O G915 TKL foi lançado há poucos dias auqi no Brasil e a Logitech nos enviou uma unidade para review. Ele chegou custando cerca de R$ 1500 mas deve baixar conforme os meses passam, assim como acontece com quase todo periférico da marca aqui no país.
Como o título diz, este é o modelo TKL, então você não encontrará o Numpad na lateral direita do mesmo, porém ainda não perde os botões extras superiores assim como o Scroll que também se mantém no canto superior direito do mesmo. Será que ele vale um salário mínimo e meio? Vamos conferir.
Construção Externa e Design
Sem dúvidas um dos pontos fortes neste teclado é a sua aparência, acho que ainda não vi um usuário e/ou amigo que não achou o teclado muito bonito, não que isto não possa acontecer. A sua placa superior é toda em metal escovado, o que dá uma aparência bem elegante ao mesmo. Além disso ele também é bem fino, com altura inferior a 2 centímetros, fazendo-o um dos modelos low-profile mecânicos disponibilizados no mercado brasileiro.
Na sua traseira podemos ver o conector micro-usb para carregamento e utilização via cabo (poderia ter vindo com USB-C, ainda mais por este preço) e o botão slider para ligar/desligar o teclado. Atento que para utilizar o teclado com fio é necessário estar com o switch na posição ligada, tá bem?
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Na parte inferior do mesmo encontramos um espaço dedicado para o receiver sem fio, ele fica perfeitamente encaixado na carcaça do teclado e vai ser muito útil para quando você quiser transportá-lo ou até carregá-lo, pois sempre saberá onde o receiver está.
Além disso também encontramos os pés de elevação traseiros, um deles para inclinar o teclado em 4° e outro maior para inclinar em 8° e é o que eu pessoalmente prefiro. Além dos pés também temos um adesivo com algumas informações sobre o teclado..
Assim como na parte inferior, suas laterais ficam reservadas a utilizarem material de plástico. Normalmente não reclamo deste tipo de coisa, mas quando vejo um teclado de R$ 1500 usar plástico na parte lateral e traseira quando modelos na faixa dos R$ 500-600 como o HyperX Alloy Origins utilizarem metal em todo o seu redor, acho que posso cobrar a Logitech um pouco mais.
Keycaps
Suas keycaps são do tipo "chiclete", o que significa que elas também foram desenhadas com o baixo perfil do teclado em mente, além disso os seus encaixes não são em formato de cruz como estamos acostumados a ver em modelos mecânicos. A utilização dos switches Kailh Choc significa que o mesmo utiliza dois pinos - um de cada lado - para prender a keycap aos switches.
Há três problemas nesta keycaps: a fragilidade e a dificuldade de adquirir um novo set. O encaixe de dois pinos utilizado neste switch faz com que seja difícil encontrar novas keycaps para trocar caso alguma quebre e/ou desgaste com o tempo, inclusive eu só encontrei 1 set da KPrepublic para comprar e o mesmo se encontra indisponível.
Além disso, ainda há a grande fragilidade de keycaps da marca sempre apresentaram, e com o K915 isso não é diferente. Já vi várias análises deste teclado onde as keycaps simplesmente quebraram ao serem removidas devido a fragilidade das mesmas, e isso não é nada bom.
Não me importo de utilizarem este design diferente de encaixe, mas que pelo menos incluam boas keycaps que durem vários anos junto. Utilizar um encaixe diferente que tem poucas opções para troca e ainda incluir keycaps de baixa qualidade não é o ideal, ainda mais para um teclado deste preço.
Bateria
A bateria é sem sombra de dúvidas um ponto forte do teclado, mesmo com a iluminação sempre ligada em modo rainbow ele durou vários dias de uso intenso - cerca de 8 a 10 horas por dia, marca excelente para um teclado que tem não só alto desempenho como bastante consumo em sua iluminação.
