Em um ano que promete ser épico na indústria dos videogames, Horizon Forbidden West chega como um dos grandes destaques que serão oferecidos aos jogadores. Com a responsabilidade de continuar uma saga que se iniciou com sucesso no PlayStation 4, o novo jogo da Guerrilla Games surge tendo em mãos a grande possibilidade de consolidar Horizon - de vez - como um dos principais nomes exclusivos dos consoles da Sony.

Hype no alto. Muitas expectativas. Horizon Forbidden West sofre do problema de chegar badalado, sendo um daqueles títulos que correm o risco de passar pelo massacre por erros simples ou apenas por não entregar uma jornada que esteja à altura do esperado. Felizmente, a aventura de Aloy não tropeça em seu próprio hype.

Mostrando o potencial do PlayStation 5, Horizon Forbidden West é um primor técnico. Com uma atenção extremamente competente e impressionante aos detalhes, além de muitas outras qualidades que serão abordadas no texto, a Guerrilla Games entregou um conteúdo robusto e absurdamente competente. Existem problemas no Oeste Proibido - e também falaremos sobre eles -, porém os acertos falam muito mais alto.

O Oeste Proibido é maravilhoso (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

Aloy, a salvadora de Meridiana

Horizon Forbidden West não demora muito para apresentar o que será o pilar principal de seu enredo. Começando logo após o jogo anterior, o título é guiado por Aloy em busca de GAIA, uma IA que será capaz de evitar o fim do mundo.

Desde seus primeiros momentos, Forbidden West toma cuidado meticuloso ao deixar evidente o nível de adoração e admiração existente em torno da jovem ruiva, que tem muita moral com todos aqueles em sua volta. É verdade que o enredo do jogo não chega a ser considerado memorável e não conta com muitos plot twists dignos de grandes obras, porém existe grande eficiência em entregar o que é necessário para manter a jornada interessante, o que inclui todo um cuidado na transformação de Aloy em um mito.

Aloy é a heroína perfeita (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

Aloy também parece entender o que é, assim como sabe muito bem o que isso significa. Devo afirmar que me senti cada vez mais conquistado pela ruiva a cada novo momento do jogo. Com uma postura rígida em boa parte do tempo e seu anseio por continuar exercendo o papel de salvadora, Aloy é determinada e extremamente confiante. Se a ruiva é a heroína, aqui ela tem postura para manter esse posto. Aloy é aquela que você gostaria de seguir em um mundo como este.

A garota pode ser considerada como um protótipo perfeito da heroína. Com ideais ininterruptos, certezas inquebráveis e uma postura sempre confiante, Aloy pode às vezes até mesmo parecer pouco "humanizada" narrativamente falando. Não espere uma personagem com medos expostos ou fraquezas reveladas. Para alguns talvez seja um problema, porém em Forbidden West senti que a imagem da heroína "indestrutível" funcionou e foi muito bem apresentada.

O Oeste Proíbido

Longe de Meridiana, Aloy deve mostrar sua bravura em um território proibido, completamente inóspito. Tribos selvagens dominam as regiões do oeste, assim como feras robóticas ainda desconhecidas são grandes ameaças que devem ser encaradas pela ruiva.

No oeste temos um dos grandes acertos da Guerrilla, que é entregar culturas variadas e extremamente cativantes. Na medida em que você avança na jornada, esses povos considerados selvagens revelam mais sobre si, o que resulta em um pilar importante para manter o enredo satisfatório, assim como tal elemento serve para tornar o oeste um lugar extremamente interessante.

As muitas culturas

Em minha jornada, me impressionei e me interessei muito pelos Tenakth. Uma tribo liderada por Hakarro, um líder considerado impiedoso por muitos, mas que se revela muito mais complexo, leal e honrado do que isso. Há grande profundidade em muitos personagens encontrados pelo caminho, assim como houve um grande cuidado para entregar tribos que realmente se mostrem diferentes, com formas de vida, vestes e culturas que destoam completamente.

Outro bom exemplo são os Utaru, muito mais ligados com a natureza do que outras tribos do oeste. E quando falo sobre culturas e formas de vida diferenciadas, não me refiro a elementos superficiais de enredo, mas sim detalhes que são percebidos pelo jogador tanto nos diálogos quanto na exploração pelas regiões dominadas por cada uma das tribos. Com os Utaru, vemos uma tradição muito interessante com relação a morte e a continuação da vida no planeta. Sem entrar em detalhes para não estragar a experiência, vou me limitar a dizer: Preste atenção ao que cada tribo pode oferecer, pois boa parte das qualidades do oeste está aí.

