Recentemente, escrevi um artigo relacionado a manutenção de HDs e SSDs, você pode conferir ele aqui neste link.
O foco dessa vez, continua com relação a nossos dispositivos de armazenamento, porém vamos adicionar mais um elemento a está brincadeira e tirar algumas conclusões sobre as memórias Optane, da Intel, que vem cada vez mais ganhando espaço no mercado, por esse motivo, vamos desmistificar um pouco essa nova tecnologia, e mensurar, se realmente podem existir vantagens na sua aquisição ou se ela até mesmo pode vir a ser a nova alternativa ao SSD.
As memórias Optane, foram desenvolvidas com a tecnologia 3D Xpoint, que promete ser muito mais rápida e ter uma vida útil muito maior que as atuais memórias NAND. Esta nova tecnologia, foi anunciada em 2015, pela Intel e pela Micron, porém apenas cerca de 2 anos após o anúncio ela efetivamente começou a aparecer como um componente hardware a ser usado em computadores domésticos.
Bom, mas o que efetivamente são as memórias Optane da Intel, e como elas podem auxiliar no desempenho do meu computador? A resposta é bem simples, mas para entendê-la é necessário antes compreender como funciona o nosso computador. E para isso, precisamos falar primeiro do nosso processador, que é basicamente o cérebro que controla todas as informações e realiza todas as tarefas do nosso computador, ele realiza essas funções através da interpretação de comandos, chamados de código binário, este código consiste em linhas compostas pelos números 0 e 1, distribuídos de acordo com o comando no qual se quer realizar. Para entender mais veja o artigo completo de como funciona um processador.
Mas e o que isso importa para entendermos? Pois bem, basicamente todos os dados do nosso computador são constituídos por estas linhas de comando de código binário, e para que o nosso processador interprete esses dados e execute as tarefas, as mesmas precisam ser armazenadas em algum lugar, e é aqui que entram as memórias. Na estrutura do nosso computador encontramos 4 tipos de memórias, ROM, RAM, cache e memória virtual.
A memória ROM, é a memória básica do sistema, nela é impossível realizar qualquer tipo de alteração pelo usuário, ela é permanente e armazena dados relacionados a fabricação, números de série, data, hora e funções referentes a BIOS, o sistema gravado nela é chamado de firmware e ela é uma memória não volátil, ou seja, os dados não são apagados quando o computador desliga. Já a memória RAM, é um tipo de memória que armazena dados temporariamente, ela possui alta velocidade de transmissão mas um tamanho reduzido de armazenamento, ela é utilizada pelo processador para a troca de dados, contribuindo para a realização das tarefas, a memória RAM, é chamada de volátil, pois sempre que o computador for desligado, os dados armazenados na mesma serão perdidos.
Partindo para a memória Cache, ela pode ser encontrada no processador, dividida em três setores, L1, L2 e L3, ela possui esse esquema, pois se divide na comunicação entre os núcleos do processador, entre a uso individual e na troca de informações com a memória RAM, a cache assim como a RAM, também é volátil, porém esta possui um tamanho muito reduzido, mas velocidades e custo muito maiores. O cache é responsável por armazenar e realizar a troca entre os dados com a memória RAM, realizando assim todas as operações necessárias para a execução das tarefas. Por fim, a memória virtual, nada mais é do que uma operação lógica do próprio Windows, que armazena temporariamente arquivos no disco rígido, excluindo-os depois de algum tempo.
As memórias estão explicadas, porém agora falta destacar o papel do HD ou SSD neste artigo. Eles são considerados memórias não voláteis, pois são responsáveis por armazenar todos os nossos dados de forma permanente, ou até que desejemos apagá-los, estes dispositivos, ao contrário da RAM e o cache, possuem altas capacidades de armazenamento, e o HD em particular, como funciona com discos e armazena os dados através de impulsos magnéticos é um pouco mais lento que o SSD, que por sua vez armazena os arquivos através de blocos, tornando o procedimento muito mais rápido. Confira tudo o que você precisa saber sobre HDs e SSDs neste artigo.
Agora que já definimos todos os participantes do processo de funcionamento do computador, podemos explicar como ele ocorre e como as memórias Optane, farão parte do mesmo. O procedimento de execução de qualquer programa, vídeo, aplicação, jogo ou qualquer tarefa pelo computador, consiste de um comando do processador, para o disco rígido ou SSD, solicitando os arquivos necessários para a execução do mesmo, daí o dispositivo irá enviar estes dados para as memórias RAM, depois disso, a RAM se encarrega da comunicação com o processador através da memória cache do mesmo, daí então as tarefas são realizadas, neste processo, quanto mais memória cache e memória RAM, você possuir, mais tarefas será capaz de executar ao mesmo tempo, quanto a velocidade, isso dependerá da frequência da memória e velocidade do processador, mas também do dispositivo de armazenamento, o HD, por ser mais lento, leva mais tempo para buscar a informação e enviá-la para a RAM, o que já não acontece no SSD, que consegue realizar este procedimento muito mais rápido.
