Muitos serviços de streaming de música passaram a oferecer a transmissão sem perdas, mais conhecida como "Lossless", "Hi-Res" ou "Hi-Fi". Embora estes termos não signifiquem a mesma coisa, como falo neste artigo sobre o que é "Hi-Res", muitos acreditam que há um grande benefício ao assinar qualquer streaming com músicas Lossless. Entretanto, isso nem sempre faz sentido, como você poderá ver abaixo.
Por que nem sempre os serviços de streaming "Lossless" ou "Hi-Res" fazem sentido?
Muitos relacionam a utilização de formatos lossy (com perdas) e lossless (sem perdas) com a qualidade obtida nos serviços de streaming de música. Entretanto, o fornecimento de um bitrate (fluxo de dados) alto na plataforma de streaming não significa que você irá obter algum benefício sobre isso. Você pode pensar que isso esteja relacionado ao fato de que na prática é extremamente difícil distinguir um arquivo em MP3 ou OGG/Vorbis (utilizado no Spotify) com bitrate de 320 kbps de um arquivo em FLAC (1411 kbps), que é um formato sem perdas (lossless), mas na realidade o motivo de realmente haver diferenças entre um serviço de streaming e outro não é este.
O bitrate e as diferentes masterizações de um mesmo álbum
Não é incomum você encontrar um mesmo álbum que não soa igual ao reproduzi-lo em diferentes serviços de streaming de música. Embora a causa disso possa ser variada, normalmente um bitrate muito baixo como, por exemplo, 96 kbps, pode prejudicar consideravelmente a qualidade da reprodução das faixas. Isso é comum de acontecer no YouTube Music, pois lá existem arquivos que foram adicionados à biblioteca da plataforma por usuários do YouTube.
Outro grande problema que pode causar diferenças na qualidade das músicas de um álbum em plataformas de streaming distintas é a masterização. Um mesmo álbum pode contar com várias versões com diferentes masterizações. É possível conferir isso através do site "Dynamic Range DB" pesquisando por algum título.
Os recursos necessários para se obter uma transmissão sem interferências
Mesmo que um serviço de streaming prometa a transmissão de músicas sem perdas (lossless), infelizmente não é garantido que você irá obter uma boa qualidade de áudio devido à falta de recursos. É necessário ter algumas funcionalidades para quem não haja alterações/influências do sistema operacional durante a reprodução das faixas.
Em smartphones Android, temos o problema de alteração de todo o áudio para uma taxa de amostragem de 48 KHz na saída USB ou na saída para fones de ouvido. Para impedir que a API de áudio do Android faça isso, o aplicativo de streaming deverá contar com recursos que permitam a utilização do áudio de forma exclusiva, sem a interferência de outros apps ou do sistema operacional. Atualmente, o único aplicativo de streaming que faz isso nativamente é o Tidal.
No caso do aplicativo Qobuz para Android, para evitar as influências citadas acima, é necessário utilizar apps de terceiros como, por exemplo, o USB Audio Player Pro (UAPP). Confira o nosso tutorial com o passo a passo para configurá-lo corretamente.
Ao utilizar um celular com iOS (iPhone) ou um tablet com iPadOS (iPad), não há problemas de alteração na taxa de amostragem. Entretanto, como não existe mais a saída para fones de ouvido no iPhone, é necessário utilizar o "Adaptador de câmera Lightning para USB" para ligar um DAC/amp USB externo. Já no caso do iPad, basta utilizar um cabo OTG com conector USB-C para ligá-lo a um DAC externo.
Indo para PCs Windows, o recurso necessário para não haver a influência do sistema operacional e programas no áudio do app de streaming é o suporte aos drivers de áudio WASAPI e/ou ASIO. Atualmente, os aplicativos Tidal, Qobuz e Amazon Music possuem essa funcionalidade.
A utilização de fones de ouvido Bluetooth
Devido à necessidade de latência baixa e estabilidade do sinal, a tecnologia de transmissão de dados de áudio sem fio via Bluetooth sofre com uma grande limitação no fluxo de dados. Como a compressão (codificação) e descompressão (decodificação) de dados tem de ser rápida, ocorre uma degradação do sinal de áudio. Ou seja, caso você queira obter a melhor qualidade de áudio possível, é necessário que haja a utilização de fones de ouvido cabeados.
E o DAC/amp com Bluetooth, também sofre do mesmo mal dos fones Bluetooth?
Sim, o DAC/amp com Bluetooth utiliza o mesmo mecanismo de recepção de sinal digital via Bluetooth que um fone de ouvido Bluetooth. Consequentemente, os dados dos arquivos de músicas sofrem compressão e descompressão da mesma maneira, gerando a degradação da qualidade de áudio.
DAPs (Digital Audio Player) com Android: uma exceção à regra
Felizmente, no caso dos DAPs (Digital Audio Player) com Android, é possível contornar o problema advindo da API de áudio do sistema operacional para smartphones do Google. As fabricantes dos players realizam modificações no Android para evitar que ocorram interferências do sistema operacional e de aplicativos instalados durante a reprodução das músicas. Isso funciona perfeitamente ao plugar o fone de ouvido cabeado diretamente no DAP, mas ao conectá-lo via USB a um DAC ou DAC/amp, essa vantagem desaparece e é necessário se atentar às restrições citadas no artigo sobre a transmissão sem perdas em serviços de streaming que declaram ser lossless.
Não se esqueça de configurar corretamente o seu aplicativo de streaming de música
Para fechar e não haver problemas, é de extrema importância saber como configurar corretamente cada aplicativo de streaming de música. Confira abaixo os artigos com o passo a passo ensinando como fazer isso.
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- Como ouvir músicas com o MÁXIMO de qualidade no Deezer?
- Como ouvir músicas com o MÁXIMO de qualidade no Amazon Music?
- Como ouvir músicas com o MÁXIMO de qualidade no Spotify?
- Como ouvir músicas com o MÁXIMO de qualidade no YouTube Music?
- Como ouvir músicas com o MÁXIMO de qualidade na Qobuz?
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