O novo coronavírus alterou todo o nosso modo de vida. Será que passar por alguém na rua é seguro? E ficar há 2 metros de distância de um atendente no supermercado? E como higienizar embalagens e alimentos? Qual dessas atividades representa o maior risco? Mas além de todas essas dúvidas, está aqui certamente apavora muito as pessoas: Afinal, será que o coronavírus pode se espalhar pelo ar? Essas dúvidas são crueis, ainda mais levando em conta que ainda não sabemos muito sobre como o vírus que causa o COVID-19 se espalha. Mas vamos compartilhar aqui o que já se tem conhecimento.
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Transmissão respiratória
Embora os contornos básicos da transmissão da doença não tenham sido alterados pelo COVID-19, existem algumas nuances que podem desempenhar um papel importante na disseminação da doença. Desde o início, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) avisaram que o SARS-CoV-2 é um vírus respiratório e, como tal, é transmitido principalmente entre pessoas através de "gotículas respiratórias", quando pessoas sintomáticas espirram ou tossem.
O entendimento atual é de que grandes gotículas de muco carregado de vírus são o principal modo de transmissão. Tendo isso em mente, os orgãos de saúde recomendavam, desde o começo da pandemia, de manter pelo menos uma distância de um metro e meio entre você e outras pessoas. E a gravidade faz com que essas gotículas grandes (que são maiores que cerca de 0,0002 polegadas ou 5 mícrons) caiam no chão a uma distância de 2 metros da pessoa infectada.
Mas essa diretriz de dois metros é mais uma estimativa aproximada do que uma regra rígida e rápida. Mesmo que a distância seja um pouco maior do que isso, ainda sim é possível ser contaminado. Isso ocorre porque mesmo gotículas respiratórias grandes podem viajar bastante longe se as condições do fluxo de ar estiverem favoráveis. Para alguns especialistas, a regra dos 2 metros se baseia em informações desatualizadas.
Segundo os cientistas, a regra de 1, a 2 metros se baseia em alguns estudos das décadas de 1930 e 1940 que, desde então, demonstraram estar errados "as gotículas podem viajar mais de um metro", diz Raina MacIntyre, uma pesquisadora e professora de biossegurança global, que lidera o Programa de Biossegurança no Instituto Kirby, na Austrália. "No entanto, os especialistas em controle de infecções hospitalares continuam acreditando nessa regra. É como a teoria da Terra plana - qualquer um que tente discutir as evidências reais é contestado por um coro de crentes".
Outro fator complicador é que pelo menos 25% das pessoas que estão transmitindo o vírus podem estar assintomáticas, disse o Dr. Robert Redfield, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, da Live Science. Isso sugere que tosses e espirros não são necessários para transmitir o vírus, embora não esteja claro se simplesmente respirar espalha o vírus ou se é necessário falar.
O coronavírus pode se espalhar pelo ar?
Bom, já falamos que a regra dos 2 metros talvez não seja válida. Mas, se o Coronavírus se espalhar pelo ar, ai sim é que ela não faz sentido. Afinal, se alguém infectado passar pelo local, o vírus pode ficar por ali. No último dia 28 de março, a OMS tuitou que o Coronavírus não se espalha pelo ar.
Mas será que a OMS estava certa? Pois Então, eis a questão. Primeiramente, se você acha que nenhum vírus sobrevive no ar, saiba que não é bem assim. O vírus do sarampo, por exemplo, pode viver por até duas horas em um espaço aéreo onde uma pessoa infectada tossiu ou espirrou.
E o Coronavírus? Bom, uma pesquisa publicada na ultima segunda-feira na revista Nature encontrou altas concentrações de vírus vivos no ar e em torno de dois hospitais em Wuhan, na China, o primeiro epicentro dá pandemia.
O estudo mostrou que partículas virais estavam presentes em amostras de ar no banheiro de pacientes, em salas onde os profissionais de saúde removeram seus equipamentos de proteção e em dois locais públicos lotados perto dos hospitais.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças também afirmam que certos procedimentos hospitalares, como a intubação de um paciente, "podem gerar aerossóis infecciosos". Um estudo recente do CDC descobriu que o coronavírus poderia viajar até 4 metros (gotículas aerossol) em ambientes hospitalares.
Gotas versus aerossóis
A principal diferença entre gotículas e aerossóis é que as primeiras são pesadas e grandes, portanto não podem permanecer no ar por muito tempo. Estes últimos, chamados núcleos de gotículas pela OMS, são menores que 5 micrômetros.
Uma forma aerossolizada do vírus "significa que a gota não diminui imediatamente; permanece por um tempo", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. "Então você pode entrar em uma sala pensando que está sem contato com o vírus, porém inalar ele."
Um estudo recente do National Institutes of Health descobriu que as partículas de coronavírus poderiam se formar em aerossol por até três horas. Mas os pesquisadores usaram uma máquina de alta potência para produzir os aerossóis, então eles provavelmente não eram idênticos aos produzidos pela tosse humana.
Linsey Marr, especialista em transmissão de aerossóis da Virginia Tech, também disse ao New York Times em março que, em geral, um aerossol lançado a uma altura de cerca de 1 metro deve cair no chão após 34 minutos. Além disso, ela acrescentou que a quantidade de vírus que permanece no ar como aerossol provavelmente é muito pequena para infectar alguém.
"Parece assustador, mas a menos que você esteja perto de alguém, a quantidade de vírus a que você foi exposto é muito baixa." Fauci também observou repetidamente que a transmissão de aerossóis não é o principal meio de propagação do coronavírus.
