É certo que o mercado de fones de ouvido no Brasil melhorou consideravelmente nos últimos 5 anos. Hoje, temos uma variedade maior no mercado brasileiro, além de haver opções de qualidade devido a vinda de representantes de fabricantes tradicionais na indústria de headphones como, por exemplo, a alemã Sennheiser. Entretanto, por mais que haja fones over-ear ou supra-aurais tem a possibilidade de troca de ear pads e cabos, há uma grande dificuldade para compra local, obrigando o consumidor a importar estes tipos de produtos.
Pensando neste impasse acima, felizmente surgiram no Brasil empresas dispostas não só a vender cabos para fones de ouvido e seus sistemas (amplificadores e DACs), mas também a oferecer a possibilidade de customização. Desta forma, os usuários de fones de ouvido têm agora a chance de comprar um cabo no comprimento que quiserem, com o material que desejarem e com peças de qualidade. Além disto, como o produto é feito dentro do país, o custo diminui consideravelmente comparado a diversas soluções encontradas no exterior.
Ley Line: cabos sob medida
A Ley Line é uma empresa que acredita neste mercado em específico, de cabos de qualidade feitos sob medida. A companhia tem como objetivo fazer literalmente tudo de maneira personalizada, para atender quem deseja um cabo de melhor qualidade, oferecendo algo que seja realmente útil, confortável, resistente, de fácil manuseio. Não pense que um produto como este custará caro, pois há sim maneiras de se fazer um cabo de qualidade sem gastar muito.
Atualização: A empresa Ley Line acabou fechando e atualmente não tenho conhecimento sobre uma iniciativa brasileiras de cabos de qualidade customizados para headphones. Uma alternativa que pude testar e indico para compra no exterior é a britânica Custom Cans.
Inúmeras possibilidades de estética, materiais e peças
Sinceramente eu nunca vi, mesmo no exterior, uma empresa que permite que o cliente escolha até a solda que será utilizada em um cabo. A Ley Line dá a opção de uma solda comum (sn63pb37, composta por uma liga com 63% de estanho e 37% chumbo) e uma solda de alto desempenho da fabricante Oyaide (Ss-47, composta por uma liga com 4,7% de prata e livre de chumbo). A vantagem da solda desenvolvida pela japonesa Oyaide é apresentar uma condutividade um pouco melhor, além de ter a vantagem de ser livre de chumbo, um metal altamente toxico que possui o poder de causar um grande impacto ambiental.
Além de escolher o tipo de solda a ser utilizada, a pessoa ainda poderá optar entre um cabo de cobre com pureza menor (99,99%) ou maior (99,9999%). Este fator pode alterar a forma como o som é produzido e dará maior desempenho para aqueles que almejam a última gota em definição. Além disto, outro ponto interessante é a utilização de filamentos mais finos na composição do cabo, permitindo uma maior quantidade de material condutor em uma mesma área, trazendo uma capacidade de condução superior e ao mesmo tempo flexibilidade ao cabo.
Observação: Um núcleo (core em inglês) é composto por vários filamentos e um ou mais isolantes.
Há também opções para revestimento extra dos cabos, caso a pessoa não se contente com a estrutura básica dos cabos (revestida em PVC flexível). O interessado poderá optar por revestimentos em paracord ou malha náutica em diversas cores, sendo o paracord mais flexível e leve.
Os conectores podem ir desde um 3,5mm (P2) até XLR, mini-XLR, 2,5mm, 6,35mm (P10). É possível abarcar tanto plugs SE (single-ended) ou balanceados para utilizar em amplificadores, DAC/amp, celular e DAPs (digital áudio players) quanto conectores para os mais diversos modelos de fones de ouvido e fabricantes (Sennheiser, Focal, Hifiman, Audeze, AKG, Shure, Sony, entre outras).
Estação de desenvolvimento e montagem de cabos
Não basta só ter habilidade de solda e conhecimento, para desenvolver e construir cabos de qualidade é necessário ter um bom conjunto de ferramentas e aparelhos. A Ley Line conta com ferramentas de corte a quente, estações de solda e ressolda com controle digital de temperatura, capacímetro, impedancímetro e mais de 30 tipos de ferramentas pra diferentes usos. Além disso, a estação de trabalho da empresa ainda possui uma plataforma de aquecimento e uma impressora 3D.
