O terceiro teclado a receber um review pelo Oficina da Net em 2020 é o HyperX Alloy Origins Core, o novo modelo da HyperX que conta com seus próprios switches, algo que iremos explorar profundamente durante a análise interna do mesmo. Este teclado teve sua vinda ao Brasil anunciada na Brasil Game Show 2019, e já havíamos comentado sobre o mesmo em nossa cobertura do evento, dá uma passada lá caso ainda não tenha visto.
A versão Core é o modelo TKL do Origins, ou seja, o teclado não contém o Numpad - ou teclado numérico - ao lado das "setinhas", e essa é a única diferença entre ele e o Origins. E assim como todos os outros teclados, iremos passar por todos os aspectos do mesmo para trazer o review mais completo possível para vocês em nosso site, então puxem uma pipoca e venham conosco!
Agora você também pode ler o nosso review em inglês, segue o link abaixo:
Construção Externa
Ao pegá-lo na mão pela primeira vez a impressão que tive é de se tratar de um produto realmente premium, o acabamento e balanço do teclado é realmente impecável e é sem dúvidas um dos teclados mais bem acabados que já tive em minha mesa. Uma boa parte disso se dá pela placa superior de alumínio extremamente bem acabada e com chanfros bem arredondados em um estilo que ainda não tinha encontrado em teclados mainstream.
A sua parte inferior segue o excelente nível de acabamento mantendo a chapa de alumínio com chanfros arredondados, ajudando ainda mais na percepção de um produto premium. Também há pés de elevação em dois níveis e ambos tem borracha nas pontas, certificando-se que o teclado fique bem plantado na mesa.
Outra ótima notícia é o fato ser removível e USB-C para USB-A além de usar o conector padrão em ambos os lados - obrigado HyperX- , ou seja, você pode utilizar ele tanto para carregar seu celular como para ligar o teclado, e vice-versa. Ele conta com revestimento trançado de Nylon e não é muito flexível, mas por se tratar de um teclado não vou remover nenhum ponto por isso, e tem também 1.8 metros de comprimento.
Agora vamos para o próximo aspecto que são suas keycaps, que é um assunto bastante polêmico. Primeiramente lembro que não há sets extras de keycaps para teclados no padrão ABNT2, que é exatamente este padrão e isto inclui o set da própria HyperX comercializado aqui no país.
Keycaps
Com vários concorrentes que custam literalmente 3 vezes menos que o Alloy Origins já utilizando keycaps estilo Double-Shot eu não esperava ver menos do que isso no mais novo teclado da HyperX, afinal até a Razer já começou a inserir tal tipo de keycap em seus novos teclados.
Mas infelizmente não é o que vemos aqui, temos mais uma vez o genérico plástico ABS com recorte a Laser e que como já sabemos apresenta não só desgaste visual depois de algum tempo de uso como também perde os seus caracteres após longo tempo de uso pela tinta descascar ao longo dos caracteres.
Claro que os métodos de pintura das keycaps melhorou nos últimos anos, trazendo um pouco mais de resistência no longo termo, mas ainda assim não vejo desculpa para não terem eliminado um possível problema de uma vez utilizando-se de keycaps Double-shot. Para um teclado de R$ 600 em 2020 utilizar Laser como método de impressão de caracteres não é visto como algo bom e é a primeira falha que vejo no teclado que de outras maneiras tem me confortado bastante.
Então HyperX comecem a utilizar Keycaps Double-Shot PBT em seus teclados, afinal vocês já cobram um preço premium pelos mesmos e queremos ver os melhores produtos vindo da da empresa também.
E se alguém tem alguma dúvida sobre uma possível diminuição do brilho pelas keycaps não se preocupem porque o brilho fica tão bom quanto nas keycaps originais, e isso vocês podem ver na foto acima também.
Iluminação
Já este aspecto do teclado é um dos seus pontos fortíssimos, algo que na feira da BGS 2019 eu não pude notar muito, mas que em cima da mesa utilizando-o no dia-a-dia é uma das coisas que mais chamam a atenção no modelo.
A luz vem na medida perfeita as teclas, não há iluminação demais a ponto de doer seus olhos mas também não há de menos a ponto de não conseguir enxergar os LEDs em ambientes bem iluminados. Todas as teclas são extremamente bem iluminadas e só consigo ver um pouco de fading em caracteres impressos na parte inferior da keycap enquanto que os centrais são iluminados perfeitamente.
Compará-lo com outros teclados lado a lado é quase que uma covardia, a iluminação é realmente bem superior nos outros modelos e isso é simplesmente inegável, independente da cor que seja utilizada no mesmo.
