A fonte de alimentação ou PSU, na maioria das vezes é o último item do computador a ser escolhido, e nessa hora é que começam a surgir as dúvidas, quantos Watts eu vou precisar para que minha fonte dê conta da máquina? qual marca escolher? PFC ativo? Selo 80 Plus? Bom, para esclarecer esta e outras dúvidas, vou fazer um compilado de informações que vai facilitar sua vida, e ainda ajudar a aliviar o seu bolso, tanto na hora de escolher a melhor fonte custo/benefício como na hora de pagar a conta de luz.
Mas antes de mais nada, precisamos entender o papel da fonte de alimentação, no nosso computador. Que como o próprio nome sugere, é responsável por fornecer o "combustível" aos componentes do computador, que como qualquer outro eletrônico, funciona através da eletricidade. Pois bem, a função da fonte, neste caso é receber e converter a tensão alternada (CA ou AC) fornecida pela rede elétrica em corrente contínua (CC ou DC). No caso a fonte de alimentação converte os 110V ou 220V alternados da rede elétrica em +3,3V, +5V, +12V e -12V de tensão contínua. Assim alimentando os componentes de nosso computador.
Existem dois padrões de fontes de alimentação, as fontes Lineares e as Chaveadas, ambas possuem basicamente o mesmo processo de funcionamento, porém fontes lineares trabalham basicamente com baixas potências, sendo muito utilizadas em notebook, telefones sem fio, carregadores de celulares e aparelhos neste porte, fontes lineares também poderiam trabalhar em altas potências, porém seus componentes precisam ser extremamente grandes para suportarem numeros tão altos. Por este motivo fontes chaveadas são utilizadas para estas funções, pois possuem alta frequência de entrada de tensão, o que favorece o uso de transformadores e capacitores eletrolíticos menores. Não vou me ater a questões técnicas e componentes internos da fonte neste artigo, mas esta pequena explicação já é capaz de elucidar como uma fonte de PC funciona. Ah e o nome chaveada, não tem relação a ela possuir uma chave liga e desliga, e sim a "chaveamento em alta frequência".
Agora que já possuímos uma base de como a fonte funciona, podemos partir para a escolha da mesma, e nesse sentido, o primeiro ponto que geralmente é observado na nossa configuração, é quanto a máquina vai consumir, para isso, muitas vezes pensamos só em nossa placa de vídeo e esquecemos o resto dos componentes e acabamos adquirindo uma fonte não tão potente quanto o necessário. Em outros casos, realizamos uma soma mirabolante de consumo e acabamos por comprar uma fonte overpower, que acaba por sobrar, pensando muitas vezes até em futuros upgrades. Porém, isso vai à contramão das recentes evoluções, pois se percebermos, a tendência de consumo dos componentes vem se reduzindo com o passar dos anos.
Mas se formos pensar, comprar uma fonte mais potente do que necessitamos, faz sentido, pois sobrar muitas vezes é bom não é mesmo? Não necessariamente, uma fonte mais potente, logo, gera mais calor e consumo de energia, porém não vai garantir uma melhor eficiência ou funcionamento dos componentes. Por este motivo, o primeiro fator a se considerar na compra de uma fonte é a sua potência.
Para comprar uma fonte de acordo com nossas necessidades podemos calcular o consumo médio de cada componente e verificar as necessidades energéticas totais, para isso existem ferramentas que calculam o consumo estimado dos componentes e já indicam a melhor fonte para o uso, você pode encontrar esta calculadora neste link. Outra forma, é no próprio site da fabricante da sua placa de vídeo, geralmente nas especificações completas, existe um campo chamado de "Sistema de Energia Recomendado", nele se encontra a potência da fonte recomendada, não só para a placa de video, mas sim para todo o computador. Geralmente a configuração usada para sugerir a potência de fonte, condiz com a placa de vídeo em linhas de trabalho, ou então é superior a ela, garantindo sempre uma pequena sobra de potência por parte da fonte.
Bem, agora que já sabemos a potência que vamos precisar, vamos partir para outros fatores que são extremamente determinantes na escolha da nossa fonte, e que também vão influenciar na potência e no seu consumo.
Porém antes, vale se ater a marca da fonte, marcas pouco conhecidas, ou que oferecem altas potências por preços relativamente baixos e até mesmo fontes chamadas de genéricas, devem ficar de fora de sua escolha, muitas vezes estas fontes não possuem PFC, selos de certificação e até mesmo não entregam aquilo que prometem em suas especificações. Isso porque o fabricante rotura a fonte com a potência máxima de pico, que geralmente é fornecida por apenas alguns segundos ou até pelo fato de medir a potência máxima em situações de temperatura ambiente irreais, o que geralmente não acontece dentro do gabinete ou em regiões muito quentes.
O primeiro item essencial que a fonte deve conter é o PFC (Power Factor Correction), que é basicamente uma mecanismo que corrige a tensão de entrada, para que a fonte não sofra com picos de energia, caso a fonte não contenha PFC, risque-a da sua lista. Se você ainda não sabe o que é PFC Ativo? Então não deixe de ler este artigo.
Existem dois tipos de PFC, o ativo e o passivo, o PFC, além de corrigir a entrada de energia da fonte, também garante a eficiência energética da mesma, fontes sem PFC podem perder de 40% a 50% da energia que recebem e toda essa energia é transformada em calor. Portanto uma fonte sem PFC consome até 50% mais do que sua potência, PSUs com PFC passivo, podem perder de 20% a 30% enquanto fontes com PFC ativo, possuem perda de no máximo 5%. Logo fontes com esta tecnologia garantem um consumo muito menor, de acordo com sua potência.
