A grande maioria dos usuários de streaming de música se atentam atualmente para o bitrate em que a música é reproduzida e o formato do arquivo utilizado. Mas será que é isso que faz um serviço de streaming ser melhor que outro? Por incrível que pareça, ao contrário do que a propaganda da sua plataforma favorita de transmissão de músicas pela internet diz, não são estes dois fatores que farão com que uma faixa soe melhor que outra.
Claro que o formato da música poderá influenciar, mas atualmente os serviços de streaming estão utilizando formatos que entregam uma boa qualidade sonora independente do streaming. Então você deve estar se perguntando por que você ainda sim houve por vezes diferença na qualidade entre uma plataforma e outra (Tidal, Deezer, Spotify, Apple Music, YouTube Music, Amazon Music). A resposta está na maneira como os arquivos de música e álbuns são enviados para os serviços de streaming, como eles são tratados e o padrão de reprodução utilizado por cada um.
Observação: Para entender melhor a questão de formatos de música, é recomendado ler o artigo "Saiba a diferença entre MP3, FLAC, Opus e AAC".
Os serviços de streaming possuem um padrão para receber músicas e reproduzi-las
Os serviços de streaming possuem um padrão para utilizar as músicas dos artistas em seus serviços. Devido a este protocolo exigido, engenheiros de masterização são obrigados a ajustar as músicas especificamente para o streaming de música. Um dos motivos para isso é tentar adequar as faixas para entregarem um "desempenho melhor" em fones de ouvido (por vezes Bluetooth TWS) e caixas de som Bluetooth. Outra razão para esta alteração do áudio é para obedecer aos níveis de LUFS exigidos por cada serviço de streaming.
O que são LUFS e o que eles causam nas músicas?
LUFS significa Loudness Unit Full Scale e é uma escala utilizada para medir o nível máximo que um sistema de áudio pode suportar. Basicamente LUFS são unidades medida utilizadas para quantificar o volume percebido de uma música. Para fazer isso, analisa-se o nível médio de altura ao longo da reprodução de uma faixa.
As leituras de LUFS são realizadas em números negativos (Exemplo:- 14 LUFS, -9 LUFS). Quanto menor o valor negativo, mais alto será o nível médio de volume. De acordo com o site productionadvice, a maioria dos serviços de streaming utiliza como média - 14 LUFS (TIDAL e Spotify), porém, por ser uma média, estes valores podem variar de acordo com o álbum ou música. Esta variação pode ser conferida através das medições feitas pelo skonrokk-studios.
Porém, há uma diferença em como são tratados estes níveis de volume em cada serviço. O Tidal, por exemplo, é um dos poucos (se não for o único) que realmente utiliza os LUFS, pois ao detectar uma música mais alta (- 10 LUFS, - 5 LUFS) , ele realiza um aumento do número negativo, deixando a música mais baixa e trazendo ela para - 14 LUFS. Porém, de acordo com o site productionadvice, se a música é mais baixa (- 16 LUFS, - 18 LUFS), ele não altera o nível de LUFS "original".
Mas ao analisar serviços como o Spotify, você notará que caso a música original possua nível de volume abaixo dos - 14 LUFS, ele aplicará um ganho. Claro que há um algoritmo (não revelado) para evitar distorções, mas nem sempre se tem um bom resultado, pois ao aumentar o volume, você pode causar uma compressão do som e mascarar algumas frequências da música. Então, para evitar isso, alguns engenheiros de som podem se utilizar de programas automatizados, como é citado pelo site masteringmastering ou então elevam toda a faixa da música para os extremos, causando uma compressão violenta do áudio, deixando-o com o som totalmente degradado.
Observação: Para entender melhor sobre o aumento de volume e mascaramento de frequências, leia o artigo "O que é profundidade de bits no áudio (audio bit depth)?".
Há uma solução para tentar evitar a elevação dos dB nas músicas, o site loudnesspenalty, que tem o objetivo de dizer se a faixa sofrerá alguma alteração de LUFS e se sim, em quantas unidades de volume, de acordo com o padrão praticado pelo serviço de streaming, haverá de diferença após a alteração. Assim, o responsável pela masterização saberá em que faixa de volume ele poderá trabalhar no máximo. Entretanto, muitos pensam que quanto mais alto melhor, e isto acaba trazendo a compressão e perda de dinâmica da música (sons são mascarados), embora este aspecto agrade a muitos (volume alto). Então, os produtores ficam em uma encruzilhada, pois se colocar um nível de LUFS baixo, muitos ouvintes irão reclamar, se colocar um volume alto, poderá prejudicar a música, daí o desafio de achar um ponto que agradará a todos em qualquer serviço de streaming (Tidal ou Spotify, por exemplo).
Além da solução citada acima, de acordo com o site productionadvice, o Spotify, na tentativa de evitar o corte de picos da música ao realizar o aumento do nível de volume de uma música mais "baixa", utiliza-se de um software limitador de pico. Obviamente, nem sempre isso irá gerar bons resultados nas músicas.
De acordo com o site productionadvice, o nível ideal de volume para grande maioria dos gêneros musicais é de - 9 LUFS ou menos nos momentos mais altos da música, ou seja, em curtos períodos. Ou seja, o ideal é colocar o mais baixo possível, o suficiente para que todos os instrumentos sejam escutados em suas nuances e evitar, evidentemente, de colocar tudo em um mesmo volume.
As diferentes masterizações de um mesmo álbum
Além da questão citada acima, ainda há o fato de que existe um mesmo álbum de diferentes anos com masterizações diferentes e consequentemente qualidades diferentes (uns com o som mais comprimido que outros).
Conclusão
Pelas razões ditas acima, para que se tenha o mínimo de variação de LUFS possível, o ideal é pelo menos você desativar a função "normalizar o volume" do seu serviço de streaming. Entretanto, evidentemente não há como fugir das masterizações realizadas, então a saída é experimentar o maior número de serviços de streaming e analisar em qual deles os seus artistas preferidos possuem músicas e álbuns com uma qualidade melhor. Talvez você tenha a boa descoberta de que não há diferença para as músicas que você escuta de um serviço para outro.
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