Em um ano que promete ser marcante para a indústria de games, a Ubisoft já oferece em janeiro o seu primeiro destaque de 2022. Conhecida por oferecer diferentes títulos a cada novo ano, a gigante francesa já tem o costume de apresentar propostas diferentes, com jogos que mantém a "fórmula Ubisoft", mas oferecem também jornadas variadas.
Com Rainbow Six Extraction a empresa não só muda mais uma vez uma de suas principais franquias, como também aposta em uma estrutura diferenciada se comparada ao que vimos ser lançado recentemente pela empresa. Ainda que jogos de franquias como Ghost Recon apresentem cooperação entre os jogadores, Extraction já corre para um outro lado mais semelhante a títulos como Left 4 Dead, por exemplo.
Se em Rainbow Six Siege, um grande sucesso PvP, a cooperação entre jogadores resulta em partidas que colocam equipes no meio de combates táticos, no novo jogo da franquia não há foco PvP, mas sim na colaboração entre players. Para fãs da Ubisoft, já não é surpresa que franquias já conhecidas e estabelecidas sofram grandes mudanças, o que faz com que Extraction esteja encaixado em um padrão da Ubisoft: Buscar a mudança, ainda que quase sempre nos mesmos moldes.
Invasão de Arqueanos
Em Rainbow Six Extraction, o mundo está ameaçado por uma invasão alienígena realizada por inimigos chamados de Arqueanos. Com a narrativa sendo ambientada em locais diferentes como Nova Iorque e São Francisco, por exemplo, o jogo mostra uma organização, chamada REACT, tentando conter a invasão e acabar de vez com os inimigos que tentam dominar nosso planeta.
Com algumas cutscenes que revelam mais da história do jogo, Rainbow Six Extraction não conta com uma história muito aprofundada ou um modo campanha muito desenvolvido, mas faz o suficiente para que o jogador ao menos entenda o contexto geral da situação e pelo que está lutando.
Funcionando de maneira muito semelhante a outros títulos como Left 4 Dead, o jogo coloca os jogadores em um mapa com etapas lineares, sendo cada mapa uma Zona de Infestação. Nas Zonas de Infestação, os jogadores devem cumprir objetivos para avançar entre as três áreas do mapa, assim concluindo o percurso.
Repetição é um problema
Agora que você já sabe mais sobre a estrutura do jogo, é importante também ter em mente que há bastante repetição em Rainbow Six Extraction. Além do fato que você terá que "grindar" para acessar novas cidades, há também a sensação de que mais objetivos e diferentes tipos de inimigos deveriam aparecer com mais frequência no jogo.
Em cada mapa, você tem um objetivo específico que deve ser cumprido para que a próxima área seja liberada. Esses objetivos até apresentam certa variação, porém não o suficiente para que o jogador não repita uma quantidade considerável de vezes em pouco tempo de jogo. Resgatar um agente, acabar com colméias e outros objetivos tentam tornar cada partida variada, porém na medida em que a estrutura é sempre igual, a variação não parece ser o suficiente para fugir da "mesmice".
Além disso, também senti que uma variedade maior de inimigos poderia ser mais visível durante cada partida. Explorar as Zonas de Infestação pode ser tornar um tanto cansativo quando você percebe que é um pouco demorado para notar a variedade de inimigos, o que se torna um problema ainda maior quando os tipos de aliens existentes também não se mostram muito interessantes.
Enquanto jogos com estrutura semelhante normalmente apresentam oponentes marcantes, com características próprias e elementos que os tornam únicos, em Rainbow Six Extraction é difícil você pensar da mesma maneira ao ficar cara a cara com algum alien. Embora alguns inimigos se mostrem mais perigosos, fortes e resistentes que outros, seja no visual ou em suas mecânicas, esses inimigos são realmente muito pouco interessantes.
Gameplay é travado por uma escolha desnecessária
Os desenvolvedores optaram por utilizar um recurso para dificultar a vida dos jogadores, porém não parecem ter escolhido o melhor caminho para fazer isso. Nas Zonas de Infestação, há uma substância que faz com que os jogadores percam velocidade na movimentação. Para se livrar desse problema, é necessário realizar disparos ou desferir golpes corpo a corpo no chão e nas paredes para "abrir caminho".
