Durante os tempos atuais, é cada vez mais comum sermos agraciados e impressionados com missões no espaço, seja por sondas robóticas ou com presença humana. Com o avanço da tecnologia e o apoio da SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, a NASA está empenhada em realizar missões com astronautas para outros corpos celestes, como a Lua.
Para tal feito, a agência espacial americana desenvolveu um novo traje que poderá ser utilizado com mais segurança, conforto e eficiência durante as missões. Além de proteger, que deve ser o foco principal, essa nova roupagem também deve permitir o máximo de movimentos com o mínimo de esforço possível. Isso não quer dizer que os trajes anteriores sejam ruins, ou que tenham resultado na morte de alguém, mas à medida que os anos vão se passando, é correto afirmar que as condições de melhorias são necessárias.
As missões lunares que integraram a equipe Apollo tinham equipamentos e trajes bem extravagantes para a época, o que cooperou com o sucesso da missão no satélite lunar. O mais recente upgrade se trata do Extravehicular Mobility Unit, conhecido também como EMU, um traje desenvolvido apropriadamente para os astronautas fazerem caminhadas espaciais do lado de fora da Estação Espacial Internacional. Entretanto, a nova missão para a Lua faz parte do programa Artemis, e a intenção é realizar uma série de missões que possibilitam até mesmo a permanência dos humanos sob o satélite natural da Terra. Todavia, para isso se tornar realidade, um novo traje precisou ser desenvolvido.
O novo traje se chama Exploration EMU (xEMU), e dentre suas principais características sabemos que ele é mais flexível e modular. Com esse novo equipamento, os astronautas poderão realizar tarefas mais complexas que o traje anterior permitia, como escalar uma superfície rochosa, por exemplo.
Além disso, o xEMu passou por uma reformulação na quantidade de zíperes, costuras e conectores, que foi reduzido para evitar que o regolito lunar (um tipo de areia muito fina que gruda em tudo) entre no traje. Para se ter uma ideia, durante a missão Apollo 11, o regolito lunar incomodou bastante os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, o que significa que esse novo traje passou por um grande avanço de engenharia.
Vamos conhecê-lo um pouco mais?
Articulações
Você já deve ter visto em algum vídeo ou em até encenações cinematográficas, que a movimentação na Lua é bem limitada, graças aos baixos níveis de gravidade. Contudo, esse novo traje permite uma melhor mobilidade para realizar tarefas simples aqui na Terra, como por exemplo girar o quadril, abrir as pernas e esticar os braços. A intenção da NASA é aproximar o máximo possível da sensação de usar roupas comuns, o que permitiria os astronautas se concentrarem somente na sua missão.
Richard Rhodes, engenheiro de trajes espaciais da NASA que está trabalhando no xEMU, ficou tão entusiasmado que falou sobre o principal objetivo do desenvolvimento desse novo traje.
"Nosso principal objetivo é que a equipe nem pense em nós. Eles colocam o terno, e fazem seu trabalho — a ciência, a exploração — e nem sequer pensam duas vezes sobre o quão móveis eles são ou quão efetivamente eles podem trabalhar. É uma possibilidade complicada, mas estamos tentando chegar o mais perto possível disso."
Nas missões do programa Apollo, os trajes eram equipados com uma espécie de rolamento nos braços, porque eles precisavam ser leves. Mas o xEMU mostra ser um avanço nesse sentido, já que ele terá rolamentos bem mais leves que seu antecessor além de também serem posicionados de forma mais próxima, o que vai ajudar e muito a movimentação de ombros, cintura, quadris, coxas e tornozelos. Por ser mais leve e com um rolamento mais suave, os astronautas pouparão menos energia nas caminhadas fora da nave.
Outra vantagem, é que esse novo traje é capaz de se adaptar aos diferentes corpos físicos dos astronautas. Isso é um grande avanço, principalmente para as mulheres que agora terão um traje compatível com o seu corpo, algo inédito na história da NASA.
Capacete e luvas
Uma grande inovação desse novo traje envolve as luvas e capacetes, que terão menos camadas para facilitar a movimentação das mãos e um campo aprimorado de visão com iluminação embutida. O capacete em si, receberá um display que poderá exibir informações importantes para os astronautas, além de câmeras de alta definição. Além disso, ele ainda terá um novo sistema de áudio, que conta com vários microfones na parte interna do capacete que podem ser ativados por voz.
As luvas sempre foram um incômodo para os astronautas da geração passada, já que elas dificultam o movimento das mãos por conta da espessura de seu tecido. Para esse novo traje, os engenheiros ainda estão trabalhando em um novo par de luvas que seja suficientemente bom para proteger as mãos dos astronautas sem tirar muito da sensibilidade e destreza. Essa não é uma tarefa fácil, mas a NASA afirma que é possível desenvolvê-lo e diz que está próximo de produzir uma luva que atenda todos os requisitos necessários que permita eficiência sem perder o conforto.
Melhorias de segurança
O traje passou por uma repaginação em seu design que influi diretamente na configuração dos sistemas que são importantes para a vida do astronauta portador da roupa. Algo relacionado a isso é a Portable Life Support System — aquela mochila que fica nas costas dos astronautas — que abriga os sistemas hidráulicos e eletrônicos do traje. Essa "mochila" teve seu tamanho reduzido, o que tornou possível duplicar boa parte do sistema que envolve o traje, e consequentemente pode aumentar a duração das caminhadas no espaço.
Além disso, o xEMU também resolveu alguns problemas relacionados ao dióxido de carbono, um gás que é exalado pelo corpo humano durante a respiração. Para evitar que os astronautas voltem para dentro da nave ou abrigo para limpar os acessórios de absorção desse gás, o traje recebeu um novo modo de depuração.
O xEMU ainda não está 100% desenvolvido, e com o decorrer do tempo, a tendência é que os engenheiros consigam melhorá- lo cada vez mais. Por enquanto, a NASA está trabalhando duro no desenvolvimento desse novo traje, para que as missões lunares do programa Artemis se tornem realidade num futuro muito próximo, além de viabilizar missões em outros planetas, como Marte por exemplo.
Fonte: Technology Review.
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