua solução;
Ideias sobre evidências: O foco aqui é o acompanhamento da NC até a sua conclusão e a possibilidade de escalonamento, em caso de impasses na resolução. Esse ponto tem uma componente cultural relativo ao fato dos colaboradores serem " observados" por alguém de fora do "team" e auditado nos seus erros. A filosofia dos métodos ágeis, por conterem traços de comportamento mais libertos e de auto-gestão, talvez até facilite esse aspecto.

Conclusão

Foi descrito resumidamente o Modelo MPS . Este programa mobilizador vem alcançando excelentes resultados no Brasil. O Programa MPS.BR é um grande empreendimento no setor de software brasileiro, com forte interação Universidade-Empresa-Governo, trata-se de um grande esforço de capacitação nacional, de pessoas, instituições e organizações interessadas, para melhorar continuamente a qualidade de software no país. Qualidade esta que é um diferencial competitivo em relação a outros desenvolvedores de software. Empresas de software que se diferenciam das demais focam a qualidade para entregar um produto que atenda as necessidades dos clientes e que consigam demonstrar uma experiência na utilização que seja extremamente agradável. Por isso é tão importante dar atenção nesta parte da metodologia.

Referências

 "MPS.br" SOFTEX, MPS.BR - Guia Geral, versão 1.1,mai. 2006. Disponível em: . Acesso em 3 julho. 2011

Disponível em http://www.techoje.com.br

Disponível em http://homepages.dcc.ufmg.br

Disponível em http://tisimples.wordpress.com

Disponível em http://www.devmedia.com.br

Disponível em http://longhigh.wordpress.com

Autor:

Artur Rafael da Silveira
Formado em Sistemas de Informação, adora programação para Web, e estudioso de processos de qualidade de software e gerencia de sotware