A única dica que dou é se for utilizar na cor branca, coloque um pouquinho de verde na mistura pelo software da marca, digo isso pois os switches tem parte do seu housing em vermelho e isso reflete nas keycaps, dando uma mínima impressão vermelha quando utilizando o tom de branco.
Construção Interna
Agora chega de falar da parte de fora do teclado, vamos desmontá-lo e ver se sua qualidade interna é tão boa quanto a externa. Para abrir o teclado basta remover as keycaps - removedor não é incluso na caixa :( - e tirar os parafusos superiores e as presilhas toda em volta do teclado, recomendo utilizar objetos plásticos para não arranhar o alumínio do teclado.
Agora sim vamos ver como é a estrutura interna do Origins, e para a felicidade de todos temos um teclado bem construído por dentro também. O capricho interno infelizmente não segue as linhas da qualidade externa, mas ainda é um bom nível e garante que problemas por montagem dificilmente aparecerão.
Primeiro vamos falar das soldas, aqui não está tudo perfeito como já vimos em outros teclados, mas a qualidade também não está ruim. Pude notar somente uma solda re-trabalhada enquanto que o resto não se mostram perfeitas, mas também não há nenhuma com solda demais nem de menos e todas respeitam a área de solda.
Agora vamos para a controladora que faz todo o trabalho de salvar os perfis, executar os efeitos de iluminação e guardar os macros e funções adicionadas as teclas do teclado. No Origins Core temos o modelo Sonix SN32F247B com processador 32-bit ARM Cortex-M0, 8KB de RAM e 64KB de memória Flash. Isso significa que o teclado tem espaço interno para guardar perfis de iluminação, macros, efeitos dentre outros, algo que a HyperX confirma com os 3 perfis disponíveis para o teclado.
Eu acabei por não remover o acrílico que fica por cima dos LEDs, para remover eu bem provavelmente danificaria o switch e como tenho que devolver o teclado e outras pessoas receberão para fazer análise, não quero estragá-lo. Mas pelo que pude ver, aparentemente temos LEDs SMD 5060, que são RGB de natureza e te duração maior do que modelos 5mm comuns.
Em geral a construção interna do Origins não desaponta, soldas estão OK e passam tranquilamente no teste de qualidade, a PCB está bem organizada e relativamente limpa, os LEDs também não sofrem críticas e a controladora faz tudo que o teclado oferece sem chegar a limite de processamento. Como sempre, deixo minha galeria de fotos do teclado logo abaixo.
Switches
Aqui é uma parte um tanto quanto controversial, especialmente quando se trata do público entusiasta e mais exigente. Marcas já consagradas como Cherry e Gateron são as grandes recomendações quando se fala de switches de qualidade, há cada vez mais fabricantes adotando switches de outras empresas, como Kailh, Outemu e no caso do Origins, a própria HyperX.
A própria empresa disponibilizou um vídeo falando sobre e demonstrando detalhes sobre a fabricação e testes dos switches, vou deixar o vídeo abaixo para melhor visualização. O seu ponto de ativação fica em 1.8mm enquanto que a distância total de pressionamento é de 3.8mm além de serem testados para até 80 milhões de pressionamentos, algo que é bem difícil de testar na vida real.
Como visto na foto acima, nosso modelo é o HyperX Red que a marca compara diretamente com os Cherry MX Red. A primeira coisa que noto é o peso, que mesmo sendo o mesmo segundo as fabricantes há uma clara diferença, ao meu ver em favor do switch da HyperX. Seu peso levemente maior me dá mais conforto e segurança ao digitar, não sendo leve demais a ponto de pressionar um switch ao repousar um dedo sobre a tecla, o que acontece com os Cherry Red.
Outra coisa é o seu silencio que vem em parte por sua boa lubrificação que dá ótima suavidade ao pressionar a tecla, realmente estou gostando bastante destes switches, mesmo sendo cético a modelos próprios.
Sobre durabilidade, como falei, é difícil dizer se vai durar anos, afinal só o temos por aqui por algumas semanas e é difícil algum switch apresentar falhas em tão pouco tempo. De resto, gostei do switch durante o uso e até o momento, e o escolheria em cima de Cherry Reds.
Software
O Software acaba por ser uma mistura de pontos positivos e negativos, até porque o mesmo ainda está em versão Beta e bem limitado ao uso. Recomendo que por momento mantenha o mesmo desinstalado até porque não é possível rodá-lo em segundo plano, algo que vejo como ponto bem negativo.
Vamos então a sua experiência de uso, você deve baixar o programa diretamente na loja da Microsoft, basta digitar HyperX NGenuity que ele irá aparecer, clique em adquirir e posteriormente em baixar. OBS: Não é necessário estar logado na loja para fazer o download.