Infelizmente a Logitech não comenta sobre a capacidade da bateria do teclado, mas isso é algo que pretendemos descobrir assim que fomos para a análise da construção interna do mesmo, que é a próxima etapa do review. Antes de continuarmos, este teclado utiliza conexão LightSpeed 2.4 Ghz para se comunicar com o PC e o adaptador vem incluso na caixa, ele também tem o modo Bluetooth com quickswitch direto no teclado, porém aí é necessário que você tenha um dispositivo com conexão BT.
O que a Logitech fala sobre é a durabilidade, em seu site é dito que a bateria dura 40 horas com a iluminação em 100% de brilho, porém acredito que possa chegar a ultrapassar esta marca, pelo menos é o que os testes que fiz indicaram.
Se você desligar a iluminação ou diminuir o brilho, aí a durabilidade aumenta ainda mais. Eu deixei o brilho em 70-80% - o que já fica muito bem iluminado - e o teclado durou cerca de 50 hora, ou seja, excelente performance. Se este é um dos requisitos do teclado, pode ter certeza que o G915 TKL vai ir muito bem.
Iluminação
Essa parte é novamente um ponto forte do teclado, além de ser muito bem feita com efeitos bem definidos e customizáveis, ainda tem excelente consistência nas teclas e o brilho pode ser ajustado de acordo com o gosto do usuário.
A Logitech utilizou LEDs RGB SMD, porém não consegui identificar exatamente qual é o modelo exato que está presente no teclado. Ainda assim, todos devem durar um bom tempo e se caso você tenha algum problema estará coberto por 2 anos de garantia da marca aqui no Brasil.
Construção Interna
Confesso que chegar nas partes internas do teclado demorou quase 1 hora, ele é bem chatinho de abrir e como não há nenhum guia online, tive que ir nas famosas "tentativas". Felizmente consegui abri-lo e assim fazer a análise interna completa do mesmo. É necessário remover as keycaps e os parafusos na parte superior, na parte inferior há 4 parafusos expostos, 3 que estão escondidos embaixo das borrachas de apoio (1 na frente central, 1 na traseira esquerda e outro na traseira direita), aí há mais dois parafusos escondidos embaixo do adesivo do teclado, ao removê-los é necessário desencaixar o compartimento da bateria onde há mais 3 parafusos e aí sim você pode finalmente abrir o teclado.
Enfim, agora que estamos com o teclado aberto, vamos ver como ele é por dentro. A primeira coisa que noto é que sua bateria é de apenas 1500mAh, menor do que modelos como o ANNE Pro 2 e o BlitzWolf BW-KB1 que contam com 1900mAh. Ainda assim, a Logitech é muito boa em otimizar consumo de energia e isso é prova com sua grande durabilidade de 40 ou mais horas ligado. Além disso a mesma usa conector 3 pinos, o que significa que caso seja necessário, você pode trocar a bateria.
Agora vamos falar das soldas, que estão muito bem feitas. Estava com saudades de ver um teclado com soldas caprichadas na PCB e o G915 TKL sem dúvidas é um que tem capricho. Não há solda demais nem de menos, não há soldas frias e nem retrabalhadas assim como toda a PCB está completamente limpa, show de ver.
Sua controladora / receptor sem fio fica no topo do teclado como é possível ver nas fotos da galeria. A mesma utiliza tecnologia 2.4 Ghz ou Bluetooth para se comunicar com o dongle que vem incluso com o teclado ou dispositivo equipado com conexão Bluetooth. No meio do teclado encontramos dois microprocessadores U4 128 3733B, também presentes na galeria de fotos abaixo.
Em geral o teclado é realmente bem feito por dentro, ele gabarita esta parte do review e não vejo nada que possa fazer com que o mesmo tenha uma baixa durabilidade. Abaixo fica a galeria de imagens internas para vocês darem uma olhadinha por dentro do mesmo.
