Quando anunciado, Riders Republic me chamou a atenção por parecer uma versão mais interessante, pelo menos pessoalmente falando, de Steep. Lançado em 2016, Steep foi uma tentativa da Ubisoft nos esportes radicais, porém com o título a publisher não conseguiu me prender... faltava algo, faltava "vida".
Mantendo os esportes de neve, mas também trazendo outras modalidades, Riders Republic me pareceu insanamente curioso durante todas as suas demonstrações e trailers, ainda que eu precise confessar: O fato de não curtir Steep me fez ter um pé atrás com o novo jogo.
Agora, após muitas horas, manobras, corridas e o "final" do modo campanha, posso dizer que Riders Republic me conquistou. A vida que faltava em Steep, aqui está presente. O "coração" não é inexistente... Riders Republic com toda certeza não é um jogo vazio, seja em sua "alma" e também na quantidade de conteúdo!
Uma excelente vibe
Assim como citei quando tive a oportunidade de conferir o beta do jogo, Riders Republic possui uma excelente vibe, que faz com que o jogador sinta-se ainda mais inserido no mundo do jogo, com as atividades tornando-se mais interessantes com todo o clima que é criado ao redor das provas insanas do título.
Com o perdão de usar uma das palavras mais debatidas e polêmicas do ano, mas existe bastante "cringe" em Riders. O grande lance é que aqui isso funciona. Temos cenas um tanto vergonha alheia, temos personagens MUITO CRINGE, e até mesmo momentos que deixam aquele sorrisinho de canto de boca, como se você não quisesse mostrar que está achando engraçado. Porém, uma vez que o jogador se deixa levar pela vibe do jogo, tudo isso faz sentido.
Riders Republic não se leva a sério no sentido de precisar de uma grande narrativa ou personagens muito bem escritos. O título quer apenas guiar o jogador em uma jornada alucinante, onde os esportes são o assunto principal. Sendo assim, a campanha e os personagens cumprem bem esse papel.
Ainda falando sobre a vibe do jogo, é extremamente divertido explorar o mapa enquanto outros aparecem realizando suas próprias atividades, assim como é muito louco estar realizando uma corrida e de repente perceber que jogadores de fora estão passando por ali, com os mais variados equipamentos enquanto seguem suas próprias jornadas. Em Riders, o esporte é valorizado, a liberdade da adrenalina é comemorada e o clima criado em torno disso te faz sentir-se no meio de uma vida alucinantemente épica.
Muito conteúdo
Riders Republic segue a conhecida fórmula da Ubisoft, sendo claramente um jogo da empresa. Dessa forma, não é de tanto espanto que o título tenha muito conteúdo espalhado pelo mapa, com diferentes atividades que podem ser realizadas pelo jogador.
O acerto aqui está em oferecer essas atividades de uma maneira satisfatória para a proposta do jogo. Encontrar relíquias é um desafio interessante, principalmente pelo fato do jogador ficar empolgado para descobrir qual novo equipamento maluco será descoberto. Explorar as regiões para descobrir novas áreas e pontos de interesse também se mostra interessante, uma vez que a sua movimentação pelo mapa quase sempre será divertida.
O fato do jogador ter a capacidade de mudar de equipamento na hora que desejar, inclusive variando entre esportes, é muito importante para que a exploração demore para tornar-se cansativa ou repetitiva. Além disso, a cada momento uma manobra pode ser realizada, enquanto o jogador explora o mapa passando até mesmo por pistas que são usadas nas corridas... o mundo de Riders Republic é um grande parque de diversões do esporte, seja nas provas/corridas ou na exploração livre.
Para completar, o jogo também oferece um conteúdo grande quando falamos das corridas, que são o que te fazem avançar. Com competições no ar, neve e de bike, o jogo oferece diferentes maneiras de explorar cada um dos esportes. Existem as corridas e também as provas em que chegar na frente não será o importante, mas sim realizar mais pontos com manobras. São inúmeras provas, para cada esporte, e cada uma delas possui objetivos secundários que oferecem o fator replay.
Um problema é se "prolongar" demais
Ao mesmo tempo em que o enorme conteúdo de Riders Republic é um ponto forte, eu também senti que o título peca ao prolongar demais na campanha principal.
Em Riders, seu grande objetivo será conquistar estrelas para desbloquear novas possibilidades e avançar na campanha. O grande problema é que para chegar no Invitational, que é o grande final do jogo, é necessário acumular 750 estrelas.
Esse número significa a necessidade de realizar muitas e muitas corridas, o que muito provavelmente também - como foi no meu caso - significa a necessidade de repetir diversos percursos para coletar estrelas extras de objetivos secundários ou até mesmo a estrela por terminar novamente a prova, já que você sempre às consegue, não importa se já jogou ou não a corrida em questão.