Confira abaixo uma imagem da estação de desenvolvimento e montagem de cabos da Ley Line:
Baikal e Nazca: cabos sob medida para headphones
Mesmo com tantas opções de montagem de cabos, pelo fato de os condutores escolhidos encarecerem consideravelmente o custo do produto final, a Ley Line acabou criando duas linhas. A série Baikal contém filamentos de cobre com pureza de 99,9999%, enquanto a linha Nazca possui um cobre com pureza de 99,99%. O desenvolvedor dos cabos me enviou um cabo de cada linha para descrever para vocês o que achei sobre cada um deles. É importante salientar que ele me deu total liberdade para expor qualquer detalhe que eu quiser e até comparar com o que eu possuo para ter um parâmetro melhor.
Nazca
O Nazca, embora seja um cabo inferior se comparado ao Baikal, possui conectores idênticos ao irmão maior, não deixando nada a dever neste quesito. Na versão montada para avaliação foi utilizado um plugue 6,35mm reto (P10) com corpo em metal e pino banhado a ouro.
O conector escolhido foi para o headphone Sennheiser HD600, que me impressionou pelo fato de ser banhado a ouro e entregar um encaixe bem firme, justo, seguro.
Nesta unidade em específico, o cabo foi revestido com malha náutica antes do splitter (divisor em "Y") e borracha termo retrátil após a divisão para o lado esquerdo e direito. Abaixo um exemplo do splitter do Ley Line Baikal:
Mesmo a malha náutica sendo rígida, percebi que ela tem uma boa maleabilidade ainda impede que o cabo se embole com facilidade devido ao certo nível de rigidez e a sua superfície lisa. Apesar de não me agradar tanto quanto o cabo revestido em paracord da Custom Cans que eu possuo, creio que a malha náutica é uma excelente opção para quem quer gastar menos já que o outro material tem preço mais elevado.
Em termos sonoros, o Nazca possui uma dinâmica e detalhamento de som maior que o cabo original do Sennheiser HD600. Porém, ao comparar com o Baikal, os graves perdem textura e impacto, os agudos ficam descontrolados e sem extensão. Há perda de detalhes tanto nos graves quanto nos agudos e até nos médios agudos também (um pouco).
Baikal
Como foi dito acima, em termos de conectores, o Baikal não tem diferenças. Nesta unidade em específico, o cabo não teve nenhum revestimento extra, foi feito somente com os filamentos de cobre com pureza maior (99,9999%).
Pessoalmente, a forma como o cabo foi construído é para aqueles que almejam uma construção de qualidade, com boa performance, mas que não ligam para a beleza, só querem algo funcional. Pensando desta maneira, é justamente o que o Baikal entrega, uma leveza absurda, uma flexibilidade excelente e peças de qualidade. Indico a inclusão do revestimento extra em paracord, dará um resultado estético e de conforto consideravelmente melhor a meu ver (a Ley Line conseguiu um excelente resultado chegando a ficar quase idêntico ao cabo que tenho da Custom Cans, com a diferença no revestimento não individual da dupla de fios após o splitter).
A qualidade sonora que observei no Baikal foi um ganho na textura dos graves, ele tem diferenciação nos tipos de graves, não é simplesmente uma batida. Há um impacto (punch) melhor e velocidade aprimorada comparado ao Nazca.
Já em termos de agudos, o Baikal possui mais controle, mais detalhamento, mais extensão, comparado ao Nazca. Além disto, notei que os médios ficaram levemente mais claros.
Comparando o Baikal com o cabo da Custom Cans que possuo, os graves ganham um pouco mais de velocidade e impacto comparado ao cabo feito pela Ley Line. Além disso, há um brilho a mais nos médio agudos e agudos que dá uma definição, claridade melhor ao som. Entretanto, isto tem um custo e este cabo da empresa britânica possui um valor maior que o Baikal (mesmo utilizando o revestimento extra em paracord).
Conclusão
Se você quer um cabo que seja leve, flexível, no comprimento certo para o seu uso e com uma resistência consideravelmente maior que um cabo comum, podendo durar para toda a vida, não há escolha melhor do que os desenvolvidos pela Ley Line em território nacional em minha opinião. Existe um preço a se pagar pela qualidade? Sim, não há como negar. Mas considerando todos os pontos positivos comparado ao que vemos nos fones vendidos no mercado, vale muito a pena!
É interessante salientar que a Ley Line também produz cabos USB e interconnects (RCA ou XLR) para os DACs e amplificadores, trazendo ainda mais qualidade para os sistemas de fones de ouvido.
Esse artigo é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End:
- Página da Fones de Ouvido High-End
- Grupo Fones de Ouvido High-End
- Grupo Fones de Ouvido Low-End
- Grupo Fones de Ouvido High-End Store
- Instagram: @foneshighend
😕 Poxa, o que podemos melhorar?
😃 Boa, seu feedback foi enviado!
✋ Você já nos enviou um feedback para este texto.