Resident Evil Village está de volta, após ser um dos grandes lançamentos de 2021. Enquanto prepara a chegada do tão aguardado Resident Evil 4 Remake, que será lançado no ano que vem, a Capcom apostou em Village novamente para fortalecer a franquia em 2022. Village retorna com muitas novidades, que incluem novidades no modo mercenários, um DLC e o modo terceira pessoa para o jogo base.

Shadows of Rose, DLC protagonizada pela filha de Ethan Winters, é um conteúdo sólido e coerente com o que foi apresentando em Village, permitindo que a franquia mostre novas faces e se permita explorar possibilidades diferentes. O DLC agrada como um dos melhores lançamentos de horror em 2022, e muito provavelmente será aprovado por aqueles que curtiram o jogo base. Já o modo em terceira pessoa para Village é problemático, e passa longe de ser a experiência imaginada pelos fãs.

Shadows of Rose

Image: Capcom/Reprodução
Imagem: Capcom/Reprodução

Shadows of Rose chega para fechar a saga dos Winter, ou pelo menos era isso o que a Capcom afirmava antes do lançamento do DLC. Devo dizer que, na minha opinião, o final que temos aqui deixou pontas soltas e muitas perguntas sobre o futuro de certos personagens, não parecendo de fato um final para o que foi iniciado em Resident Evil Village. Inclusive, há ainda uma pergunta que não foi respondida desde o final de Resident Evil Village, sendo um grande mistério atual da franquia de survival horror.

Porém, se deixa perguntas, Shadows of Rose também consegue encerrar algumas questões e resolver situações, algumas que vieram à tona por causa do DLC, de maneira satisfatória. O conteúdo aproveita a trama de Village para proporcionar novos momentos de puro terror ao jogador em alguns ambientes do vilarejo, conseguindo criar conexão da trama com o que foi visto no jogo base, embora o método utilizado possa desagradar alguns jogadores.

Novos inimigos e horrores

No começo de Shadows of Rose, senti que o DLC voltava para algo mais semelhante ao que vimos em Resident Evil 2 e 3 Remake, o que obviamente se deve muita a câmera em terceira pessoa, mas também devido ao tipo de inimigos que enfrentamos. Não existem licanos e outros inimigos vistos em Village aqui, e embora não seja exatamente zumbis que aparecem no caminho, sua movimentação e forma de atacar lembram bastante os zumbis dos remakes. Eles não dão golpes, não são rápidos e não usam armas. Se arrastam atrás de você e te agarram quando tem a oportunidade.

No entanto, Shadows of Rose ainda é Village, e assim se permite explorar as possibilidades mais exageradas e variadas que surgiram na franquia. Em certo momento, você terá de enfrentar inimigos que fogem completamente do normal de Resident Evil, assim como no jogo base, e tal fato poderá afastar os jogadores mais conservadores. A Casa Beneviento está de volta, bizarra e insana novamente, colocando o jogador para fugir de manequins e bonecas, em momentos de pura tensão onde passar despercebido ou correr é a única opção. A casa apresenta novamente momentos memoráveis, em que Resident Evil abraça um novo tipo de horror, puxando mais para o lado sobrenatural, e certamente dividirá a opinião dos jogadores outra vez.

É interessante perceber como Shadows of Rose é coerente com o que foi visto no jogo base, mas ao mesmo tempo em que entrega suas próprias características. Todos os inimigos aqui são inéditos, assim como muitas mecânicas também. Inimigos perseguidores que só avançam quando você não está olhando para eles são um exemplo das novidades, que funcionam muito bem e dão ao DLC um ar de inovação. Shadows of Rose é Village, mas não sem abrir mão de também ser original. Faz parte do grande pacote da proposta geral, mas de sua própria maneira.

As habilidades de Rose

Imagem: Capcom/Reprodução
Imagem: Capcom/Reprodução

A jogabilidade com Rose também se torna diferente pelas habilidades da garota, que conta com poderes que Ethan não tinha à sua disposição. Os poderes de Rose não a torna invencível ou algo parecido, e o fato de serem pouco apelativos faz com que o jogador não perca a sensação de receio enquanto deve explorar áreas e enfrentar os perigos do vilarejo.

Mas sim, as habilidades da garota modificam bastante o gameplay. Rose pode usa-lás para deixar inimigos paralisados, assim como também deve usar seus poderes para ser capaz de avançar nos ambientes, liberando caminhos e encontrando soluções para seguir em frente. É satisfatório perceber que os poderes da garota foram introduzidos de maneira orgânica ao gameplay, sem fazer com o que o título perca a proposta inicial de survival horror apresentada pelo jogo base.

Veredito - DLC

Shadows of Rose é um conteúdo interessante e coerente com o jogo base. Apesar de aproximar-se também de algo mais clássico, abraça mais uma vez a nova proposta da franquia. Não agradará todos os jogadores, mas deve ser bem recebido por aqueles que sentiram-se agradados pelas ideias de Village.

Resident Evil Village: Shadow of Rose
8.0
Prós
  • Conteúdo interessante e coerente
  • Novos horrores
  • Inimigos inéditos
Contras
  • História com pontos soltas

Resident Evil Village em terceira pessoa

Com a Gold Edition, Resident Evil Village oferece outras novidades também, o que inclui câmera em terceira pessoa para a campanha completa do jogo base. Assim como Resident Evil 7, Village causou muita polêmica com a visão em primeira pessoa, desagrando fãs que preferem a proposta original da franquia. Enquanto muitos receberam a mudança de braços abertos, a nova câmera foi motivo para que muitos jogadores abandonassem os títulos atuais da saga de horror da Capcom. Acreditando que Village tem o que é necessário para agradar a todos os fãs, a desenvolvedora resolveu lançar a tão pedida câmera em terceira para Village, tentando assim atrair ainda mais jogadores para o título lançado em 2021.

Image: Capcom/Reprodução
Imagem: Capcom/Reprodução

Porém, se você está esperando por algo como os remakes de Resident Evil 2 e 3, saiba que aqui a experiência é muito diferente. Village não foi feito para a câmera em terceira pessoa, e a Capcom parece não ter tido interesse em mudar este fato. A sensação que fica é que a jornada de Ethan não foi adaptada para o novo tipo de câmera. Parece que a visão em terceira pessoa foi colocada ali sem os ajustes necessários ou modificações que tornassem o gameplay mais encaixado com a proposta. A jogabilidade de Village em terceira pessoa é muito mais travada que os remakes, e não chega nem perto da sensação prazerosa desses títulos.

A experiência é a mesma, sem mudanças, apenas com a visão diferenciada. O grande problema é que, como foi feito com esta proposta, Village parece funcionar muito mais em primeira pessoa - para não dizer que só funciona assim.

Review feito no PS5 com uma cópia de Resident Evil Village cedidada gentilmente pela Capcom*