A Organização Mundial da Saúde acrescentou recentemente mais um distúrbio à 11ª edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), responsável por classificar condições de saúde. Trata-se da "transtorno do jogo", que pode ser considerado um distúrbio de saúde mental. No entanto, não há um consenso médico em relação ao distúrbio, e vários pesquisadores não acreditam na sua existência.
De acordo com a OMS, para saber se você ou alguém possui o transtorno de jogo é só prestar atenção em três sinais, que são: o jogo é sempre o preferido de todas as atividades; mesmo tendo consequências negativas, como parar de ver amigos e ir mal no trabalho ou na escola, o jogador não para de jogar; o jogo compulsivo acaba forçando a vida e o relacionamento do paciente. Para ser considerado um transtorno, esses sintomas devem persistir por pelo menos um ano, segundo a OMS.
Um membro da organização, Vladimir Poznyak, foi responsável por propor o novo diagnóstico, e em entrevista à CNN, disse: "Não estou criando um precedente, a OMS simplesmente está seguindo as tendências, os desenvolvimentos, que ocorreram nas populações e no campo profissional."
Assim como CID, há o DSM, uma sigla em inglês para o Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais, que também é publicado nos EUA, só que o CID abrange além dos transtornos psiquiátricos e é usado internacionalmente.
Neste contexto, o DSM deixa a questão toda meio controversa, pois apresenta uma pesquisa sobre em andamento sobre o assunto. Nela, o distúrbio de jogos na Internet se encontra em uma seção voltada para as condições que necessitam de mais pesquisa para que se descubra sua autenticidade.
Os especialistas chegaram a escrever uma carta à OMS em 2016, recomendando a retirada do distúrbio de jogo do CDI. O motivo seria que as pesquisas já feitas sobre este transtorno são precárias e que ainda há bastante relutância, porém não há consenso médico. Eles ainda defendem: "o ato de formalizar esse distúrbio, mesmo como uma proposta, tem consequências médicas, científicas, de saúde pública, societárias e de direitos humanos negativas que devem ser consideradas".
Também em entrevista, o psicólogo Anthony Bean disse que e clínico e pesquisador, e por isso vê "pessoas que jogam videogames e acreditam estar na fila de viciados, mas os novos critérios são muito amplos e não diferenciam entre formas leves e graves da doença." Ele acrescenta ainda que é muito cedo pra rotular isso como um diagnóstico.
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