Na madrugada desta quinta-feira (29), um foguete Long March 5B decolou do espaçoporto de Wenchang, na China, para levar o módulo Tianhe ("Harmonia dos Céus", em tradução livre) para a órbita da Terra. Esse módulo faz parte da futura estação espacial Tiangong-3, um projeto chinês que envolve desenvolver um ambiente proprietário para os seus astronautas (ou taikonautas).
O lançamento foi um sucesso e durou aproximadamente 10 minutos, até que o módulo se separou do primeiro estágio do foguete e continuou subindo até o seu destino final. Li Shangfu, comandante chefe do Programa Espacial Tripulado Chinês, comunicou o sucesso do lançamento e disse que o módulo Tianhe levaria mais um tempo para alcançar a órbita da Terra, a cerca de 370 km acima do solo.
O módulo Tianhe faz parte de um projeto ambicioso por si só, visto que é a maior e mais massiva espaçonave já construída na China. Seu diâmetro tem aproximadamente 4 metros e pouco mais de 16 metros de comprimento. Em seu interior, ele conta com os aposentos onde os astronautas ficarão alocados, além de um sistema de portas múltiplas para acoplagem para facilitar a conexão com outros módulos que também chegarão à órbita em breve.
O grande objetivo da China foi revelado por Bai Linhou, vice-designer chefe da estação espacial na China Academy of Space Technology, que expôs a ambição de tornar o país uma verdadeira referência para campos de estudos científicos e tecnológicos.
"… nosso objetivo é tornar o Tiangong um laboratório espacial que possa dar suporte à estadia de longo prazo dos astronautas, e experimentos científicos e tecnológicos de grande escala."
Projetos futuros
Em maio, a China deve lançar o módulo cargueiro Tianzhou-2 com diversos suprimentos e outros recursos essenciais para a primeira tripulação da futura estação espacial, que basicamente irá se encontrar com o Tianhe para se acoplar um ao outro.
A missão Shenzhou 12 que tem por objetivo levar três taikonautas para a futura estação, pode acontecer muito em breve, se os testes de vida no módulo foram positivos. Ainda não há uma previsão de lançamento, mas se tudo ocorrer bem, é provável que a primeira tripulação seja lançada em junho. Esses taikonautas precisarão ficar alguns meses em órbita para testar o funcionamento do módulo e preparar para tripulações ainda maiores para uma estadia ainda mais longa.
De início, a capacidade total será de três taikonautas por até três meses na estação espacial. Depois que os testes de operação forem concluídos, então uma tripulação com seis pessoas poderá ficar por um tempo até agora indeterminado.
Além do Tianzhou-2, os módulos Wentian e Mengtian também devem ser lançados na sequência. Eles foram construídos para a realização de experimentos científicos na astronomia, medicina espacial, biotecnologia, e outras áreas.
Vale lembrar que esse projeto ambicioso da China chega após quase uma década de preparação. Os dois primeiros protótipos do módulo Tiangong foram lançados em 2011 e 2016, e funcionaram como base para testar o que realmente funciona. Duas tripulações foram enviadas para testar a tecnologia do local: a primeira ficou abrigada no módulo entre 2012 e 2013, e a segunda se acoplou ao primeiro módulo em 2016.
A projeção de vida para a estação espacial Tiangong-3, segundo os especialistas chineses, é se manter ativa na órbita terrestre por até dez anos, mas com expectativa de até quinze se receber as devidas manutenções.