O grande problema é que isso se torna extremamente irritante na medida em que o jogador percebe que deve ser feito com frequência. Além disso, a lentidão causada pela substância parece ser desproporcional, principalmente em momentos em que você se encontra cercado por oponentes. É bastante cansativo, e muito decepcionante, ter que escolher entre "limpar o chão" ou tentar atravessar os cenários com lentidão e tudo.
Sinceramente, não consigo entender em qual momento do desenvolvimento a ideia pareceu interessante, muito menos consigo entender de qual maneira isso aparentou acrescentar qualquer ponto positivo ao gameplay... é simplesmente terrível.
Os operadores
Com muitos operadores disponíveis, o jogo permite que cada jogador escolha qual personagem combina mais com seu estilo de jogo, o que permite que equipes equilibradas sejam formadas. É importante dizer que você deve tomar cuidado para não se arriscar mais do que o necessário com seu operador, já que você terá de resgatá-lo em outra partida se ele for abatido em combate.
Enquanto você explora as Zonas de Infestação, é natural sentir preocupação caso esteja usando o seu operador preferido, já que perdê-lo não é uma ideia agradável. Uma vez que um operador é abatido e precisa ser resgatado, é necessário esperar um tempo até que ele possa ser utilizado de novo. Ou seja, você será obrigado a utilizar outros personagens, que podem não ser de seu agrado. É importante lembrar também que os operadores podem começar a partida já apresentando problemas na barra de vida, o que faz com que o jogador possa achar prudente esperar um pouco mais para utilizá-los.
Devo dizer que isso me incomodou um pouco, na medida em que o jogo te obriga a trocar de operador toda vez que algo sai errado e você acaba perdendo seu personagem. A estrutura obviamente funciona no que diz sentido ao título impor uma variação de personagens utilizados, o que de certa forma também serve para que o jogador aproveite diferentes abordagens e possibilidades do gameplay, mas ainda assim me pareceu algo imposto na marra, podendo desanimar o jogador dependendo da quantidade de vezes em que seus operadores favoritos não estarão disponíveis.
Cooperação é interessante
Se jogado no modo solo, Rainbow Six Extraction se mostra realmente problemático e nem um pouco inspirador. Porém, no modo trio o jogo oferece uma cooperação realmente interessante. Formar uma equipe que se encaixe é essencial, assim como comunicação e trabalho em equipe são indispensáveis.
A diversão está em liquidar aliens jogando ao lado de outros jogadores, o que é compreensível já que estamos falando da principal proposta do jogo. Uma vez que o jogo apresenta muitos problemas, pode parecer um tanto complicado de ignorá-los, porém as partidas em trio parecem entregar o suficiente para que seja possível encontrar diversão em Rainbow Six Extraction, ainda que ela possa ter prazo de validade.
O veredito
Com escolhas erradas e problemas que tornam o jogo pouco convidativo, Rainbow Six Extraction corre o risco de rapidamente tornar-se um título cansativo. Pode ser complicado encontrar inspiração para repetir os mapas, realizar os mesmos objetivos novamente e se aventurar mais vezes pelas Zonas de Infestação.
O PvP de Siege funciona de maneira exemplar, o que não é visto no PvE de Extraction. A Ubisoft não soube como apresentar esse novo caminho de sua franquia, entregando um jogo que entrega a proposta de uma maneira bem menos interessante do que outros títulos semelhantes. A verdade é que Rainbow Six Extraction não se destaca de nenhuma maneira.
Ainda assim, se você gosta de jogos cooperativos e hordas de inimigos, é possível passar algumas horas no título, caso você esteja acompanhado por amigos.
Nota: 6/10
Prós:
- Pode divertir
- Trabalho em equipe pode ser interessante
Contras:
- Gameplay travado por um elemento desnecessário
- Muita repetição de maneira geral
- Sistema de Operadores não agrada
- Não se destaca em nenhuma característica
Análise feita com uma cópia para PS5, cedida gentilmente pela Ubisoft*
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