Shigeru Miyamoto é uma lenda na indústria dos videogames. O homem é amado por milhões de fãs que admiram o seu trabalho importantíssimo para os jogos de forma geral. Miyamoto é o criador de séries como Super Mario Bros., The Legend of Zelda e Donkey Kong, sendo assim o responsável por algumas das maiores franquias da história.
Nas décadas de 80 e 90, a grande rival da Nintendo era a SEGA, outra gigante do mundo dos games, enquanto o mundo via talvez a maior disputa da indústria. Agora, em uma entrevista ao The New Yorker, o lendário criador comentou diversos assuntos, inclusive a relação de seus filhos com os videogames e até mesmo com jogos da SEGA.
"No que diz respeito aos meus filhos, eu tive a sorte de que eles sempre tiveram um ótimo relacionamento com os jogos. Nunca tive que ser rígido demais nem tirar os videogames deles"
Miyamoto completou dizendo que as crianças jogavam os títulos da concorrência.
"Eles entendiam que os videogames eram meus e que eles estavam jogando emprestado, então eu poderia pegar de volta quando quisesse se eles não seguissem as regras. Então quando o tempo estava bom, eu sempre os motivava a ir brincar lá fora. Eles jogavam um monte de jogos da SEGA, por sinal!"
O produtor afirmou que não sentia inveja da outra empresa, inclusive afirmando que isto lhe motivava a criar jogos que seus filhos fossem preferir.
Receio a respeito de domínio dos jogos violentos
Quando GoldenEye 007 foi lançado, Shigeru Miyamoto sentiu-se mal com os inimigos mortos no jogo, chegando a sugerir que a Rare colocasse uma cena nos créditos em que James Bond visitaria seus inimigos no hospital.
Sabendo da curiosa história, Simon Parkin, autor do The New Yorker, questionou a opinião do produtor com relação aos jogos de tiro e violentos que aparecem com frequência na indústria. Miyamoto afirmou que não vê problemas em títulos assim, mas deixou claro que acredita que o mercado não deve seguir este padrão com interesse apenas no lucro que é conquistado.
"Acho que humanos são programados para sentir alegria quando jogamos uma bola e ela acerta um alvo, por exemplo. Isso é da natureza humana. Mas, quando falamos em videogames, tenho alguma resistência ao focar nesta única fonte de prazer. Como seres humanos, nós temos muitas formas de experienciar diversão. Idealmente, os game designers explorariam estas outras formas. Eu não acho que seja necessariamente ruim que existam estúdios que se focam nesta simples mecânica, mas não é ideal todo mundo fazer isso só porque este tipo de jogo vende bem. Seria incrível se desenvolvedores encontrassem novas formas de elicitar prazer em seus jogadores."
Shigeru Miyamoto ainda disse que não gosta da ideia de que matar monstros sem explicação seja aceitável, pois acredita que uma história sempre tem outros lados quem podem ser oferecidos.
"Além disso, eu também resisto a ideia de que é simplesmente OK matar todos os monstros. Até monstros tem uma motivação, e uma razão pela qual eles são do jeito que são. Isso é algo em que tenho pensado muito. Vamos dizer que você tem uma cena em que um navio de guerra afunda. Ao ver isso do lado de fora, pode ser um símbolo de vitória em batalha. Mas um cineasta ou escritor talvez mude a perspectiva para as pessoas no navio, permitindo que os espectadores vejam, de perto, o impacto humano da ação. Seria excelente se mais criadores de jogos tomassem mais passos para mudar a perspectiva, ao invés de sempre mostrar a cena do ângulo mais óbvio."