Todo mundo gosta de uma boa conspiração (menos a Terra Plana) e não é de hoje que elas estão aí pra alegrar nosso dia e fazer a gente acreditar que vivemos em mundo bem mais legal do que ele realmente é.
Porém, pode acontecer de, às vezes, o tempo mostrar que algumas teorias não eram somente invenção (menos a da Terra plana, essa não tem a menor chance) e que, onde havia fumaça, também havia fogo (diferentemente da Terra Plana, logicamente).
Longe de mim fazer um post que dê ênfase a besteiras como "as vacinas causam autismo", "a mudança climática feita pelo homem não é real", "Nibiru vai se chocar com a Terra", "Stephen Hawking é um impostor", e claro, a pior de todas e que eu ainda não citei: "a Terra é plana". O que quero mostrar aqui é que a vida real pode ser tão bizarra quanto a ficção em alguns casos.
De programas de pesquisa cabulosos a fatos relacionados à saúde encobertos pelo governo, aqui estão oito exemplos que soam tão inacreditáveis que poderiam ter saído da imaginação de algum conspiracionista.
O governo dos Estados Unidos envenenou bebidas alcoólicas de propósito
Assim como o Brasil, os EUA é uma nação com raízes religiosas bem profundas. No caso deles, protestantes, o álcool não é uma coisa muito bem vista (ou não era há 100 anos atrás) quando os políticos acharam que o povo estava bebendo demais e resolveram introduzir a famosa "Proibição" em 1920.
Como se sabe, nem de longe deu certo e a única coisa que aconteceu foi o aumento da pirataria e do crime organizado (a produção ilegal e a distribuição de bebida foi a fortuna de Al Capone entre outros mafiosos da época). Ao ver que isso não estava dando certo, ou para agilizar ainda mais o "desmame" dos americanos, o governo teve uma ideia não muito convencional: envenenar colocar um negocinho no suprimento de bebidas ilegais que eles sabiam que estava circulando livremente pelas ruas.
E não eram coisinhas tipo laxante, como acontece no American Pie's e outros filmes de universitários retardados, mas sim toxinas como benzeno e mercúrio, que passaram a ser adicionadas sorrateiramente ao álcool. O mais letal, no entanto, era o metanol, também conhecido como álcool de madeira, uma substância normalmente encontrada em produtos industriais como combustível e formaldeído. Beber isso pode causar paralisia, cegueira e até mesmo a morte. No total, estima-se que cerca de 10 mil pessoas morreram como resultado da cruzada moral do governo.
Mas como o pessoal gostava mesmo de um trago naquela época, nem o envenenamento e algumas mortes eventuais foram suficientes para diminuir a sede do pessoal, o que não deixou ao governo outra opção senão interromper a medida após ver que a ideia só estava piorando as coisas.
A proibição oficial contra o álcool terminou em 1933, mas o governo americano ainda usaria a tática de colocar coisas na substância alheia nos anos 70 para lutar contra a mortal maconha.
O governo dos EUA realmente investigou OVNIs
E quando se fala em conspiração não se pode esquecer da área 51, um dos locais preferidos dos conspiracionistas e casa de um dos temas mais recorrentes também: Extraterrestres. A base militar secreta é o ponto de partida para muitas das histórias envolvendo o governo dos Estados Unidos, mentiras que são acobertadas, contatos com aliens mantidos sob sigilo, experimentos de dissecação, tecnologias dadas por eles e que ainda não nos foram reveladas, entre muitas outras coisas.
Estranho? Sim. Verdade? Provavelmente não. Porém, no ano passado vimos uma das teorias conspiracionistas mais clássicas se tornando realidade (ou ao menos em partes).
A credibilidade da revelação fica por conta do jornal The New York Times que foi o primeiro a publicar os documentos do Pentágono sobre as investigações acerca das ameaças aeroespaciais anômalas, o que no bom português a gente chama de OVNIs mesmo.
Embora não envolva a Área 51 e também não date dos tempos da 2ª Guerra Mundial, a revelação é, no mínimo, interessante. Segundo os documentos o Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais recebeu, entre 2008 e 2011, cerca de US$ 22 milhões - o que se sabe que não é uma graaaaande fatia do orçamento anual de mais de 600 bilhões do Departamento de Defesa, mas ainda assim mostra que houve o interesse em ir atrás de "algo".
A maioria da grana foi para a Bigelow Aerospace, uma startup de tecnologia espacial baseada de Las Vegas e de propriedade do bilionário - e excêntrico - Bob Bigelow. A empresa reformou edifícios em Vegas somente para armazenar objetos que foram "recuperados" dos ets. Enquanto isso, pesquisadores realizavam todos os testes possíveis em civis e militares que alegavam ter visto e interagido com misteriosos fenômenos aéreos para tentar encontrar algum sinal de mudança fisiológica.