Após o final da campanha, Riders continua oferecendo todas as suas corridas e eventos, com o jogo claramente sendo um título que não termina de fato ali. Me parece desnecessário exigir 750 estrelas para que o jogador possa terminar a campanha, uma vez que dessa maneira a jornada se mostra mais arrastada do que deveria, assim como pode haver o cansaço e a sensação de repetição. Seria muito mais inteligente terminar a campanha de uma maneira mais rápida, convidando o jogador a permanecer no título caso fosse de sua livre vontade.
Final da campanha poderia ser mais impactante
Ainda que Riders Republic seja um jogo que não deseja terminar no final de sua campanha principal, como é mostrado nos créditos do título, senti que o final da campanha poderia ser mais impactante.
Enquanto passei horas no jogo, me senti empolgado imaginando um invitational em que todos os esportes seriam utilizados, em que cenários variados seriam percorridos e que uma vibe épica seria mostrada. Porém, a grande competição do jogo se mostra menos interessante que diversas outras que surgem pelo caminho, tendo apenas mais rodadas para completar. Além disso, enquanto o jogo se preocupa em oferecer uma cena antes do Invitational, após o evento não há nada... nenhuma cena que mostre seu personagem desfrutando do sabor de participar da "maior de todas" as competições, que deveria ser o sonho de todo atleta. Faltou impacto. Faltou aproveitar melhor a oportunidade.
Diversão na neve e na bike, já no ar....
Preciso afirmar que a carreira de bicicleta é extremamente divertida. Para mim é com toda certeza o grande destaque do jogo, oferecendo momentos realmente empolgantes e alucinantes. Nas provas de pontuação, realizar manobras se mostra extremamente divertido, mas na velocidade o jogo brilha e mostra toda sua qualidade. Passar entre florestas, descer montanhas, realizar curvas em alta velocidade... as corridas de bicicleta entregam a mais pura adrenalina do esporte.
Na neve, também tive muita diversão, o que me surpreendeu pelo já citado fato de Steep não ter me agradado. Aqui parece que a Ubisoft soube como aprimorar seu trabalho em esportes na neve, com provas de pontuação e corrida se mostrando interessantes, ainda que abaixo da diversão oferecida na bike.
Todo esse brilho da mais pura adrenalina é ainda maior com a excelente jogabilidade, extremamente precisa, que faz com que o jogador sinta-se realmente no comando de seu personagem. A Ubisoft soube entregar um título que respeita os comandos do jogador, sendo responsivo e sem apresentar problemas que atrapalhem a experiência. Como citei em nossa prévia, a precisão de controle/comandos de Riders impressiona bastante. É tudo muito leve e prático, porém também pode exigir atenção do jogador, já que um único erro ou deslize pode comprometer sua corrida/prova.
Decepção aérea
Já quando falamos no ar, a situação muda. A carreira aérea de Riders se mostra decepcionante. Suas corridas e provas são em grande parte chatas e cansativas, o que já é um grande problema que se junta ao fato da jogabilidade perder o brilho nesses momentos. Enquanto Riders Republic apresenta controles extremamente responsivos e precisos nas carreiras de bike e neve, o que deve ser muito valorizado, no ar isso parece perder força. Seja qual for o equipamento utilizado, parece que não há tanta precisão ali... ao menos não da mesma maneira que é encontrada nas outras carreiras.
Avalanche de recompensas
Outra característica que funciona bem em Riders Republic, é oferecer recompensas ininterruptas ao jogador. Não é muito demorado para subir de nível em cada carreira, o que faz com que novos equipamentos surjam com frequência em sua tela. Além disso, o ritmo como o jogo libera novas corridas e provas também é alucinante e oferece uma sensação de dinamismo, com a jornada fluindo de maneira satisfatória.
É importante lembrar também que além de novos equipamentos, o jogador pode customizar seu personagem com trajes, inclusive com um diferente para cada esporte. Algo bacana é que Riders permite que o jogador compre muitos desses trajes apenas com a moeda do próprio jogo, conquistada jogando, apesar de ser possível investir dinheiro real para garantir roupas que só podem ser alcançadas dessa maneira.
O veredito
Riders Republic é adrenalina pura. O jogo celebra os esportes radicais com um ritmo interessante, ainda que sua campanha se torne um problema ao arrastar-se demais.
Pecando também em um dos esportes, mas entregando diversão o suficiente para agradar o jogador nos outros dois, o saldo do título fica positivo, com os momentos bons superando por muito os ruins.
A ótima jogabilidade é um ponto extremamente positivo, sendo o grande trunfo do jogo. Riders Republic oferece muitas horas de diversão, apresentando uma jornada insana, maluca e inesquecível no mundo dos esportes.
Nota: 8/10
Prós:
- Adrenalina pura
- Jogabilidade precisa e responsiva
- Bastante conteúdo
- Ótima vibe
Contras:
- Carreira no ar decepciona
- Chegar no final da campanha pode ser cansativo
- Final poderia ser mais impactante
Análise feita com uma cópia para PS5, cedida gentilmente pela Ubisoft*
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