Enquanto os fãs aguardam pelo remake de Prince of Persia: The Sands of Time, a Ubisoft resolveu entregar um título inédito da franquia, lançando um jogo após 14 anos sem a saga receber um novo título. O último PoP havia sido The Forgotten Sands, jogo que saiu para PS3, Wii e Xbox 360. Após praticamente pular uma geração inteira, PoP volta com uma proposta diferenciada, entregando um estilo visual chamativo e uma jornada em 2.5D.
Surgindo como um projeto menos badalado, que certamente não tem o hype do vindouro remake, Prince of Persia: The Lost Crown abre 2024 para a Ubisoft de uma maneira muito competente. Sendo um metroidvania, o título consegue entregar uma experiência sólida dentro do gênero, com os principais elementos já característicos, além de até mesmo apresentar alguma dose de inovação.
Um novo protagonista
Prince of Persia: The Lost Crown mostra a história de um novo protagonista, que substitui o Príncipe dos jogos anteriores, com a diferença de que agora o personagem principal tem um nome próprio revelado. Na nova aventura, assumimos o papel de Sargon, o guerreiro mais jovem entre os Imortais, que formam um grupo de guerreiros respeitados que servem à realeza.
Com uma introdução dos Imortais, o jogo rapidamente já mostra o acontecimento que serve de impulso para a trama, sem qualquer enrolação. Não demora nada para que Sargon e seus companheiros embarquem em uma jornada para salvar o Príncipe, e assim já temos os primeiros desafios aparecendo pelo caminho.
The Lost Crown tem maneiras diferentes de contar sua história, sempre com um belo visual. Por vezes temos cutscenes bem feitas e chamativas, com uma boa animação, com estes sendo os momentos onde todos os personagens conseguem dialogar mais com os jogadores, passando suas emoções, por conta das expressões faciais e corporais. Por outro lado, também vemos a trama ser desenvolvida por diversos diálogos onde o texto aparece na tela, há uma dublagem, e os personagens em questão são mostrados apenas através de avatares próprios, que têm sempre a mesma expressão.
Com a bela arte e a dublagem competente, The Lost Crown oferece uma trama interessante de acompanhar, com o enredo dando conta do recado. Existem surpresas, existem reviravoltas e nem sempre tudo é o que parece. Sargon em um primeiro momento pode parecer um protagonista pouco cativante e não muito expressivo, porém, ao longo da jornada, você aprende a gostar do personagem e cria alguma ligação com o mesmo, o que ajuda o jogador no sentido de se envolver mais com a trama que está sendo desenvolvida.
Para ajudar o enredo, novo Prince of Persia conta com uma boa lista de personagens interessantes, incluindo alguns nomes complexos, que vão além do bem ou do mal. Os Imortais também se destacam por suas características diferentes, que são bem visíveis tanto em questões de trama quanto em questões de habilidades e gameplay.
Desafiador e bastante variado
Prince of Persia: The Lost Crown é um metroidvania na essência do gênero, o que significa que você encontrará aqui todos os principais elementos do gênero. Para quem espera apenas um jogo de plataforma mais linear, a experiência pode se tornar decepcionante e até mesmo cansativa, enquanto para fãs de jogos metroidvania, a jornada provavelmente será bastante satisfatória. Inclusive, se você é um verdadeiro fã da proposta, certamente poderá dedicar muito tempo ao jogo, pois há bastante conteúdo.
Um ponto negativo é que as missões secundárias e outros elementos que poderiam incentivar a exploração não são assim tão interessantes quanto poderiam ser. Senti que o jogo poderia oferecer mais com relação a isso, justificando de maneira mais convincente uma jornada para tentar buscar o 100%.
Como em todo metroidvania, em Prince of Persia: The Lost Crown, você perceberá em muitos momentos que ainda não é capaz de alcançar plataformas, avançar por caminhos específicos ou realizar outras ações, o que significa que você precisa avançar ainda mais na aventura para desbloquear novas habilidades que não apenas liberam novas possibilidades, mas também aprimoram a jogabilidade como um todo, expandindo suas possibilidades e tornando alguns elementos ainda mais amplos, seja no combate ou na exploração.
Algo muito bom é que, felizmente, The Lost Crown sabe liberar novas habilidades ao jogador em um ritmo certo, que fica entre "o muito apressado" e "o muito lento". Desta maneira, os desenvolvedores conseguiram manter a aventura interessante e fluida durante todo o tempo, pelo menos com foco nas missões principais, já que você sempre consegue novas possibilidades antes de cansar de seus movimentos e habilidades já liberados, mas não sem antes sentir um peso real do que já lhe foi oferecido no caminho.