Nas informações vazadas rolou até um vídeo de um "encontro" de um caça americano e "alguma coisa". Você confere clicando no play abaixo onde se vê, inclusive, o piloto dizendo: "há toda uma frota deles".
Ele disse ao The New York Times que o programa já não recebe mais financiamento do Pentágono, mas a equipe continua a investigar os relatórios dos OVNI em conjunto com os outros deveres de seus departamentos.
Água está mudando o DNA dos animais
Quem é fã das teorias conspiratórias iria adorar morar nos EUA, pois lá isso é o que não falta. O país conta até com o seu próprio Sílvio Santos das teorias da conspiração: Alex Jones, apresentador de rádio, de extrema-direita e conspiracionista no site Infowars (mesmo nome do programa de rádio).
Nas suas mídias ele já disse muuuita besteira coisa, errando em 99% das vezes, é claro. Porém, certa vez ele popularizou a ideia de que produtos químicos estão sendo colocados na água e fazendo com que os sapos resolvam trocar de sexo. Parece tão incabível quanto qualquer outra teoria maluca, concorda? Mas parece que dessa vez ele acertou um pouco. Não sei como, mas acertou.
Embora não haja nenhuma evidência que sustente a ideia de que o governo esteja fazendo isso de propósito, alguns estudos mostram que os produtos químicos produzidos pelo homem têm efeito sim sobre o sexo dos sapos seja através dos produtos usados por nós e depois descartados na água seja por resíduos industriais.
Um destes estudos é de 2010, da Universidade da Califórnia, Berkeley, que descobriu que até 1 em cada 10 rãs machos expostas à atrazina, um pesticida comum, experimenta um desequilíbrio hormonal que efetivamente os torna mais femininos do que masculinos durante a vida. Após o contato com o químico os sapos passam a produzir estrogênio, demonstrar interesses por sapos do mesmo sexo e até mesmo desenvolver ovos nos seus testículos (ovos nos testículos significa ovos que tem mais sapinhos dentro. Ovos de reprodução, você entendeu).
Mais recentemente, estudos mostraram que produtos químicos encontrados em lagos subterrâneos e até os sais usados pra derreter o gelo das estradas em dias de muita neve podem causar o mesmo efeito na condição sexual dos bichineos.
Embora o papel dos produtos químicos artificiais no ambiente possa ser problemático do ponto de vista reprodutivo, não há nada de novidade em relação a animais que mudam de sexo no mundo animal. Camarões, Peixes-Palhaço, corais e sapos têm esse traço como uma capacidade evolutiva natural de suas espécies.
E antes que novas teorias se aproveitem disso para falar que o mesmo está ocorrendo com humanos, que a água está contaminada e nos afetando ou ainda que o governo dos EUA está tentando influenciar na sexualidade das crianças através caixas de suco, adianto: Mentira das grandes. Achou exagero o exemplo da caixinha de suco? Pois esta é uma das afirmações de Alex Jones, o Sílvio Santos da conspiração.
CIA e seus testes de controle mental
E numa lista de teorias conspiratórias que se preze não poderia faltar algo sobre a CIA, a agência de inteligência dos EUA. É de lá que vem uma enxurrada de teorias sendo ao menos 1 delas confirmadas. A CIA, aliás, junto da NASA, talvez sejam os órgãos governamentais que mais parecem estar nos escondendo a verdade.
Na história da vez, que deixou de ser conspiratória e passou a ser fato após documentos dos anos 70 confirmarem as suspeitas, o serviço secreto americano realmente estava tentando obter o controle das mentes adversárias não importando qual fosse o meio para isso: tortura psicológica, radiação, drogas sintéticas ou até mesmo terapia de choque elétrico. O codinome usado para a bandidagem era Projeto MK-ULTRA.
Mais de 150 experiências com humanos ocorreram entre 1953 e 1964, auge da Guerra Fria, muitas das quais envolvendo a administração de medicamentos a cidadãos dos EUA sem o seu conhecimento, consentimento ou supervisão médica. O objetivo da pesquisa era desenvolver técnicas e substâncias para usar contra a União Soviética e seus aliados (se você já viu os filmes do agente Bourne é só pensar no soro da verdade).