Os diferentes biomas

Cada região é única e cativante (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

O Oeste Proíbido também se destaca em seus diferentes biomas. Horizon Forbidden West apresenta uma quantidade impressionante de ambientes, completamente variados, que tornam a jornada de Aloy muito variada em todos os aspectos possíveis. Seja na exploração ou visualmente falando, por exemplo, o jogador nunca tem a sensação de estar explorando uma região igual a qualquer outra. A Decima Engine é capaz de oferecer maravilhas dignas de aplausos, tornando a aventura muito mais robusta na medida em que o jogador se vê maravilhado por cenários de tirar o fôlego, repletos de detalhes que não passam despercebidos.

Há grande polimento na criação do oeste. Vegetação, animais, água, a iluminação entre as selvas. Tudo parece ser elevado ao maior nível, chegando muito perto da perfeição. Visualmente, Horizon Forbidden West é um espetáculo capaz de mostrar todo o verdadeiro potencial do PlayStation 5, o que se torna ainda mais interessante quando lembramos que estamos apenas no começo de uma geração.

Seja explorando florestas variadas, praias ou campos mais abertos, o jogador facilmente acaba "sugado" para aquela região devido aos detalhes e à beleza. Não há ambiente feio em Horizon Forbidden West, pois cada um parece ter sido criado meticulosamente para oferecer deleite aos olhos dos jogadores.

Detalhes são trunfo

Falando sobre os biomas, já conversamos sobre o nível de detalhes em cada ambiente de Horizon Forbidden West, porém acredito que isso mereça ser mais destacado no texto. Em minha jornada, notei um cuidado extremamente impressionante e eficiente aos detalhes de maneira geral, o que se mostra como um ponto de muita importância para tornar a aventura mais robusta e cativante como um todo.

Esses detalhes também criam uma grande imersão, que, ao lado de outros elementos, torna o Oeste Proíbido um lugar que o jogador não deseja deixar tão cedo. É verdade que estamos falando sobre alguns detalhes que já vimos em muitos títulos, principalmente naqueles que se propõe a entregá-los como Red Dead Redemption 2 e The Last of Us Part II, porém tal fato não tira o mérito da Guerrilla Games.

Na medida em que visualmente os ambientes já são cheios de características marcantes, ouvir Aloy fazendo comentários sobre o calor ou frio são pequenos toques que ajudam a completar a experiência como um todo, por exemplo. Além disso, gestos corporais da personagem, reações em situações como entrar na água e outras "pequenas pinceladas" são lembranças bem sutis - não menos interessantes por isso - do extremo cuidado e absurdo carinho que os desenvolvedores tiveram para oferecer Forbidden West ao público.

Seja em seus ambientes, em suas animações, em suas culturas, na aparência de seus personagens ou em diversos outros elementos, Horizon Forbidden West conta com um nível absurdo de detalhes, muitos até mesmo mínimos, que colocam a experiência em um nível extremamente elevado.

Os personagens falam com os olhos

Essa é uma excelente maneira para definir as expressões faciais de Horizon Forbidden West: Os personagens falam com os olhos. O que vi aqui, vi poucas vezes na indústria.

Aloy se destaca por se movimentar muito durante as cenas, fazer "caras e bocas" e deixar evidente seus sentimentos e sensações com cada expressão. Porém, tal fato não se encerra na personagem principal. Estamos falando agora sobre outro dos pontos de maior destaque do jogo, já que o nível de qualidade é daqueles que "sobe a régua" e joga pressão em qualquer um que tiver o interesse de oferecer um resultado igual ou parecido.

As expressões faciais são ótimas e os personagens dizem muito com elas (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

Quando digo que os personagens falam com os olhos, não tenho em mente nenhuma intenção de aumentar o que de fato é entregue pelo jogo. Em muitas cenas de Horizon, os diálogos se mostram mais interessantes pelas expressões faciais e corporais do que pelo conteúdo das conversas em si. Tal fato é capaz de fazer com que o jogador se sinta "preso" ao jogo e completamente dentro desses momentos, até mesmo em situações que a escrita não é das melhores. É também impressionante e interessante observar cada personagem em cena, inclusive aqueles que estão apenas observando, pois seus movimentos e expressões dirão muito.

