Há alguns anos, a Sennheiser decidiu firmar uma parceria com o site norte americano de vendas coletivas Massdrop (atualmente chamado de Drop). Inicialmente o Massdrop começou fazendo negócios de revenda com os fabricantes, onde havia um determinado desconto a partir de um certo número de unidades e então o site abria para pedidos diversos itens para compra em que os usuários compravam e tinham seus produtos enviados em uma data especifica (avisada em cada anuncio). Porem, com o tempo, a loja de venda coletiva de produtos cresceu e com a popularidade maior, decidiu lançar produtos "próprios" que eram fabricados conforme as especificações que se pretendia (geralmente com materiais mais básicos para diminuir o custo e oferecer algo por um preço muito baixo e com qualidade), e assim surgiu o headphone Sennheiser HD6XX, uma versão mais barata do clássico Sennheiser HD650.
O objetivo deste review (análise) é poder esclarecer as diferenças entre o Sennheiser HD6XX e os seus irmãos Sennheiser HD600, HD650 e HD58X, além de descrever tudo o que percebi sobre o HD6XX, claro. Entretanto, antes de começar, quero salientar que o HD650 eu ouvi há muito tempo e o HD58X, embora eu tenha tido a oportunidade de ouvi-lo mais recentemente, não foi por muito tempo.
Estrutura
O Sennheiser HD6XX é um fone do tipo cirunaural (ou over-ear) e possui suas cups abertas. Por ser um over-ear aberto, ele possui uma característica mais natural em seu som (para saber as diferenças entre um fone de ouvido aberto ou fechado acesse aqui). Suas cups (conchas) são consideravelmente grandes, assim como os seus irmãos (HD600, HD650 e HD58X), porém são leves, proporcionando um bom conforto ao utilizá-lo.
Ao pegar no HD6XX, me passou a sensação de que sua estrutura é mais simples comparado a do heaphone Sennheiser HD600. O que me fez pensar isso foi o acabamento (qualidade da pintura) e a leveza (mais leve que o HD600). Em termos de pressão na cabeça, não observei diferenças comparado ao HD600, mas a espuma do arco me pareceu mais confortável e acredito que seja devido ao formato dela (dois grandes gomos com o espaço de um polegar no centro ao invés dos 4 pequenos com 1cm de distância entre eles do HD600), pois o material parece ser idêntico.
Mas, mesmo sendo mais simples, como disse acima, o HD6XX é um fone de ouvido muito confortável e creio que seja resistente, embora não tenha o mesmo acabamento do HD600. É importante salientar que tanto o HD6XX quanto os seus irmãos, permitem que se troque as pads ("almofadas"), o cabo, o arco e até o driver. Como a Sennheiser possui representação oficial no Brasil, vale a pena conferir a possibilidade de trocar peças (caso seja necessário), antes de importar algo de outro país.
Dica: Caso a pressão exercida pelo fone incomode (isso pode variar de acordo com o tamanho da cabeça e até mesmo do cabelo do usuário), você pode utilizar livros para forçar o metal aos poucos para que ele fique mais flexível. Outra técnica também é segurar deixar a arco com as hastes de metal totalmente expostas e aplique uma certa pressão (com cuidado) com os polegares (não tente fazer isso na parte de plástico, pois pode quebrar).
Confira abaixo o vídeo de unboxing do headphone Sennheiser HD6XX onde eu faço um comparativo físico com o Sennheiser HD600:
Som (sonoridade)
A sonoridade do Sennheiser HD6XX me lembrou muito a apresentação do Sennheiser HD650, exibindo um som mais quente, relaxado e por vezes mais musical, dependendo do gênero que se está escutando no momento. O HD6XX apresenta graves mais presentes em termos de volume, massa e punch, deixando o som no geral mais cheio o macio. Porém, essa característica pode ser interessante ou não dependendo da música, pois a forma como as frequências mais baixas são reproduzidas trazem uma perda de definição e extensão nos médios e agudos, no HD600 vemos que os médios e agudos conseguem se destacar mais e apresentar mais micro detalhes do que no HD6XX.
