Mortal Kombat 1 marca o começo de uma nova era, mas mantém o DNA que já conhecemos há muitos anos. Embora o soft-reboot realmente introduza uma nova linha do tempo, que será trabalhada pela NetherRealm, a essência do jogo ainda é a mesma, e seu funcionamento geral é muito semelhante ao que vimos nos títulos recentes da saga de luta.
Nessa nova era de Liu Kang, vemos novas origens que são bem construídas, enquanto o gameplay ainda é prazeroso e divertido. O grande problema aqui é a forma como a campanha desperdiça a ideia geral e entrega um final apressado, exagerado e pouco interessante.
A nova era de Liu Kang
Após derrotar Shang Tsung em Mortal Kombat 11: Aftermath, Liu Kang tomou posse da Ampulheta e resolveu recomeçar o universo. Após concluir seu trabalho, Kang desistiu de ser o Titã do Tempo, assumindo seu lugar como Deus do Fogo e Protetor do Plano Terreno em uma nova realidade criada de maneira meticulosa.
Com a nova linha do tempo, Mortal Kombat 1 consegue fazer um soft-reboot, apresentando novas origens de personagens icônicos e trazendo algumas mudanças significativas no enredo, como o fato de Scorpion e Sub-Zero agora serem irmãos, além de outras coisas. Na nova linha do tempo, Liu Kang prezou pela paz, e por isso alterou o destino de vilões de outras eras, no entanto, não abriu mão de criar uma realidade onde o torneio entre a Exoterra e o Plano Terreno ainda acontece, o que pode ser no mínimo uma escolha duvidosa.
Um começo excelente
O jogo da NetherRealm consegue aproveitar o soft-reboot para entregar um começo excelente, com um bom toque de novidade. É interessante acompanhar um Raiden ainda inexperiente, que não conhece seu próprio potencial, assim como sua relação com Kung Lao, que ainda parece mais habilidoso em combate, é um dos pontos fortes das primeiras horas de jogo.
A maneira como Mortal Kombat 1 tenta estabelecer sua nova realidade é competente e bem executada, com alguns momentos se apoiando em uma boa dose de fanservice para cativar os jogadores. É assim que encontramos um dos maiores trunfos da campanha, já que acompanhar novas origens de personagens icônicos parece o suficiente para manter seu interesse na trama.
Explorando possibilidades
Também é interessante ver como o jogo se aproveita do soft-reboot para explorar novas possibilidades que acabam agradando, como é o caso de agora termos Kuai Liang como o Scorpion desta nova realidade. Bi-Han e Kuai Liang mostram uma boa dinâmica de irmãos, enquanto existe uma clara diferença de personalidade na relação.
Neste caso específico, e em outros, Mortal Kombat 1 segue um caminho diferente para chegar em um resultado que já conhecemos. Existem alguns elementos, já estabelecidos há anos pela saga, que aqui voltam a aparecer, mas de uma maneira totalmente nova. Sub-Zero e Scorpion protagonizam um desses momentos com uma excelente explicação de roteiro, que faz total sentido dentro do que é estabelecido pela linha do tempo inédita.
Nomes como Reptile, Baraka e Mileena também são beneficiados pelas possibilidades de uma nova realidade, com a trama usando estes personagens a partir de uma nova perspectiva. O grande ponto positivo da campanha é cativar explorando o desconhecido.
Um final péssimo
O grande problema é que a campanha de Mortal Kombat 1 se perde totalmente em seu capítulo final. Enquanto nos últimos capítulos a história já parece começar a seguir um caminho desastroso, e até mesmo a sequência de lutas não se mostra tão interessante, em seu momento final o jogo perde totalmente a mão e desperdiça o ótimo desenvolvimento de alguns personagens que brilharam na nova linha do tempo.
Extremamente apressado, com um ritmo que não se encaixa com o restante do jogo, o final do título também opta por abrir mão de tudo que propôs em troca de uma tentativa muito falha de explorar o máximo do fanservice. Não dá para saber se o que temos aqui foi uma tentativa de homenagem ao passado ou uma ideia muito errada de criar algo épico, o fato é que não funciona.
Tornando tudo ainda mais complicado, o final não decepciona apenas pelas decisões de enredo e narrativa, mas também deixa bastante a desejar pela diversão e combates. Mortal Kombat 11, e até mesmo o criticado Mortal Kombat 10, trouxeram lutas finais muito mais impactantes e divertidas se comparados com o novo título da franquia. O final de Mortal Kombat 1 parece um grande vazio, com o jogo acabando de maneira repentina sem oferecer um desafio minimamente interessante.
