Semana passada uma votação ocorreu entre membros da organização San Francisco Pride, responsável pela organização de uma das maiores paradas LGBTQ do mundo, decidindo banir a Google de participar de eventos futuros. O motivo é de que a empresa estaria fazendo pouco para combater o discurso de ódio em suas plataformas, principalmente no Youtube. A Google sempre se mostrou como uma empresa LGBTQ friendly e que apoia causas de minorias, mas aparentemente ela fala mais do que faz e não está agradando a comunidade.
Tanto a Google quanto o Facebook e Apple patrocinaram por anos paradas do orgulho LGBTQ como a de São Francisco. Sua presença era evidente por balões e carros com as marcas gigantes e funcionários diversos de alto e baixo escalão. O que essas empresas efetivamente ganham é o que toda grande empresa já consolidada precisa: melhorar a visão de marca. Não se trata de publicidade como para vender algo, mas sim uma estratégia de posicionamento de marca para ter a melhor imagem possível frente a sociedade.
Por que a Google ser banida da parada LGBTQ?
Segundo organizadores da parada de SF, nos últimos meses muitas críticas externas e internas têm sido feitas a Google quanto a sua participação no evento. As acusações são de que em múltiplas plataformas o discurso de ódio está sendo permitido, discursos abertamente homofóbicos, machistas ou racistas, por exemplo. A Google tem feito algumas mudanças em suas políticas quanto a isso, mas levianas demais de acordo com críticos.
Em pleno 2020, empresa alguma tem receio de apoiar causas sociais, na realidade é algo muito benéfico para elas. Os organizadores então decidiram mudar a visão de aceitar todo apoio para pressionar empresas para ganhar a oportunidade e filtrar marcas aproveitadoras de bandeiras de lutas sociais de marcas que realmente fazem alguma coisa pela causa.
Decisão não é final
Por isso, durante reunião da SFP, sete membros votaram a favor do banimento da Google da celebração, ganhando por maioria simples dentre 12 membros. Porém, a decisão não é final e ainda será discutida no dia 5 de fevereiro em uma reunião da mesa de diretores da organização. Há no total 326 membros, dos quais apenas 12 realizaram a reunião e votação oficial sobre o assunto. Por isso, a legitimidade e legalidade do resultado da votação está em cheque.
Mas independentemente da decisão e dos esforços de excluírem a Google de uma das maiores paradas LGBTQ do mundo, a iniciativa vem na verdade de um ex-funcionário da Google, Laurence Berland que lidera demais funcionários e ex-funcionários da empresa que recomendam o banimento da Google. Berland e esses funcionários ainda afirmam que a Google teria o demitido durante a articulação desse banimento da empresa, enquanto a Google afirma ter demitido Berland por questões envolvendo violações da política de segurança de dados da empresa.
Google tem histórico de apoio
Através de um porta-voz, a Google já se manifestou sobre o assunto ressaltando que a empresa tem sido apoiadora da San Francisco Pride por mais de uma década e que é lamentável que 7 membros de mais de 300 decidam banir a Google de apoiar uma causa que para eles seria muito importante. A Google reforçou que segue trabalhando com a mesa diretora da SF Pride nos próximos passos e até uma decisão final ser tomada.
O porta-voz também ressaltou que a Google se opõe a quaisquer leis contra a comunidade LGBTQ e que possui uma política de benefícios de saúde igualitária para seus funcionários, que inclui até mesmo cobertura de cirurgias de transição de gênero.
Mas na prática...
Mas as críticas a Google e a pressão para o abandono da empresa na SF Pride acontece pelo menos a seis meses. O assuntou foi levantado após Carlos Maza, um jornalista da Vox Media, divulgar agressões que ele repetidamente recebia do conservador comentarista do Youtube Steven Crowder na plataforma de vídeos. O comentarista foi abertamente racista e homofóbico por mais de dois anos se referindo a Maza. O YouTube, porém, afirmou que o comentarista não violava nenhuma política da plataforma. Após polêmica, a plataforma retirou do Youtuber a capitalização de seus vídeos como punição. A repercussão chegou até mesmo ao CEO do YouTube que oficialmente pediu desculpas a comunidade LGBTQ.
Agora se o Google ficará mesmo de fora da SF Pride ou não se decidirá somente mês que vem. Mas isso não é realmente importante, o que importa é a pressão que a comunidade LGBTQ está causando sobre essas empresas e o poder que aceitar ou conceder direito a apoio à causa dá as minorias.
Fontes: Vox Media e Gizmodo
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