No início do ano falamos aqui nesse post sobre a ideia de transformar a área perdida de Chernobyl no maior parque de energia solar do mundo. E agora, parece que ele está perto de sair do papel.
Isso porque, de acordo com a Bloomberg, uma painel solar de 1 megawatt será, provavelmente, encomendada já no próximo mês a um custo de US$ 1,2 milhão. Em 2016, o governo ucraniano já havia dito que estava ansioso para obter projetos solares em 1.000 milhas quadradas de terra radioativa, e a empresa de engenharia ucraniana Rodina Energy Group parece quer ser a primeira a se instalar por lá, a apenas 100 metros do reator danificado.
Uma instalação solar faz muito sentido no local onde a usina de energia nuclear explodiu em 1986 ocasionando o maior desastre nuclear da história. Mesmo passados 30 anos a terra ainda é muito radioativa para agricultura, caça ou silvicultura. Além disso as linhas de transmissão que foram destinadas a enviar eletricidade da central nuclear de Chernobyl para a o restante do país já existe. Rodina e a parceira Enerparc AG, uma empresa de financiamento alemão, planejam gastar até € 100 milhões (ou US$ 119 milhões) para construir energia renovável na zona de exclusão de Chernobyl.
Mas a Rodina não é a única empresa que procura aproveitar a oferta do governo ucraniano de terras baratas. Um ano atrás, duas empresas chinesas anunciaram um plano para construir uma enorme fazenda solar de 1 GW na zona de exclusão de Chernobyl... Sim, 1 Gigawatt, o que corresponde a 1000 Megawatts (e se esse número não faz sentido para você, uma informação: a usina brasileira de Itaipu, maior fonte de energia renovável do planeta, alcança 14 GW". O parque no entorno de Chernobyl irá gerar quase 10% da energia de Itaipu em uma área muito menor que a da hidrelétrica brasileira/paraguaia.
Enquanto isso, em julho deste ano, a empresa francesa de energia Energie SA também anunciou planos para realizar um estudo de pré-viabilidade para uma usina solar de bilhões de euros, perto de Chernobyl. O ministro da Ecologia da Ucrânia disse à Bloomberg na época que mais de 60 empresas manifestaram interesse em construir energia renovável nas proximidades de Chernobyl.
Além da terra barata, a Ucrânia também está atraindo investidores, oferecendo "tarifas de alimentação relativamente elevadas", de acordo com a Bloomberg New Energy Finance. O contrato da Rodina especifica que receberá € 0,15 (ou US$ 0,18) por quilowatt-hora até 2030, que é "quase 40% acima da faixa de referência mais alta atrelada ao custo nivelado da energia solar na Europa".
Claro, a construção segura e a operação ainda são um fator determinante na zona de exclusão. A recente conclusão do New Safe Confinement (NSC), um abrigo maciço e de alta tecnologia construído para proteger os restos do reator de Chernobyl 4, pode oferecer alguma garantia aos investidores de que a radioatividade do meio ambiente será, pelo menos, estável em um futuro próximo. O NSC, que custou € 1,5 bilhão (US$ 1,58 bilhão) e foi construído pelo Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, destina-se a evitar qualquer liberação radioativa espontânea do reator 4 pelos próximos 100 anos.
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