Kameos aprimoram a jogabilidade de maneira sutil
Se deixa a desejar na campanha devido ao final problemático, Mortal Kombat 1 acerta bastante na jogabilidade, apesar de manter muito do que vimos nos últimos jogos. A NetherRealm optou por não promover qualquer tipo de revolução, realizando apenas algumas mudanças que acabam tendo grande resultado em cada combate.
O grande destaque é o sistema de personagens Kameo, que acaba mudando a dinâmica das lutas e trazendo novas possibilidades de jogabilidade que se mostram divertidas e funcionais. Estes personagens servem como lutadores de apoio e são capazes de realizar movimentos ofensivos ou defensivos, contando com um estilo próprio de jogabilidade.
Ao escolher abandonar as barras de ataque e defesa de Mortal Kombat 11, usando agora um sistema de três barras que serve para dar golpes mais fortes, a NetherRealm trouxe mudanças sutis para a jogabilidade, mas foi com o sistema de Kameo que a desenvolvedora entregou o que diferencia seu novo lançamento dos anteriores.
Embora seja tudo muito parecido com o que já conhecemos, incluindo a movimentação nos combates, os personagens Kameo fazem total diferença caso você saiba como usá-los. A escolha do lutador certo também acaba sendo extremamente importante, já que o jogo te permite encontrar as melhores combinações entre personagens para ter um resultado mais satisfatório nas batalhas.
Os personagens Kameo podem te ajudar defensivamente ou até mesmo servir como complemento de combos poderosos, sendo um elemento que pode definir partidas e até mesmo gerar reviravoltas. O sistema é um grande acerto quando percebemos que a essência da jogabilidade foi mantida, sem mudanças profundas e confusas, mas ao mesmo tempo as possibilidades agora são inéditas e mais variadas. A NetherRealm inovou sem mexer na estrutura que já dava certo.
Modo Invasão é uma boa novidade, apesar de parecer inacabado
Embora às vezes o modo Invasão deixe a sensação de que os desenvolvedores poderiam ter feito um trabalho um pouco mais cuidadoso, oferecendo algo mais completo, a novidade ainda é bem-vinda e traz uma proposta interessante. Neste sentido, o que agrada é saber que a NetherRealm não abriu mão de uma campanha mais tradicional, o que faz com que Invasão seja apenas uma maneira a mais de explorar o título.
Neste modo, os desenvolvedores entregam uma "aventura RPG", que será dividida por temporadas e trará sempre uma nova etapa da lore da nova realidade de Liu Kang. Em cenários onde a progressão é feita no estilo de jogos de tabuleiro, você encara uma série de desafios em confrontos mais rápidos que o normal, mas que apresentam características próprias.
Em Invasão, temos uma tabela de elementos que mostra as fraquezas e vantagens de cada personagem, o que você deve levar em conta antes de cada luta, já que utilizar o lutador certo pode te ajudar a alcançar a vitória com mais facilidade. O modo também te permite usar amuletos especiais durante os confrontos. O único problema é que, apesar da ideia ser boa, ela não é tão bem trabalhada e você pode muito bem usar um único personagem sem se preocupar com os elementos certos. Parece que o sistema foi criado, mas não finalizado.
Ainda com falhas, e parecendo um modo incompleto dentro do que propõe, Invasão é divertido e oferece uma maneira diferente de se aventurar por mais tempo na nova era, trazendo também recompensas interessantes como itens, skins e mais.
As torres ainda existem
Também é importante dizer que as torres ainda existem, e trazem exatamente o mesmo funcionamento que vimos nos últimos jogos. Novamente, temos aqui o final de cada personagem, com esta sendo uma boa maneira de descobrir ainda mais sobre cada lutador nessa nova linha do tempo.
Diferente do modo Invasão, que pode parecer cansativo e repetitivo caso você não seja fisgado pela ideia, as torres oferecem lutas de maneira direta, com sua única preocupação sendo detonar os inimigos com combos e fatalities.
O veredito
Mortal Kombat 1 agrada muito ao apresentar novas origens e explorar personagens icônicos de maneira inédita, mas desperdiça grande parte disso com um final apressado, desnecessário e totalmente anti-climático.
Na jogabilidade, o que funcionava foi mantido, enquanto o sistema de personagens Kameo aparece como uma boa adição que muda a dinâmica das lutas. A nova era de Liu Kang tem problemas, mas é bastante divertida e viciante.
- Explora bem novas possibilidades
- Sistema de Kameo é uma ótima novidade
- Jogabilidade muito divertida e viciante
- Péssimo final
- Modo Invasão podia ser mais trabalhado
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