Ao abrir o programa, a primeira coisa que reparo é que seu visual é bonito e é percebível que o programa recebeu bastante atenção neste aspecto. Agora quando se trata de usabilidade, bom, dá sempre para melhorar um pouco. Ao abrir o software ele demora um pouco para reconhecer o teclado, e quando reconhece só aparece "Teclado", quando que poderia ao menos colocar o nome do produto.
Ao clicar em teclado, temos algumas opções de iluminação com efeitos limitados e alguns que não funcionam muito bem. Para você utilizar um efeito é necessário adicioná-lo ao teclado e aí escolher a ordem de prioridade do efeito (???), além de ser necessário desativar os outros para tudo funcionar corretamente. É bem bagunçado e bem pouco intuitivo também. Ah, ele deixa você selecionar quais as teclas que você quer iluminar, e só, não há separação de zonas ou seleções diferentes para fazer a bandeira do Brasil por exemplo.
E quanto mais eu mexo no Software, mais eu vejo que ele é bem mal desenhado e a necessidade de refazê-lo é bem grande. Só de abrir o programa meu teclado já parou de funcionar, sendo necessário reconectá-lo para funcionar de novo. Mas vamos continuar, agora indo para a parte de macros e designação de teclas.
Essa sessão do Software foi melhor planejada do que a parte de iluminação, aqui selecionados a tecla que queremos definir uma nova função e aí uma pequena lista abre, nela podemos escolher se queremos um outro botão, tecla multimídia, macro ou abrir um programa específico. O problema fica na hora de criar combinações já que não é possível selecionar mais de uma tecla ao mesmo tempo, ou seja, nada de selecionar FN + 1 para fazer um novo atalho, a tecla que você escolheu simplesmente para de existir e é substituída pela função que você escolheu, o que torna a designação um pouco sem sentido para a grande maioria das pessoas.
Mesmo estando em uma versão Beta, não acredito que o programa neste estado deveria ser liberado para o público, afinal é muito mais rápido desenvolver algo interno do que liberar em estágios iniciais e depois ir atualizando. Se você comprou qualquer periférico da HyperX que está a utilizar essa versão do programa, recomendo fortemente que não utilize-o até o mesmo estar em condições usáveis pois além dele ter trancado o nosso exemplar há relatos que vários mouses pararam totalmente de funcionar, inclusive eles estão na própria página do programa.
Novamente, não recomendo baixarem o programa neste momento, esperem até a empresa atualizar e deixá-lo em um estado no mínimo usável, pois no momento não creio que este seja o caso.
Veredito
O Alloy Origins é um teclado que esbanja qualidade de construção, sendo não só extremamente robusto como também dando excelente sensação ao toque, algo de um teclado realmente topo de linha e que acaba por deixar muitos concorrentes - e até teclados da própria marca - parecerem teclados baratos.
Mas, como nada é perfeito, temos duas falhas que devem ser corrigidas para garantir que este teclado se estabeleça como uma ótima opção dentro do mercado de teclados mecânicos RGB: suas keycaps e seu Software.
No momento o NGenuity está inutilizável e as funções que ele dá ao teclado ele também tira, o tornando inútil por causa dos problemas, pelo menos até a data de hoje. O lado bom é que é um programa, e como qualquer outro ele pode ser atualizado e voltar a funcionar totalmente, só é necessário esperar, e quanto não sabemos.
Já sobre as keycaps, por se tratar de um teclado com Layout ABNT2 se alguma der algum problema algum dia fora da garantia - que é de 1 ano - você terá que contar com a boa vontade da HyperX para repôr ou revender um novo set de keycaps para você. Claro que você também pode se livrar disso comprando a versão internacional do teclado e adicionando um set de keycaps Double-shot PBT - o que adiciona cerca de R$200 a 250 a mais, mas que aí o deixa em um patamar bem elevado - e isso nem sempre é uma opção para todos os usuários.
Então, no final, recomendo ou não recomendo o HyperX Alloy Origins Core RGB por cerca de R$600? Para os usuários que procuram um bom Custo x Benefício o Origins não é o que você procura. Para aqueles que querem algo que tenha uma qualidade de construção absurda e está disposto a pegar a versão com Layout Internacional e junto um set de Keycaps PBT Double-Shot de alta qualidade, ele se torna uma opção bem interessante e que eu o consideraria, isso claro após arrumarem a bagunça do software.
Pontos Fortes:
- Construção Externa Impecável;
- Uma das melhores iluminações em um teclado mecânico;
- Cabo removível USB-C;
Pontos Fracos:
- Software é inexistente no momento;
- Keycaps com layout brasileiro não tem reposição;