Nesse Halloween, trazemos uma análise que a data pede! Entrando no clima de horror, hoje contamos o que achamos de House of Ashes, o mais recente título da antologia The Dark Pictures.
Desenvolvido pela Supermassive Games e publicado pela Bandai Namco, assim como os outros jogos da antologia, House of Ashes segue o padrão que foi visto em Man of Medan e Little Hope. O título abusa de QTEs, apresenta escolhas que podem decidir quem vive e quem morre, e entrega muitos diálogos não tão bem escritos.
Também como nos outros jogos da antologia, em House of Ashes controlamos um grupo de personagens, realizando escolhas e contando com opções de diálogo que moldam o caráter de cada um, com a bússola moral estando presente novamente.
Os horrores do Iraque
House of Ashes foge um pouco do que vimos em Man of Medan e Little Hope, oferecendo mais ação que esses títulos e colocando os jogadores no combate contra "demônios". Ambientado no Iraque, em 2003, House of Ashes mostra a história de fuzileiros americanos em busca de armas químicas de Saddam Hussein, o que já dá ao jogo uma temática militar que se afasta dos títulos anteriores da antologia.
Sendo assim, os americanos Eric, Rachel, Nick, Jason são quatro dos personagens que controlamos no jogo, com o quinto sendo Salim, que por sua vez é um soldado do exército iraquiano.
Após uma missão dar terrivelmente errado, todos os personagens citados se veem literalmente metros e metros abaixo da terra, situação gerada por um grande desabamento que os leva para ruínas repletas de perigos inimagináveis. Com um início um pouco cansativo com diálogos mal escritos que parecem não levar a trama para lugar nenhum, o jogo rapidamente ganha um forte ar de tensão quando nos vemos perdidos nas ruinas sombrias.
Há um bom trabalho em apresentar aos poucos os terríveis inimigos, com alguns momentos de escuridão, dúvidas e tensão servindo para que a aparição dos demônios - que na verdade são outra coisa, mas não vamos estragar a surpresa - seja bem construída e tenha certo impacto. Como House of Ashes é um jogo extremamente curto, também não demora muito para que os oponentes se mostrem de fato, com a situação definindo-se rapidamente como desesperadora para os fuzileiros.
Personagens rasos
O título ainda assim não é capaz de destacar-se quando falamos em diálogos, assim como seus personagens se mostram extremamente rasos em diversos momentos da trama.
Existem certas questões que quase funcionam na tentativa de desenvolver melhor os personagens e apresentá-los mais profundamente, como é o caso do relacionamento abalado entre Rachel e Eric. O grande problema é que ao tentar tirar mais proveito de questões como essa, o título entrega diálogos muito insatisfatórios e por vezes bem genéricos, fazendo com que qualquer peso dramático ou de narrativa seja perdido.
O iraquiano Salim surge como o personagem mais interessante do jogo, com a tentativa de apresentar o outro lado da história sendo um dos principais pontos para que o mesmo se destaque entre os demais. Salim mostra que do outro lado da guerra não existem apenas monstros, mas também pessoas com seus próprios problemas, questões familiares e até mesmo pessoas que não desejam mais os horrores do conflito.
Certos personagens podem ter um melhor desenvolvimento de acordo com as escolhas dos jogadores, com algumas relações se tornando mais fortes ou mais fracas com cada decisão tomada. O grande problema é que como tais casos são raros, é muito provável que a maioria dos jogadores termine a história sem ter a oportunidade de ver tal desenvolvimento, conferindo apenas um enredo simples com personagens que não tem muito para oferecer.
Está em suas mãos
É extremamente decepcionante que os personagens de House of Ashes não sejam escritos da forma como deveriam, pois caso fossem, o título poderia se tornar um grande nome do gênero de horror.
Isso fica bem claro quando percebemos que, ainda que os personagens sejam rasos e os diálogos muitas vezes sejam esquecidos, nós realmente nos importamos com cada consequência de nossas escolhas. A trama pode seguir caminhos completamente diferentes, sem que o seu poder de decisão seja falso. Suas escolhas, acertos e erros realmente influenciam no rumo do jogo, seja durante as conversas, durante os dilemas morais ou até mesmo durante os momentos de ação no gameplay.
Um detalhe pode fazer com que alguém fique pelo caminho, enquanto uma decisão diferente poderia ter poupado a vida daquele personagem. Dessa forma, o jogo consegue criar um grande clima de tensão e até mesmo indecisão em cada momento que o jogador deve tomar uma decisão, já que na maioria das vezes a sua intuição é praticamente o único elemento que você tem para decidir qual é a melhor opção para escolher.
Isso já não é segredo na antologia The Dark Pictures, com os outros jogos entregando jornadas semelhantes, porém é bom citar que esse segue sendo um dos pontos positivos em House of Ashes.
O medo existe, apesar de não ser tão forte
House of Ashes é menos apavorante que os outros títulos da antologia, algo que também é causado pela temática militar, que acaba puxando também mais para a ação. Além disso, os oponentes encontrados nesse jogo também saem do terror sobrenatural e outros elementos que costumam entregar mais medo, levando para um tipo de horror mais violento e impulsionado pela ação.
Porém, o jogo é capaz de oferecer momentos em que o medo domina os jogadores. Exploramos as ruínas com um constante clima de tensão acompanhando a jornada, enquanto o jogo sabe utilizar a escuridão entre ambientes para fazer com que o jogador caminhe por trajetos em que o desconhecido se torna um verdadeiro problema.
O veredito
House of Ashes tem alguns problemas que comprometem a aventura. Personagens mal escritos, diálogos decepcionantes, cenas que apresentam cortes estranhos, captura de movimentos problemática em certos momentos... o título peca bastante.
Senti também que o jogo poderia abraçar um pouco mais o horror, já que o título foge bastante da proposta da antologia quando entrega ação como um de seus elementos mais fortes... The Dark Pictures é uma antologia sobre terror puro.
Ainda assim, sentir que você está no controle da situação faz com que a jornada se mostre interessante, com o jogador permanecendo interessado em descobrir o que acontecerá conforme a trama se desenvolve e os personagens sofrem as consequências de cada decisão tomada.
Se levarmos em conta que muitas obras de terror, o que incluem jogos, filmes e outras mídias, muitas vezes entregam enredos, personagens e narrativas fracas, mas conseguem prender o público por entregar outros elementos do gênero, nós também devemos dar esse crédito para House of Ashes.
Nota: 6/10
Prós:
- Suas decisões realmente importam
- Alguns momentos entregam bem medo e tensão
Contras:
- Personagens rasos
- Diálogos fracos
- Foge do horror ao se aproximar da ação
- Captura de movimentos estranha em muitos momentos
- Trama nunca empolga realmente
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