Alguns pesquisadores estão pedindo que a semântica sobre gotículas e aerossóis seja totalmente deixada de lado, para evitar confusão e informar melhor as respostas da saúde pública à pandemia. "Acho que a OMS está sendo irresponsável em dar essa informação," disse Donald Milton, um aerobiologista em doenças infecciosas da Universidade de Maryland. Ele acrescentou: "Os epidemiologistas dizem que se for 'contato próximo', não será transmitido pelo ar. Isso é uma bobagem".
Salas mal ventiladas têm maiores concentrações de Coronavírus no ar
Os autores do estudo da Nature coletaram amostras do ar em 31 locais, em dois hospitais de Wuhan durante fevereiro e março. Eles descobriram que o vírus estava mais concentrado no ar dentro das áreas de banheiro de 2,7 m2 nos quartos dos pacientes, que não eram ventilados. A quantidade de vírus no ar nas enfermarias ventiladas, no entanto, foi muito baixa, uma diferença que os autores atribuíram à circulação adequada do ar.
Os pesquisadores também encontraram o vírus vivo no ar em dois locais ao ar livre, perto dos hospitais: a menos de um metro da entrada de uma loja de departamentos, e em uma área pública pela qual multidões, incluindo pacientes ambulatoriais, cruzavam para sair. "As descobertas sugerem que o uso do banheiro e a coleta de pessoas infectadas com COVID-19 são fontes não desprezíveis de SARS-CoV-2 no ar", escreveram os autores.
William Schaffner, professor de medicina preventiva e doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, disse ao Business Insider que as partículas de coronavírus também podem potencialmente permanecer em um pequeno espaço como um elevador, que não possui ventilação. "Em um espaço tão fechado e sem movimento de ar por um curto período de tempo, você poderia ser exposto". Mas isso é diferente de, por exemplo, um supermercado, que é razoavelmente grande, bem ventilado e tem ar circulando livremente.
Transmissão de Coronavírus pelo ar em hospitais
O novo estudo da Nature descobriu que as partículas do vírus estavam especialmente concentradas no ar em áreas onde a equipe médica retirou seu equipamento de proteção. Os autores sugeriram que esses aerossóis poderiam ficar ressuspensos no ar quando esse equipamento é removido.
Da mesma forma, outro estudo, que ainda não foi revisado, encontrou maiores concentrações aéreas do vírus nas áreas da equipe médica em dois outros hospitais chineses; estes também estavam em lugares onde os médicos removeram equipamentos de proteção.
Os autores escreveram que os aerossóis carregados de Coronavírus provavelmente foram depositados em máscaras e aventais enquanto os médicos trabalhavam, e depois devolvidos ao ar quando a equipe agitava esses itens ao se despir. "A higienização da superfície do aparelho antes de serem retirados também pode ajudar a reduzir o risco de infecção da equipe médica", escreveram os autores.
Os pesquisadores descobriram baixos níveis de coronavírus no ar também nos quartos dos pacientes, e um estudo do CDC também relatou que as partículas do coronavírus estavam "amplamente distribuídas no ar e nas superfícies dos objetos" na unidade de terapia intensiva e na enfermaria geral do Hospital Huoshenshan em Wuhan. Os pesquisadores identificaram coronavírus vivo em 35% das amostras retiradas do ar na UTI e em 12,5% das amostras retiradas do ar na enfermaria geral entre 19 de fevereiro e 2 de março. "Esses resultados confirmam que a exposição ao aerossol de SARS-CoV-2 apresenta riscos", escreveram os autores.
Enquanto isso, nos EUA, os cientistas também detectaram o vírus no ar do lado de fora dos quartos dos pacientes no Centro Médico da Universidade de Nebraska. "Esses resultados confirmam que a exposição ao aerossol de SARS-CoV-2 apresenta riscos", escreveram os autores. Enquanto isso, nos EUA, os cientistas também detectaram o vírus no ar do lado de fora dos quartos dos pacientes no Centro Médico da Universidade de Nebraska.
Os profissionais de saúde estão expostos a concentrações mais altas do vírus, especialmente durante procedimentos como colocar pacientes com coronavírus em ventiladores. Nesses casos, os médicos inserem um tubo nas vias aéreas do paciente, provavelmente gerando aerossóis infecciosos. "Se você acha que está realizando procedimentos em um ambiente com Coronavírus, não use sua máscara cirúrgica. Use uma N95", disse Schaffner. (As máscaras N95 filtram aerossóis no ar maiores que 0,3 mícrons.)
Até onde o Coronavírus viaja no ar?
Embora a distância que o CDC considere adequada para o distanciamento social seja de 1 metro, algumas pesquisas descobriram que o coronavírus poderia viajar mais do que isso. "Tossir ou espirrar vigorosamente, durante o qual um paciente dá mais energia à expiração, pode enviar suas partículas microscópicas além da faixa de 2 metros", disse Schaffner. O estudo do CDC ecoou essa conclusão, afirmando que "a distância máxima de transmissão do aerossol SARS-CoV-2 pode ser de 4 metros".
Um estudo de março descobriu que alguém que tosse ou espirra pode emitir partículas que viajam ainda mais longe: "A nuvem de gás e sua carga de gotículas de patógenos de todos os tamanhos podem viajar de 5 a 10 metros", escreveram os autores.
Mas Fauci chamou o estudo de "terrivelmente enganoso" - apenas "um espirro de acho muito vigoroso e robusto" mandaria gotículas viajando para tão longe, disse Fauci durante uma reunião na Casa Branca em 31 de março.
Conclusão
Como você pode ter visto, ainda não temos certeza de nada. Apenas que de que este vírus mata, e que a única forma de ficar totalmente protegido é permanecendo em casa e tomando todos os cuidados de higiente. Deixo abaixo artigos muito bem escritos pelos menus colegas de redação, com mais dicas para voce se proteger do Coronavírus.
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