A OpenAI — criadora do ChatGPT — deixou claro que entraria na disputa para comprar o navegador Chrome, caso a Justiça americana decida forçar o Google a se desfazer da plataforma. A declaração veio durante um processo histórico contra o Google que pretende acabar com o monopólio da empresa, seja tirando o Chrome, o sistema Android ou desfazendo os contratos com grandes empresas de smartphones.

OpenAI vai tranformar o navegador em ChromeGPT?

Nick Turley, chefe de produto da OpenAI para o ChatGPT. Imagem: Arquivo
Nick Turley, chefe de produto da OpenAI para o ChatGPT. Imagem: Arquivo

Durante uma audiência judicial nesta semana, Nick Turley, que comanda o ChatGPT na OpenAI, foi direto ao ponto: "Sim, estaríamos interessados, assim como muitas outras empresas."

O Departamento de Justiça dos EUA acusa a big tech de monopolizar o mercado de buscas e propõe medidas drásticas, como a venda do navegador Chrome — o mais usado do mundo.

Segundo Turley, a ideia de integrar o ChatGPT diretamente ao Chrome não é apenas viável — é desejada. "Poderíamos oferecer uma experiência incrível, verdadeiramente centrada em inteligência artificial", disse o executivo, reforçando que a OpenAI tem um grande desafio atualmente: distribuição.

Mesmo com mais de 400 milhões de usuários semanais e parcerias como a integração com iPhones da Apple, a empresa ainda esbarra na dominância do Google e da Samsung no universo Android. Turley revelou que tentou negociar com fabricantes de celulares, mas esbarrou na grana pesada que o Google investe nessas parcerias.

Aliás, o próprio Google admitiu que passou a pagar à Samsung para pré-instalar o Gemini — seu app de IA — nos celulares, o que deixa a concorrência em desvantagem.

O que está em jogo?

O julgamento segue até agosto, e o juiz Amit Mehta vai decidir o que exatamente o Google terá que mudar. Entre as propostas do governo estão:

  • a venda do Chrome
  • o fim de contratos exclusivos com fabricantes de celular
  • o licenciamento obrigatório de dados de busca para concorrentes

Se o juiz aceitar essas mudanças, será a primeira vez desde os anos 80 que uma gigante americana da tecnologia é forçada a se dividir — algo que só aconteceu, até hoje, com a AT&T.

O Google, claro, se defende: diz que essas ações podem piorar produtos que milhões de pessoas usam todo dia e prejudicar a liderança dos EUA em inovação.

Mas uma coisa é certa: a disputa está longe de terminar. E se o Chrome for colocado à venda, a OpenAI já avisou — ela quer o jogo.

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