Observação: Para saber mais sobre os termos utilizados para descrever o som, acesse este artigo.
Os graves do HD6XX possuem o ataque maior que no HD600, porem com um decaimento (decay) mais lento. Isso pode trazer uma certa naturalidade para a música dependendo do que está sendo tocado, mas também pode trazer uma sensação de falta de transparência, definição, deixando os médios e agudos mais apagados, causando uma transição entre as frequências mais baixas para as mais altas mais conturbada. Senti em certos momentos, durante músicas do gênero Jazz, falta de ataque e extensão nos médios e agudos e por vezes menos detalhes na reprodução do som dos tambores da bateria.
Embora os graves tenham certa influência no desempenho dos médios e agudos, não quer dizer que estas frequências sejam sem definição alguma. Os médios possuem um desempenho muito bom a ponto de me fazer esquecer da análise e só aproveitar a música. As vozes e os instrumentos de corda ficam muito macios no Sennheiser HD6XX e mesmo ao evoluir para os médios agudos e agudos, não percebi nenhuma estridência ou pico, algo que pode incomodar muito dependendo do gênero musical que se está ouvindo.
Os agudos do HD6XX possuem um certo brilho, não como um HD600 e menos ainda como um AKG K701, que possui mais atividade nessa região. Admito que o HD600 e o HD6XX não sejam exemplos em definição, transparência e extensão como temos nos fones da Hifiman e AKG, mas são bons o suficiente para contribuir com relação ao equilíbrio tonal. Ou seja, ao ouvir o HD6XX, você não sente que há agudos faltando, há um equilíbrio bom entre as frequências e só será possível perceber diferenças ao ouvir outro fone que não tem a mesma proposta que ele, que é ter um som agradável, quente, sem se preocupar com uma definição extrema.
Em termos de palco sonoro, espacialidade e posicionamento dos instrumentos, o HD6XX se parece muito com o HD600 e digo que se houve diferenças, elas são mínimas. Comparado a outros fones, como os AKG, Hifiman e Audeze, o HD6XX pode ter uma sensação de espacialidade menor, mas ao mesmo tempo, o som mais próximo chega a me agradar em diversos momentos.
Falando de maneira mais geral entre o HD6XX e seus irmãos, ele me lembrou muito o que ouvi no HD650 e é o oposto do que o HD600 se propõe, que é um som mais equilibrado e detalhado. O HD58X me passou a impressão de ter um som levemente quente, mas mais frio que o HD6XX, pendendo mais para o lado do HD600 do que para o HD650.
Equipamentos utilizados para o teste:
- DAP (Digital Audio Player) FiiO X7 Mark II
- Amplificador FiiO K5
Exigência com amplificação
Embora alguns apontem que o Sennheiser HD6XX (ou HD600 ou HD650) conseguem tocar bem conectados a um smartphone, eu discordo e indico que o usuário compre um amplificador. Bem amplificado, o fone apresentará, por exemplo, muito mais desenvoltura nos graves e mais espacialidade.
Artigo recomendado para leitura: O meu fone precisa de amplificação?
Conclusão
Antes de concluir o que eu acho deste headphone da fabricante alemã de equipamentos de áudio, quero agradecer ao Gustavo Rodrigues por me dar a oportunidade de testar o produto e fazer até unboxing do mesmo!
O Sennheiser HD6XX é um headphone com um excelente custo-benefício, pois consegue oferecer um desempenho de fones que custam US$100 a mais. Em sua faixa de preço, acredito ser uma das melhores escolhas, a não ser que queira investir mais de US$200.
Felizmente a Massdrop (Drop) manteve a caixa utilizada pela Sennheiser na versão antiga do HD600 (pintura de granito), que já é um excelente lugar para guardar o headphone.
Observação: Na versão nova do HD600 (cor escura e sem detalhes como os pontos do granito) já não há essa caixa.
Esse review é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End:
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