Mas as coisas podem ser ainda mais sinistras. Isso porque o diretor da CIA, Richard Helms, ordenou a destruição de todos os registros relacionados ao MK-ULTRA em 1973, o que significa que há poucas evidências das atividades realizadas sejam lá elas quais forem. Hoje se sabe que a pesquisa foi a responsável por pelo menos uma hospitalização e duas mortes, mas a conta verdadeira pode ser muito maior.
Este projeto rendeu, inclusive, alguns filmes de Hollywood, como Os Homens que Encaravam Cabras ou referências em Stranger Things (lembra dos testes realizados com a Eleven?).
Estados Unidos empregaram cientistas nazistas depois da guerra
E por falar em teorias conspiratórias que viraram filme, aqui vai mais uma. Neste caso não está bem claro se a vida imitou a arte ou se foi ao contrário, mas o que dá para afirmar é que a teoria conspiratória de que havia ex-nazistas infiltrados no alto escalão do governo americano se mostrou verdadeira.
No filme Doctor Strangelove, indicado a diversos Oscar, um ex-cientista nazista passa a trabalhar como conselheiro científico do presidente americano, a quem ele chama repetidamente de "Mein Fuhrer".
Mais conspiracionista do que 1 nazista infiltrado no governo Aliado só 1600 cientistas alemães nazistas trabalhando desenvolvendo armamentos nucleares dentro dos EUA. Pois foi isso o que aconteceu: Mais de uma milha e meia de Nazistas foram recebidos nos Estados Unidos para morar, trabalhar e impulsionar a modernização científica do país enquanto eles ainda curtiam o American Way of Life.
O programa oficial do governo, chamado Operation Paperclip, foi exposto em meios de comunicação como o The New York Times, já em 1946 e mostrou que enquanto alguns desses cientistas estiveram envolvidos no já citado Projeto MK-ULTRA, onde os cientistas do Terceiro Reich ensinavam aos americanos a criar poderosos LSDs que iriam então dopar os soviéticos, outros, como o famoso Von Braun, foi colocado no cargo de diretor da Divisão de Operações de Desenvolvimento da Agência de Mísseis Balísticos do Exército.
Von Braun havia sido um líder entre os cientistas nazistas e principal pesquisadores dos poderosos foguetes de Hitler. Nos EUA ele esteve fortemente envolvido com a continuidade das pesquisas nos objetos voadores sendo nomeado diretor da recém-criada NASA. O alemão contribuiu, e muito, para a chegada do homem na lua e para a construção do foguete Jupiter-C usado para lançar o primeiro satélite dos americanos.
Embora alguns ajudassem o regime nazista por nada além de ameaças e a vontade de não ver sua família morta, outros, que acreditavam nos ideais arianos, já foram, inclusive, julgados em Nuremberg por seus crimes de guerra.
Para saber mais, este link (em inglês) traz uma lista de 9 cientistas nazistas que contribuíram para o programa espacial americano.
População negra foi morta propositalmente em nome da ciência
A sífilis é uma doença desagradável e que, se não tratada, pode resultar em cegueira, paralisia e até morte, ou melhor: PODIA causar tudo isso. Desde a descoberta da Penicilina, no final dos anos 20, ela passou a ser algo "normal", de fácil cura.
Podia ser só uma história bonitinha de como o progresso científico melhora a vida das pessoas e tal, maaas, aqui podemos fazer um link à velha teoria conspiracionista (verdadeira neste caso) de que determinadas populações são colocadas na linha de frente para morrer. Foi o que houve com o tratamento antiético dado a homens pobres e negros que foram recrutados para participar de um programa que tinha a intenção de registrar o progresso natural da sífilis.
O "Estudo de Tuskegee sobre a sífilis não tratada no homem negro" começou a funcionar em 1932, quando 600 homens da cidade de Macon, uma região precária do estado americano do Alabama foram "selecionados" para um teste do governo. Como a sífilis era um problema de saúde pública em todo o país (e mais ainda em uma região como esta) foi só aguardar. Em algum tempinho 399 dos 600 homens monitorados contraíram a doença.
Ao procurarem ajuda foi dito a estes homens que eles receberiam o devido tratamento contra o "sangue ruim" (como era chamada a Sífilis), porém nenhuma dose de coisa alguma fora ministrada, tudo para que pudesse ser analisada a evolução do quadro. E a coisa ainda iria piorar: em 1945 a penicilina passou a ser aceita como um tratamento de 100% de taxa de sucesso para a doença. Em tese, com uma medicação eficaz e barata para curar o mal, os testes poderiam parar. O problema estava resolvido, certo?, Pois é, porém os pesquisadores preferiram continuar o experimento e negar o antibiótico a eles.