Sargon obviamente vai se tornando cada vez mais habilidoso conforme você avança, e suas habilidades são tão interessantes quanto divertidas. A criatividade para manter a movimentação fluida é satisfatória, com o mesmo valendo para o combate. Existem alguns problemas; por exemplo, senti que em alguns momentos os botões não eram assim tão precisos, como se Sargon fosse um pouco escorregadio, o que gerou algumas dificuldades desnecessárias em movimentos que deveriam ser simples. Além disso, o parry também não é assim tão preciso, apesar de tal fato se misturar um pouco com o quanto o título é desafiador.
É provável que alguns jogadores sintam que o tempo de resposta do parry deveria ser outro, uma vez que o mesmo é bem importante nos combates e, por vezes, parece não funcionar exatamente como você quer. Mas, de maneira geral, a jogabilidade é bastante prazerosa e desafiadora. Embora possa enganar com seu visual carismático, The Lost Crown não é um jogo fácil. Muitas de suas etapas são bastante complicadas e podem exigir um bom tempo do jogador, com diversas mortes instantâneas acontecendo pelos menores erros que você possa cometer.
Prince of Persia: The Lost Crown ainda consegue entregar inovação no gênero, permitindo que os jogadores tirem, dentro do jogo, capturas de tela onde quiserem e as deixando salvas no mapa. Desta maneira, quando liberar novas habilidades, você pode procurar no mapa exatamente onde estão itens e outros caminhos que você viu anteriormente mas ainda não conseguia acessar. É algo que parece simples, mas faz muita diferença.
Boas lutas contra chefes
As boss battles de Prince of Persia: The Lost Crown são um dos pontos positivos do jogo, utilizando muito bem as mecânicas e habilidades que são desbloqueadas ao longo da jornada. Embora alguns confrontos pareçam um pouco fora da curva de aprendizagem, em grande parte essas lutas oferecem um desafio forte, mas divertido. Sim, você provavelmente morrerá uma boa quantidade de vezes em todos os chefes, e, sim, você morrerá por erros simples que podem custar muito caro.
No entanto, entender o moveset de cada boss e conseguir derrotá-los se mostra bastante satisfatório, com diferentes fatores gerando este resultado. Por exemplo, enquanto a jogabilidade é divertida, e usar suas habilidades para escapar ou atacar é algo bacana, os movimentos e habilidades de cada um dos chefões também são bem interessantes e variados, o que faz com que cada desafio seja único de uma boa maneira.
Progressão do personagem
Estamos falando de um metroidvania, então Prince of Persia obviamente deveria entregar uma boa progressão de personagem, com Sargon se tornando cada vez mais forte na medida em que você avança no título. Isso de fato acontece, principalmente por conta das mecânicas e habilidades desbloqueadas ao longo da jornada, no entanto, senti falta de algo mais robusto no que diz respeito aos amuletos.
Embora eles sejam importantes e ajudem bastante em alguns momentos, também não consegui deixar de sentir que muitos são desnecessários, e que se você focar apenas em alguns específicos não haverá problema algum. Fica a sensação de que os desenvolvedores perderam a chance de entregar um sistema um pouco mais complexo e amplo, que tivesse mais peso durante a jogabilidade e exigisse mais atenção do jogador na hora de criar combinações e fazer upgrades.
Veredito
Prince of Persia: The Lost Crown é um metroidvania competente. A jogabilidade é bastante divertida e variada, impedindo que o jogador fique com uma sensação de cansaço, principalmente se tiver foco na campanha principal. Embora o título sinta falta de um conteúdo mais robusto de maneira geral, para incentivar a exploração, ainda há muito o que se fazer e fãs do gênero certamente passarão boas horas no jogo.
Bastante desafiador, o jogo entrega muitos momentos que exigem muito do jogador, principalmente em várias de suas boss battles, que são bem planejadas. É um metroidvania sólido, começando bem 2024, que sucede um dos maiores anos da história da indústria.
- Bom estilo visual
- Jogabilidade divertida e variada
- Boas habilidades e mecânicas
- Boss battles desafiadoras e satisfatórias
- Conteúdo poderia ser mais interessante no geral
- Parry pode desagradar
- Em alguns momentos tem pouca precisão nos comandos
- Amuletos poderiam ser mais amplos
😕 Poxa, o que podemos melhorar?
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