Desenvolvido pela Rocksteady Studios, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" é um dos jogos mais polêmicos do ano. Passado o hype do lançamento e as discussões iniciais, o título se mantém em uma situação que divide opiniões e certamente será lembrado por todas as discussões que gerou na comunidade de fãs.
Sendo uma continuação direta do universo Arkham, adorado pelos fãs do morcego da DC, "Esquadrão Suicida" segue um caminho diferente dos jogos protagonizados pelo Batman, possuindo uma campanha principal, mas também sendo um jogo como serviço, algo que está bastante na moda.
Desta maneira, o jogo da equipe de vilões atraiu olhares atentos de fãs preocupados. Não demorou muito para que surgisse a preocupação de um projeto genérico levando em frente o legado da trilogia Arkham. Agora, com o jogo lançado, afirmo que "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" não atinge a qualidade já oferecida pela Rocksteady, mas passa longe do fracasso total.
GaaS ou jogo tradicional?
Diferente da maioria dos jogos como serviço, que têm foco total no multiplayer, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" entrega uma campanha principal sólida e divertida, permitindo até mesmo que você a encare sozinho sem grandes problemas.
A questão aqui é que o jogo também é, claramente, um GaaS, seja em sua estrutura ou na forma como tudo foi planejado. Se nos jogos do morcego encontrávamos campanhas fechadas, aqui tudo foi feito para deixar pontas soltas, pois o futuro precisa ser chamativo para os jogadores. Afinal, estamos falando de um jogo que pretende ficar vivo por muitos anos.
Com esse "conflito" causado por duas propostas diferentes, a campanha principal de "Esquadrão Suicida" pode desagradar muitos jogadores que esperam algo fechado em si mesmo, como projeto único. Além disso, a estrutura de missões também potencializa esse contraste, já que aqui, diferente da trilogia Arkham, você encontrará muitas missões iguais, até mesmo genéricas, pois este é um jogo focado em "não acabar nunca".
No entanto, ainda que sua estrutura geral deixe evidente que se trata de um GaaS, o novo jogo da Rocksteady consegue entregar um pouco do que víamos na era de ouro do estúdio no que diz respeito à trama e utilização dos personagens. Com um excelente humor, o jogo entrega uma ótima versão da Força-Tarefa X, aproveitando a loucura dos personagens para tirar boas risadas dos fãs.
Engraçado, porém anticlimático
Um dos trunfos de "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" é justamente fazer o jogador rir já nos momentos iniciais do jogo. Nos primeiros momentos de gameplay, eu percebi que os personagens já estavam me deixando envolvido com o que acontecia na tela, com sorrisos e risadas surgindo naturalmente.
A mesma sensação continuou até o final da jornada. Durante minha aventura controlando os quatro membros do Esquadrão, senti que cada um tinha seu próprio estilo de humor e tudo funcionava na trama. Por exemplo, enquanto o Tubarão-Rei é assustadoramente ingênuo, a Arlequina é insanamente debochada, e ambos são capazes de protagonizar momentos cômicos, assim como seus companheiros.
Com diversas piadas nos momentos certos e boas sacadas, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" usa o humor exatamente da maneira que um projeto envolvendo a equipe deve fazer, felizmente se aproximando muito mais do filme de James Gunn do que do fracasso lançado em 2016.
Por outro lado, fiquei com a sensação de que a trama do jogo perde força e decepciona bastante em momentos que deveriam ter um impacto maior. Talvez a ideia de fazer algo cômico, descolado e que não se leva a sério tenha tido influência neste sentido, mas ainda assim é estranho perceber que certos momentos, que parecem marcantes, são descartados.
Acredito que muitas cenas cruciais da trama, assim como alguns acontecimentos, mereciam mais destaque e atenção, porém, simplesmente acontecem sem peso algum e a história continua. Estes momentos se tornam bastante anticlimáticos e incomodam principalmente fãs de longa data de um universo que costumava entregar enredos grandiosos.
Divertido, mas repetitivo
Assim como sua trama é divertida, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" também consegue entregar diversão com sua jogabilidade. Os combates frenéticos do jogo acabam sendo muitas vezes prazerosos, principalmente nas primeiras horas da jornada, já que explorar as habilidades de cada personagem para acabar com hordas de inimigos é algo muito legal.
Os quatro personagens do esquadrão são variados e eu pude perceber que encarar os inimigos com cada um deles realmente trazia uma experiência variada durante os combates. É interessante também perceber qual se encaixa mais com seu estilo de gameplay.
Porém, um dos problemas do jogo é se tornar repetitivo, talvez até muito rapidamente para alguns jogadores. Aqui voltamos a falar novamente do fato do título ser um jogo como serviço, o que certamente impactou neste ponto negativo. "Esquadrão Suicida" possui muitas missões parecidas, ou iguais, que cansam o jogador até o final da jornada. Isso tira o brilho da gameplay pois você entra em um loop cansativo de ações e atividades.
Travessia ruim
Também aumentando a sensação de cansaço do jogador, o novo jogo da Rocksteady peca bastante em sua movimentação e travessia. Em um momento no qual a indústria entrega jogos cada vez mais impressionantes nesse sentido, Esquadrão Suicida parece estar muito atrás.
Embora se movimentar pelo mapa com o Tubarão-Rei seja divertido e mais prático se comparado aos outros personagens, o resto do esquadrão entrega uma travessia fraca. Senti que as ideias foram boas para todos; no entanto, não foram colocadas em prática da maneira correta se falarmos de botões e todo o resto.
A movimentação acaba se tornando "travada" e, em alguns momentos, pouco funcional, o que quebra bastante o ritmo da jornada e pode ser um fator muito negativo. A travessia pode fazer com que você perca o interesse mais rápido do que deveria, pois não é prazerosa.
Falta conteúdo interessante
Como falei no texto, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" é um jogo como serviço e, por tal motivo, tem a ambição de permanecer vivo durante muito tempo; no entanto, o conteúdo atual não parece ser o suficiente para que este objetivo seja alcançado.
Embora você tenha muito o que fazer em Metropoles após terminar a campanha principal, o jogo rapidamente fica sem graça depois que os créditos sobem. O título se apoia muito no humor e no carisma de seus personagens, e uma vez que não temos mais cutscenes, parte disso se perde.
Além disso, com o problema já mencionado da repetição extrema, "Esquadrão Suicida" não consegue entregar um conteúdo realmente robusto e variado que justifique a permanência do jogador no título. Para lucrar com vendas in-game e para manter os jogadores interessados, a Rocksteady terá que se esforçar mais com a chegada de novas temporadas e atualizações.
O veredito
"Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça" não chega perto da qualidade que víamos nos jogos solo do Batman, mas está longe de ser o fracasso total que muitos esperavam. É um jogo divertido e engraçado, que oferece uma boa campanha com personagens carismáticos.
O grande problema aqui é a repetição e o conteúdo pouco interessante. Ao lado da travessia ruim, estes pontos negativos podem fazer com que o título não alcance o tempo de vida esperado pelos desenvolvedores. "Esquadrão Suicida" também parece funcionar ainda melhor se você fingir que temos aqui um jogo que não faz parte do Arkhamverse... mas, infelizmente, isso não é verdade.
- Estúdio: Warner Bros. Games
- Gênero: Tiro em terceira pessoa (TPS)
- Desenvolvedora: Rocksteady Studios
- Jogadores Multiplayer: Multijogador
- Plataforma: Xbox Series S, PC e Playstation 5
Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça - Veja aqui a ficha técnica completa
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