O experimento, inicialmente projetado para durar seis meses, continuou por 40 anos. Por algum motivo, os médicos decidiram que o melhor a ser feito em nome da ciência era observar os homens morrerem lenta e dolorosamente. A pesquisa chegou ao fim em 1972, depois que o The New York Times publicou uma história sobre o estudo.
Após vir a público o caso foi a julgamento, porém algumas coisas já eram irreversíveis: 28 homens morreram de sífilis, outros 100 morreram de causas relacionadas e 40 cônjuges contraíram a doença. Um acordo foi fechado entre governo e famílias onde elas repartiram uma indenização de 10 milhões de dólares (50 milhões em valores atuais), além de assistência médica para o resto da vida e ritos fúnebres custeados pelo poder público. O último participante do estudo faleceu em 2004 e a última viúva em 2009.
E esse tipo de teste velado não foi exclusivo aos americanos: Nos anos 40, experimentos semelhantes ocorreram na Guatemala, onde centenas de homens e mulheres foram intencionalmente infectados com sífilis.
Pessoas enganadas sobre os riscos do cigarro para a saúde
Hoje até uma criança de 5 anos sabe que meter um Marlborão pra dentro aumenta o risco de acidente vascular cerebral, enfisema, infertilidade e toda uma lista interminável de cânceres, o que é bastante óbvio, afinal são mais de 4300 substâncias tóxicas entrando no seu corpo a cada tragada.
Mas a verdade não foi sempre assim tão clara, que o digam os conspiracionistas. Antigamente, quando o poder das informações era um privilégio de poucos o lobby do cigarro fez tudo o que pôde para convencer os consumidores de que os seus produtos não eram ruins para sua saúde. E não parou por aí. Eles até tentaram convencer o público de que fumar era saudável. Basta dar uma olhada em alguns dos anúncios que relacionava fumar com aventura, esporte, qualidade de vida, etc. (para não mencionar os anúncios altamente sexistas dos anos sessenta e anteriores ou o clássico cigarrinho de chocolate) ou até mesmo os filmes e novelas de antigamente quando ter um cigarrinho à boca era sinal de charme e elegância (hoje o fumante, geralmente, é o vilão).
As empresas de tabaco sempre foram grandes aliados governistas e generosos doadoras de campanhas políticas. Assim, através de poderosas somas em dinheiro, que garantiam uma ajudinha governamental quando necessário, foram-se acobertando as evidências, pesquisas e relatórios que mostravam o contrário e alertavam para os riscos à saúde. A saída era sempre a mesma: afirmar que os resultados eram incertos e tudo mais.
O inegável veio à tona na década de 1990 quando as grandes corporações foram encurraladas e obrigadas a admitir os riscos para quem fuma.
A cartada foi dada em 2006, após um processo judicial de sete anos, quando o juiz Gladys E. Kessler declarou as empresas de tabaco culpadas de conspiração por terem "suprimido pesquisas ... destruído documentos ... manipulado o uso da nicotina para aumentar e perpetuar o vício". Só isso. Barbada.
Pessoas enganadas também sobre o risco do açúcar
Mas não são apenas as empresas de tabaco que podem ser acusadas de mentir pra galera. A indústria açucareira também passou anos escondendo dados e subornando cientistas para manter pesquisas e resultados inconvenientes em segredo para que tivesse tempo de anunciar cereais cobertos de açúcar e refrigerante com brindes muito legais.
Em 2016, um artigo publicado na respeitada revista científica JAMA Internal Medicine revelou que a indústria das coisas doces financiou uma pesquisa nos anos 60 com o objetivo de minimizar os riscos associados à ingestão de açúcar, colocando a culpa em um vilão mais escancarado e que ninguém poderia negar: a gordura. De acordo com os autores do artigo publicado em 2016, os chefões da indústria americana de açúcar têm tentado controlar o debate em torno dos perigos do consumo de açúcar e gordura por pelo menos 50 anos.
Por exemplo, um estudo científico de 2011 afirmou que as crianças que comem doces pesam menos do que as que não o fazem. Indo um pouco mais além pode-se encontrar os financiadores da ~pesquisa~: a National Confectioner's Association (Associação Nacional dos Confeiteiros), um grupo que representa marcas como Hershey e outros chocolates. Só eu achei suspeito?
E não se pode falar em açúcar sem falar em refrigerante. E não podemos falar de refrigerante sem falar de Coca-Cola. Pois bem, em 2015 vazaram estudos financiados pela marca que ligavam o sucesso da perda de peso somente ao exercício físico e que tentava fazer as pessoas acreditarem que aquilo que elas comiam - e bebiam, especialmente - não tinha nenhuma influência na obesidade.
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