Switches
Como alguns de vocês já devem saber, a Logitech deixou de utilizar switches Romer G e começou a utilizar modelos da Kailh, o que é uma boa notícia. No G915 TKL encontramos switches Kailh Choc Brown que tem sido a escolha de mais empresas para teclados low-profile, como por exemplo a Sharkoon e o seu teclado PureWriter.
Eles são switches bons que tem uma carcaça bem compacta possibilitando que os teclados sejam mais finos mas mantendo uma boa distância de ativação e feel ao utilizar o teclado, além da boa durabilidade que os switches da Kailh tem apresentado em sua melhora nos últimos anos.
O maior problema deste switch é o seu encaixe para as keycaps, na verdade não é um problema do switch em sí mas sim da falta de opções no mercado para utilizar neste encaixe, e em conjunto com keycaps de baixa qualidade da Logitech fica ainda mais complicado.
Claro que conforme o tempo passa pode ser que disponibilidade de sets custom comecem a dar as caras, assim como a Logitech pode (deveria) começar a vender sets separados para clientes poderem repor keycaps que quebraram.
Software
O software que é utilizado no G915 TKL é mesmo que em outros periféricos da marca. O Logitech G Hub já passou por várias atualizações e hoje se mostra um programa bem desenvolvido e maduro, mas que infelizmente acabou perdendo uma ou outra funcionalidade que eu achava interessante. Uma delas é o fato de você não poder mais escolher o tempo de resposta dos periféricos, mas enfim, vamos análisar o software e ver o que é e não é possível fazer neste programa.
Ao abrir o programa a primeira coisa que vemos é o painel de seleção de periféricos. Caso você tenha mais um modelo Logitech plugado ao computador por USB, ele irá aparecer. Em nosso caso queremos acessar o G915 TKL.
Há bastante variedade com o que você pode fazer com o teclado, vamos começar pela iluminação do mesmo. Aqui você pode escolher entre efeitos já prontos (Presets), fazer um efeito personalizado (Freestyle) ou escolher animações específicas que variam dependendo do efeito (Animations), um exemplo é o visualizador de áudio pelos LEDs do teclado.
Na segunda aba podemos definir as funções de teclas no G915, você pode definir ações específicas, macros, funcionalidades multimídia e várias outras possibilidades, o G Hub é bem completo neste aspecto.
A última aba é a Game Mode que simplesmente deixa você habilitar ou desabilitar o modo para desativar funções como Alt + F4 do teclado enquanto você joga. Note que o modelo tem um botão físico dedicado a isso logo acima do Function Row.
A última parte do software são as configurações gerais do teclado, aqui você faz alguns ajustes de comportamento do mesmo, como por exemplo quanto tempo ele demora para ligar ou desligar os LEDs.
Como de costume, acho o G Hub um dos melhores programas de periféricos do mercado, competindo de perto com o Razer Synapse 3 que também apresentou grandes melhoras se comparado ao seu antecessor.
Conclusão
Mesmo sendo um teclado de boa qualidade e que tem vários pontos positivos ao seu favor - principalmente a parte de conexão sem fio, construção geral e bateria - eu acabo por não recomendar o Logitech G915 TKL por um simples motivo: o seu preço.
Custando na faixa dos R$ 1500~ este teclado é caro demais e não consigo justificar gastar um salário mínimo e meio em qualquer teclado, não importa o quão bom ele seja. Se eu fosse falar sobre um teclado na faixa dos R$ 700 - 800 aí a história seria completamente diferente, mas este não é o caso. Inclusive ele também é considerado muito caro lá fora, onde vende a U$$ 239, um tanto quanto salgado.
É uma pena não indicar um teclado que até que gostei de usar pela praticidade e sem dúvidas tem muitos pontos fortes, espero que a marca possa trazer algo mais barato em quem sabe uma próxima versão e aí sim a gente possa recomendá-lo tanto aqui no Brasil quanto no mercado internacional.