Em poucas palavras e com uma explicação bem simples, este é o processo de funcionamento do computador. Mas e onde as memórias Optane entram? Elas funcionaram como um tipo de ponte, entre o disco rígido e a memória RAM. A Optane, é uma memória não volátil, e funciona primeiramente realizando uma análise de seus sistema, destacando as aplicações mais utilizadas, daí então ela move estas aplicações para a sua memória. Este procedimento é feito de forma automática, o usuário não pode escolher o que será movido para a memória Optane, dessa forma a memória garante que aqueles arquivos mais acessados fiquem em seu armazenamento, movendo-os para a memória RAM, para uma execução mais rápida. Devido a Optane possuir uma tecnologia nova e muito mais rápida, esta ponte, acaba acelerando muito os processos dentro do computador, a grosso modo, poderia-se descrever como um atalho até os arquivos.
Vale a pena ou não?
Entendendo como funciona o processo, que conclusões podemos tirar desta nova tecnologia? Será que vale a pena? Pode substituir o SSD? Continue comigo que vou tentar responder todas as suas dúvidas.
A memória Optane não é um SSD mais barato e com armazenamento menor, muito pelo contrário, ela pode até ser utilizada em conjunto com o mesmo, porém não garante muitas diferenças de desempenho com este tipo de dispositivo de armazenamento. Já com HDs comuns, a memória Optane consegue oferecer uma diferença muito considerável, deixando o computador muito mais rápido, principalmente na inicialização do sistema. O problema aqui é a as memórias Optane, possuem capacidades de apenas 16GB ou 32GB, então se você executa muitas tarefas pesadas no seu computador ela acaba por não possuir capacidade suficiente para suprir toda a demanda de arquivos frequentemente usados, mas ainda assim, melhora consideravelmente algumas funções do computador.
Se você possui apenas um HD normal, a adição de um SSD ou uma memória Optane, podem mudar completamente sua vida, deixando o computador muito mais rápido. Porém existem algumas circunstâncias que devem ser levadas em conta, a primeira delas é o valor. As memórias Optane, podem ser encontradas com valores na média dos R$200 para as versões de 16GB e R$400 na de 32GB. O valor de um SSD de 120GB acaba ficando na média dos R$300. E isso acaba implantando a dúvida, Optane + HD ou um SSD + HD apenas para dados. Bem, outro fator que pode ajudar na hora de escolher, é a plataforma que suporta as memórias Optane, esta tecnologia foi recentemente desenvolvida e apenas processadores da 7° geração da Intel, com placas mães com socket M.2 dão suporte para este tipo de hardware. No caso, se você possui um processador de gerações mais antigas ou até mesmo um chip da AMD, não será possível utilizar a tecnologia Optane.
Esse é um fator negativo desta nova tecnologia, porém se você possuir todos os requisitos necessários para a utilização da Optane, será que ela é a melhor escolha? A resposta vai depender do tipo de usuário que você é, se realiza a utilização de programas muito pesados, como photoshop, premiere ou outros programas de renderização, o ideal seria utilizar-se de uma memória Optane de 32GB, porém o custo benefício fica muito alto, apesar de ela trazer um desempenho levemente melhor do que de um SSD. Neste caso o SSD seria a opção mais aconselhada, pois o maior espaço de armazenamento ajuda muito na renderização e em programas mais pesados. Mas se você é um usuário casual, que joga alguns games, utiliza poucos programas e quer apenas extrair o máximo de velocidade de seu computador, a memória Optane é altamente indicada, os 16GB irão influenciar bastante no desempenho e o custo benefício será muito válido.
Agora quanto ao uso do SSD + a Optane, em minha opinião, a diferença é pouca para o investimento, mas se você é um entusiasta e que extrair o máximo desempenho do computador, a combinação é válida, se você possuir a grana para investir, mas não espere grande diferença.
Quanto ao futuro, é previsível esperar que tanto SSDs como as memórias Optane comecem a baratear, e isso poderá mudar e muito as vantagens em cada segmento, sendo possível até especular SSDs com a tecnologia 3D Xpoint. Mas e o que você achou? Comenta aí pra gente, o que acha desta nova tecnologia, será que ela vai ser capaz de aposentar os atuais SSDs? E não esqueça, se tiver dúvidas ou sugestões de pautas, só deixar nos comentários.