O mercado de notebooks no Brasil costuma viver de extremos: ou se encontram opções mais baratas e simples, ou outras sofisticadas e caras. É difícil achar um meio termo, com algumas qualidades extras sem custar os olhos da cara. É mais ou menos isso que a Samsung tenta fazer com o seu Notebook Flash F30: ele é básico em força bruta, mas tem pitadas de sofisticação um tanto quanto incomuns.
Design e construção: uma belezinha
O principal ponto que segura a afirmação acima é a tela deste laptop: são 13.3 polegadas com resolução Full HD e painel IPS de boa qualidade. O brilho não é muito alto, mas a imagem é vibrante e as cores não distorcem quando se inclina o display. Telas desse tipo só costumam chegar em portáteis que custam acima de 3000 reais em nosso território, e esse quesito acaba sendo o principal trunfo do modelo. É ótimo ler e ver vídeos por aqui.A carcaça é toda de plástico, mas a Samsung também lhe dedicou alguma atenção. Tanto a tampa quanto a parte ao redor do teclado são texturizadas, de modo que parecem outro material. Especialmente onde se descansam os pulsos, o acabamento áspero lembra algum tipo de tecido, e é agradável à vista e ao toque. Além da versão grafite que testei para esta análise, também tive contato com a branca, que me passou a impressão de sujar com alguma facilidade, e isso deve ser considerado pelo comprador.
O teclado é curioso. Tem teclas arredondadas e espaçadas, que se assemelham às de uma máquina de escrever e podem exigir rápido período de adaptação. As teclas têm profundidade média e apresentam um feedback de clique que me agradou. Julgo que este é um ponto positivo do computador, principalmente porque, ao lado do Shift direito, está incluso um leitor de impressões digitais que é muito prático para acessar o Windows e outros serviços sem digitar senhas. O pacote seria perfeito se houvesse iluminação abaixo das teclas, mas reconheço que isso atrapalharia a manutenção de um preço razoável.
O resumo deste segmento é que a construção acompanha a tela como aspecto de sofisticação do Flash F30. Nesse sentido, também é válido mencionar que o notebook é fino, tem apenas 1.37kg e boa conectividade: duas portas USB, uma USB-C, HDMI, saída de áudio P2 e entrada para cartões micro SD, além de bluetooth. É um conjunto agradável visualmente, compacto, leve e com bom número de conexões.
Performance: é preciso atenção
Se você está se perguntando qual é o ponto negativo em meio a tantos elogios, ele é claro: desempenho. O cérebro dessa máquina é o processador Celeron N4000, um dual core com força limitada, que se junta a 4GB de memória RAM (não expansíveis) e 64 ou 128GB (no modelo branco) de armazenamento eMMC.
Esse armazenamento é do tipo flash, responsável por dar nome ao produto, e tem velocidade maior que HDs comuns, mas menor que os famosos SSDs. Ele ajuda o laptop a inicializar programas com certa agilidade, embora limite a instalação de novos conteúdos: depois de atualizar o Windows 10 Home incluso, baixar playlists no Spotify e instalar um ou outro utilitário, eu tinha apenas 22GB livres dos 64GB totais. A solução para aumentar o espaço é inserir um cartão microSD de alta velocidade, usando-o como drive secundário, ou abrir a carcaça e instalar um SSD do tipo M2, já que há um slot disponível - essa segunda opção, inclusive, contribuiria também com a performance do sistema.
Falemos da performance. Quando se trata de Celeron, o discurso mais comum seria o de que ele é um processador suficiente, se só for utilizado para uso básico, como navegação na Web, edição de texto e reprodução de vídeos e músicas. Isso não está errado, mas preciso destacar que, mesmo em tarefas simples como as listadas, foi possível perceber a menor performance desse PC, se comparado a máquinas que ostentam chips Core i3 ou i5. Por exemplo, ao rolar por páginas da Web cheias de imagens e animações, pude perceber uma fluidez levemente menor. Ou ainda, ao reproduzir filmes em HD, quando adiantei a reprodução para um ponto à frente, ele levou uns 5 segundos "engasgando" até estabilizar. E claro, com mais de 4 ou 5 abas simultâneas no Google Chrome, a abertura e a renderização de novas páginas pediu segundos adicionais.
Isso não quer dizer que o Samsung Flash é uma carroça, mas que a limitação de desempenho vai, sim, surgir para os mais atentos ou exigentes. De maneira geral, entretanto, ele foi um ótimo companheiro na criação de textos aqui para o Oficina ou em maratonas de séries na Netflix e no Globoplay. Aliás, para esse tipo de uso, cabe frisar que a operação dele é absolutamente fria e silenciosa, já que a temperatura do processador é mantida passivamente, sem uso de ventoinhas - isso é muito bom para filmes, quando se está sozinho num ambiente pequeno. As caixas de som são boas, não brilhantes, com volume satisfatório, mas som sutilmente abafado.Na saga dos testes de desempenho, eu inclusive fui além: cheguei a instalar o Adobe Premiere Elements e editei um vídeo Full HD nesse notebook, com arquivos de vídeo carregados de um HD externo. Obviamente, a linha do tempo tocou com certas congeladas e a exportação requereu tempo considerável, mas foi possível. Cito isso apenas como curiosidade, porque foi só em textos, vídeos e Web que encontrei resultados condizentes com um uso normal.
Para fechar o pacote, a duração da bateria é outro quesito em que o F30 brilha. Em uso misto, com brilho acima da metade, Wi-Fi ligado, música intermitente no Spotify e navegação na Web, consegui autonomia acima das 7 horas. Foi menos do que as cerca de 10 horas prometidas pela Samsung, mas um grande resultado, claramente acima da média de PCs com Windows que se encontram no Brasil. Padrões de uso diferentes devem resultar em mais ou menos tempo, mas fica um merecido elogio. Este computador foi lançado na faixa dos 2000 reais, mas já pode ser encontrado até abaixo dos 1600. É um preço razoável, em que também se encontram outras opções mais potentes. A questão é que nenhuma delas vai oferecer a leveza, o design, a tela e a autonomia do Samsung Flash, que pode se destacar entre certos consumidores por conta disso. Ultimamente, eu o recomendei para algumas pessoas que estavam interessadas em Chromebooks do Google, mas que precisavam do Microsoft Office completo, que não roda no Chrome OS. É exatamente assim que vejo o Samsung Flash, como uma espécie de Chromebook com Windows, prático como máquina acessória, sendo uma excelente ou péssima escolha a depender do perfil de uso estabelecido, e este deve estar bem claro antes de se comprá-lo. Grandes nomes do varejo online já oferecem o Flash por valores muito abaixo dos propostos pela Samsung na época do lançamento. Aos que já se decidiram por ele, normalmente é válido comprar fora da loja própria da fabricante para conseguir uma oferta mais vantajosa, e elas têm sido muitas internet afora.Veredito: uma questão de perfil
Pontos fortes:
Pontos fracos:
Onde comprar?
😕 Poxa, o que podemos melhorar?
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