Antes mesmo do Facebook pedir permissão para controlar "convenientemente" todas as chamadas e mensagens através de um anúncio que aparece ao abrir o aplicativo Messenger, a rede social já fazia isso sorrateiramente em alguns dispositivos Android até 2017.
Segundo um relatório feito pelo Ars Technica, na semana passada, um homem havia pesquisado os dados que o Facebook havia coletado dele em um arquivo baixado na rede social. Dylan McKay, da Nova Zelândia, escaneou as informações que a rede social armazenou sobre seus contatos, e descobriu que estavam registrados cerca de dois anos de metadados de ligações telefônicas de seu celular Android, com nomes, números de telefones e duração de cada ligação feita e recebida.
Essas informações foram relatadas ao Ars, junto de várias outras experiências de usuários da rede social. Nisso, o próprio jornalista do site analisou seu arquivo de dados e encontrou, além do registro de chamadas, metadados de mensagens de SMS e MMS. Além disso, a rede social tem acesso aos contatos do dispositivo.
De acordo com o relatório, o objetivo disso é melhorar o algoritmo de recomendação de amigos e distinguir entre contatos comerciais e suas verdadeiras amizades pessoais. Esses dados são coletados através do Messenger, por uma solicitação que visa assumir o controle do cliente SMS padrão. No entanto, não se sabe o tempo em que este aviso está aparecendo e também não é deixado claro para os usuários sobre o que realmente é feito nesta opção. A solicitação é descrevida na imagem abaixo.
O Ars Technica aponta as ações do Facebook como preocupantes, pois são invasões que acontecem à anos, no tempo em que as permissões do Android eram muito menos rigorosas. Segundo o The Verge, o Google alterou as permissões do Android, a fim de deixá-las mais claras, porém, os desenvolvedores tem como contornar isso e continuar acessando dados de chamadas e SMS até que o Google descontinue a antiga API do Android em outubro. Não se sabe ainda se essas solicitações foram implementadas no passado.
DICA: Veja dicas para melhorar a privacidade no Facebook.
A resposta do Facebook quanto a isso aponta que é normal o acesso ao histórico de chamadas pelo aplicativo, quando o usuário envia contatos para aplicativos sociais. Um porta-voz da rede social disse ao Ars Technica que "a parte mais importante dos aplicativos e serviços que ajudam você a fazer conexões é facilitar a localização das pessoas com as quais deseja se conectar. Então, a primeira vez que você faz login no seu telefone para um aplicativo de mensagens ou social, é uma prática amplamente usada começar enviando os contatos do seu telefone."
Aos que possuem iOS, este não é um problema, pois o controle de privacidade da Apple não permite que o Facebook consiga coletar esses dados em iPhones. A companhia até permite que alguns aplicativos especialistas acessem esses dados, mas de maneira limitada. O Facebook publicou um post, no domingo, explicando como que a coleta de dados funciona e diz que o recurso é opt-in (quando é autorizado pela pessoa), no entanto não explica por que precisa desses dados ou para que é usado.
Essa situação está junto de uma pilha de problemas que surgiram nas últimas semanas, depois que o escândalo do vazamento de dados deixado pela rede social foi denunciado por vários veículos jornalísticos internacionais. São muitas respostas e questões que devem ser respondidas e esclarecidas, e mais ainda, que as atividades e invasões feitas pelo Facebook sejam avisadas de forma clara e objetiva aos usuários, para que eles sabiam o que acontece com suas informações pessoais.
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