The Last of Us Part II já entregou algo digno de aplausos nesse quesito, e devo afirmar que por vezes senti que Horizon Forbidden West foi até mesmo capaz de superar isso. Porém, devo dizer que nem tudo é perfeito, e em certos momentos os desenvolvedores parecem ter exagerado um pouco para mostrar o que conseguiram fazer, o que torna certas expressões muito caricatas e forçadas. Além disso, enquanto alguns personagens se destacam muito, como se tivessem recebido mais cuidado nas expressões faciais, outros parecem estar um pouco abaixo do padrão. Tirando os problemas, de forma geral é impressionante.

Os acertos e os problemas do combate

Os gigantes de aço

Confrontos contra as maquinas gigantes são memoráveis (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

Horizon Forbidden West é extremamente eficiente ao entregar lutas contra criaturas robóticas colossais, extremamente poderosas. Com feras já conhecidas e muitas novas criaturas, o título se destaca ao apresentar confrontos extremamente variados, que se mostraram muito divertidos e satisfatórios.

Aloy deve enfrentar uma quantidade grande de criaturas, o que me deixou interessado a cada novo combate por haver uma grande variação de movimentos, ataques e habilidades apresentadas por esses oponentes. Enfrentar um desses colossos, os chefões, normalmente não é nem sequer parecido com enfrentar outro. Gostei muito da forma como cada fera apresenta habilidades e movimentos muito variados que se encaixam completamente com seu estilo. Disparos potentes, rabadas, ataques rápidos, objetos arremessados... cada um desses gigantes demonstra um repertório muito interessante, que torna os combates divertidos de se encarar e absurdamente cativantes visualmente falando. Com isso, me senti empolgado sempre que me deparei com uma dessas feras poderosas, pois cada um desses combates deixa o gostinho de quero mais.

O mais importante aqui é que, além de muita variedade, os ataques e movimentos citados se mostram muito interessantes e bem elaborados, ajudando a oferecer um ritmo muito agradável aos combates.

O combate funciona, mas tem problemas - principalmente no corpo a corpo -

Já contra inimigos menores e mais comuns, também há uma boa variedade de movimentos, ataques e comportamentos, porém tais confrontos podem se tornar um pouco cansativos, principalmente pelo combate corpo a corpo deixar a desejar. Enquanto os chefões permitem que você foque no arco, esses inimigos menores vem para cima com mais facilidade, o que te obriga a utilizar o corpo a corpo, e aí o brilho pode diminuir um pouco.

Se com arco, e outros equipamentos, o combate é muito eficiente e satisfatório, no corpo a corpo senti que há problemas que acabam atrapalhando a experiência. Os movimentos ofensivos de Aloy não me pareceram interessantes, mas é na parte defensiva que sentimos mais a decepção. Aloy não pode esquivar ou bloquear golpes, o que se apresenta como um problema irritante e torna tudo muito menos fluido e prático. Além disso, voltando a falar dos ataques da ruiva, eles também parecem pouco eficientes e tornam ainda mais forte a sensação de que o combate corpo a corpo é completamente dispensável.

Contra inimigos humanos o corpo a corpo se torna menos problemático e mais útil, com esses confrontos se mostrando também interessantes, mas muito longe de impressionar.

O destaque do combate de Horizon fica mesmo para o arco, que pode oferecer confrontos épicos.

Problemas no Oeste Proíbido

Forbidden West não está livre de ter problemas, e percebi alguns durante minha jornada. Alguns desses problemas inclusive são bem insatisfatórios, destoando inclusive do nível de qualidade visto em muitos elementos do jogo. Mas nada que afete severamente a experiência.

Locomoção e montarias deixam a desejar

As montarias são problemáticas

Por exemplo, enquanto o oeste é gigantesco e oferece muitas atividades que o tornam completo, também senti que a locomoção surge como algo negativo. Em certos momentos você não poderá realizar fast travel se não estiver em uma fogueira ou não possuir um pacote de viagem rápida, o que te obrigará a andar pelo mapa por um tempo considerável, então unimos isso ao fato de que uma montaria nem sempre pode estar disponível e aí temos um pequeno problema.

Falando nas montarias, Aloy precisa de certos requisitos para ser capaz de "domar" máquinas diferentes, o que também me pareceu um pouco desnecessário. Senti que o jogo poderia oferecer mais liberdade nesse aspecto, como por exemplo oferecer uma habilidade que ao ser desbloqueada permitisse que o jogador fosse capaz de montar em todas ou em pelo menos um número específico de máquinas sem ter que depositar mais tempo nisso.