Para descobrir se a fonte tem PFC ativo ou não, basta procurar essa informação no site do fabricante ou no adesivo de especificações> Uma dica, fontes que possuem chave para a troca entre 115V e 230V não possuem PFC ou possui PFC passivo, por este motivo não são recomendadas as fontes que ainda possuem esse sistema de troca de tensão.
Relacionado também com a eficiência energética da fonte nós temos o selo 80 Plus, este selo foi incorporado pelos fabricantes como uma garantia de qualidade de seus produtos, para garantir o selo, as fontes passam pelo programa de testes da Energy Star, empresa independente que realiza este tipo de análises. Esta certificação possui 6 diferentes categorias, o 80 Plus padrão ou White, Bronze, Silver, Gold, Platinum e Titanium. As diferenças entre cada certificação está diretamente ligada a eficiência. Cada nível de selo, corresponde a eficiência mínima que a fonte conseguiu atingir em determinados níveis de carga de trabalho, esses níveis de carga são divididos em 20% potência nominal, 50% e 100%, sendo no 50% a carga onde a fonte consegue atingir melhor eficiência. A tensão de entrada também é capaz de influenciar nesse número, redes elétricas 230V garantem mais eficiência. Confira a tabela de eficiência para cada nível de selo.
Agora que sabemos que a certificação é um ponto crucial, precisamos entender o que é essa tal de eficiência energética. E pra isso, precisamos saber que existem 2 tipos de eficiências, uma influenciada pelo PFC e a outra que tem relação com o Selo 80 Plus. A eficiência energética garantida pelo PFC é chamada de energia ativa, e é medida em VA, essa medida é usada para definir a corrente alternada de entrada na fonte e cada VA equivale a 1,43 Watts, logo 300VA equivale a 429W (300VA x 1,43W). Em fontes sem PFC, como a eficiência é baixa o consumo em VA é maior, e a energia que é perdida é chamada de reativa, essa energia gera calor, logo, fontes com PFC ativo, geram menos energia reativa e menos calor, e conseguem uma maior eficiência energética, gerando mais potência, com menos consumo, lembrando aquele dado de que fontes com PFC ativo, possuem eficiência de no mínimo 95%.
O segundo fator que garante a eficiência, é o Selo 80 Plus, que se refere aos Watts gastos pela fonte para gerar a potência necessária, como o próprio nome já sugere, fontes com esse selo, são capazes de usar no mínimo 80% da energia que é fornecida a mesma, esta eficiência é garantida em situações de 20%, 50% e 100% de necessidade energética.
Apesar de uma fonte com este tipo de certificação se tornar mais cara, o custo benefício em relação ao consumo de energia acaba sendo muito válido. E vale lembrar também, que um dos requisitos para o Selo 80 Plus é o PFC ativo.
Para exemplificar toda essa explicação, se possuímos uma fonte de 500W sem Selo 80 Plus, para conseguirmos atingir esses 500W, vamos precisar gastar 700W, contando com a eficiência de 60%, 200W serão de perda energética. Agora, se possuíssemos uma fonte com o Selo 80 Plus Titanium, que possui eficiência de 91% para conseguir os mesmos 500W gastamos apenas 545W, uma economia que no final do mês, se seu PC fica muito tempo ligado, em pouco tempo de uso a diferença entre valor das fontes já estaria paga.
Claro que esse é um exemplo fictício, já que no mercado existem poucas fontes com selo 80 Plus Titanium, elas geralmente possuem potência acima dos 1000W e possuem um custo muito alto, sendo usadas geralmente para supercomputadores, dificilmente entrando em pauta para PCs domésticos.
Passando para uma situação mais real, fontes com Selo 80 Plus White e Bronze, são realmente ótimos custos benefícios, elas possuem componentes de qualidade e entregam o que prometem, sem custar rios de dinheiro, claro que se você preferir uma fonte com componentes top de linha, você deverá optar por uma com selos Gold para cima, porém, estas fontes serão encontradas geralmente em altas potências, tornando seu preço muito maior também.
Como escolher?
Bom, agora que você já sabe praticamente tudo sobre fontes, está na hora de escolher a que melhor vai se adequar a sua configuração e que ainda vai te ajudar a consumir menos energia. Depois de termos calculado o consumo médio que nossa máquina vai ter, podemos decidir em escolher uma fonte que atenda exatamente esses requisitos, porém minha dica é, pegue uma fonte que tenha pelo menos 20% a mais de potência. Apesar de ela garantir 80% de eficiência mínima mesmo em 100% da sua capacidade, isso irá gerar muito calor, o que pode contribuir para uma queda na eficiência da mesma, por isso, uma pequena folga é algo que pode ser útil. Agora se você preferir extrair o máximo da eficiência energética da fonte, você deve adquirir uma que tenha o dobro da potência que sua máquina exige, assim trabalhando sempre em 50% ela terá uma maior eficiência, consumindo muito menos a longo prazo, tornando-se assim, um ótimo custo benefício.
Com relação a marca, prefira aquelas conhecidas, busque por reviews ou até mesmo indicação de pessoas que você sabe que entendem do assunto, marcas pouco conhecidas podem ser suspeitas, pois o Selo 80 Plus pode ser falsificado, para garantir você pode acessar o site da Plug Load Solutions, e lá encontrar todas as fontes listadas com o selo.
Particularmente, sempre tive experiências boas com fontes da EVGA, Corsair e Thermaltake, porém existem diversas outras marcas de qualidade no mercado, basta você procurar e escolher a que mais lhe agradar.
Mas e aí, ainda resta alguma dúvida sobre PSUs? Comenta aí pra gente, ou se tiver outro componente que você queira conhecer mais de perto, é só deixar sua dúvida nos comentários.
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