Ainda falando nas montarias, elas se mostram extremamente problemáticas em muitos terrenos. Por vezes você não conseguirá dar pulos pequenos que deveriam ser extremamente fáceis, assim como em muitos momentos você ficará completamente travado em terrenos que não são planos, mas que não deveria ser um problema tão grande quanto se apresentam para as máquinas.

Habilidades e recursos poderiam ser melhor aproveitados

Em minha jornada, também senti que alguns recursos, mecânicas e equipamentos do jogo são deixados de lado por longos momentos e etapas. Uma melhor utilização de equipamentos como o gancho e o planador poderia tornar a exploração ainda mais variada, porém fiquei com a sensação de que ao mesmo tempo em que certas missões isso é bem utilizado, em outras é completamente esquecido. Inclusive percebi que alguns equipamentos e mecânicas ficaram "na geladeira" durante etapas inteiras praticamente.

O planador especificamente poderia ser integrado de uma maneira mais útil ao gameplay, ao meu ver. Principalmente dentro de missões. Além disso, a árvore de habilidades do jogo se mostra extremamente grande e robusta, porém não muito eficiente por muitas vezes. Certas habilidades só podem ser utilizadas com um tipo específico de arma, que o jogador poderá nem possuir se não tiver atenção, assim como certas habilidades também parecem completamente dispensáveis e desnecessárias. Falando nisso, a árvore de habilidades é um problema recorrente em jogos hoje em dia.

Muitos bugs

Infelizmente Horizon Forbidden West apresenta uma quantidade considerável de bugs. Percebi muitos de diferentes tipos, incluindo de gameplay, visuais e mais. Após algumas cenas, é comum ver Aloy finalizando um movimento iniciado anteriormente, ainda no gameplay, por exemplo.

Problemas de renderização também são bem comuns, como vegetação, objetos, árvores e outros elementos surgindo literalmente do nada ou desaparecendo. Em um momento específico, percebi isso até mesmo com inimigos consideravelmente grandes, que surgiram do nada, assim como em outros percebi personagens sumindo e aparecendo de forma mágica.

Já outros bugs podem comprometer a experiência ainda mais, como ocorreu comigo. Em certo momento um companheiro travou, repetindo a mesma frase, sem realizar o movimento que deveria para que a missão pudesse prosseguir. Perdi um bom tempo achando que estava faltando algo para ser feito, porém ao reiniciar o jogo percebi que se trava de um bug. Já em outro momento, também tive que reiniciar pois não aparecia a opção de interagir com algo que era necessário para prosseguir.

O veredito

Com uma atenção extremamente impressionante aos detalhes, Horizon Forbidden West oferece um nível técnico muito alto em diversos pontos que pesam muito na balança. O jogo não está livre de problemas, e alguns deles inclusive são bem consideráveis, porém as suas qualidades marcam mais o jogador.

Em momento algum o enredo é muito impressionante, mas em praticamente todo tempo ele é ao menos eficiente na proposta do título, sem muitos deslizes. Com um mundo muito esplêndido, repleto de belezas e culturas extremamente cativantes, Forbidden West oferece uma jornada que mantém viva a vontade de explorar e ver mais.

Uma aventura esplêndida (imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net)

Se peca no combate corpo a corpo, o jogo oferece confrontos extremamente memoráveis enquanto o jogador utiliza o arco para derrubar máquinas colossais. Se tem a locomoção um pouco problemática, por outro lado o título mostra que Aloy é muito habilidosa e tem uma excelente movimentação, principalmente na escalada prática e funcional.

Horizon Forbidden West está em um nível muito alto, sendo certamente um dos exclusivos de PlayStation mais robustos e competentes que já vi. Ainda que tenha problemas diferentes, o saldo é extremamente positivo pelo fato do jogo elevar o muito nível e oferecer algo que está próximo do ápice em alguns aspectos.

A jornada de Aloy não é perfeita, mas em muitos pontos se aproxima disso com maestria.

Uma cópia digital do jogo foi cedida pela Sony/PlayStation para a análise. Jogo analisado no PlayStation 5*

Horizon Forbidden West
9.1
Prós
  • O Oeste Proíbido é extremamente cativante
  • Tribos com culturas interessantes e variadas
  • Excelente variedade e ótimo combate contra maquinas colossais
  • Expressões faciais e corporais são impressionantes
  • Biomas são ponto muito positivo
  • Cuidado com detalhes digno de aplausos
Contras
  • Locomoção é problemática
  • Habilidades e recursos poderiam ser melhor aproveitados
  • Combate corpo a corpo é um deficiente e pouco interessante