É fato de que nos últimos anos a importação de produtos ficou mais fácil justamente por conta da facilidade que aplicativos de compra como o Aliexpress trouxe para o processo de compra de algo com um baixo custo de envio. Por conta disso, há atualmente diversas fabricantes chinesas de fones de ouvido lançando novos modelos em um ritmo insano e muitos ficam perdidos sobre qual seria a melhor escolha. Confira aqui quais são as melhores escolhas considerando os fones de ouvido in-ear que custam na faixa dos R$ 100 lançados até o primeiro semestre de 2022.
Antes mesmo de definir o preço para esta análise comparativa entre fones de ouvido, foi escolhido o tipo [1]. Os fones do tipo in-ear (intra-auriculares, IEMs ou in-ear monitors) são uma das opções preferidas da maioria, pois são pequenos, não necessitam de um grande poder de amplificação, isolam o ruído ambiente e se fixam bem no ouvido. Isso permite que a pessoa o utilize em diversas situações como andar na rua, praticar exercícios, utilizar no trabalho ou em casa, entre outros.
[1] Artigo "Quais são os tipos de fones existentes"
Além dos pontos positivos dos fones de ouvido do tipo in-ear, eles também costumam ser mais baratos que os over-ear (circunarais) ou on-ear (supra-aural). Entretanto, o último também costuma ser uma boa escolha por não ser tão grande e na maioria das vezes proporcionar um nível de isolamento maior que um circunaural, considerando que os dois seriam closed-back [2].
[2] Diferença entre open-back e closed back: Fones de ouvido aberto (open-back) possuem cups (conchas) de sua estrutura com grades. Já os fones fechados (closed-back) conta com cups (conchas) seladas por algum material como, por exemplo, metal, plástico ou madeira.
Os melhores fones de ouvido in-ear baratos de até R$ 100
Confira quais foram os fones de ouvido in-ear que mais se destacaram no mercado em termos de custo-benefício (o quanto entrega em determinada faixa de preço) até R$ 100 considerando os lançamentos até o 1º semestre de 2022.
Atenção: Os valores podem variar devido ao fato de que os fones de ouvido são comprados na China e estão sujeitos a cotação do dólar no dia.
CCA CRA (US$ 14 ou R$ 75)
A CCA é uma marca "irmã" da KZ, que enganou milhares de consumidores, mas felizmente parece ser diferente e apresenta uma qualidade maior. O CCA CRA fisicamente possui não só um design bonito, mas uma boa ergonomia (encaixe no ouvido). Além disso, ele possui cabo removível, possibilitando que o usuário troque quando der mal contato ou compre um cabo de melhor qualidade [3], pois o cabo stock (que vem com o fone) não é de uma qualidade tão boa.
[3] Artigos recomendados para leitura:
- Como obter resistência e conforto no fone de ouvido in-ear com um cabo novo
- O que são conectores 2-Pin e MMCX? Onde eles são utilizados?
Com relação a sonoridade, o CCA CRA possui um som com uma qualidade muito boa pelo preço. Seus médio graves são mais proeminentes, dando uma sensação de preenchimento e impacto maior em estilos onde as frequências baixas predominam. Indo para os médios, há um certo recuo comparado aos graves e os agudos, mas não muito.
O ponto mais crítico no CRA são os agudos, que não tem tanta definição, extensão e brilho. Provavelmente a maior parte da culpa disso são os médios graves em excesso. Mas considerando o seu preço, é algo aceitável.
Caso queira melhorar essa relação entre os graves e os agudos do CCA CRA, indico comprar ear tips (ponteiras, "borrachinhas") mais alongadas e com um bocal de diâmetro parecido com as stock (que vieram com o fone) como, por exemplo, as Spinfit CP500. A troca de ear tips pode mudar consideravelmente o som de um fone de ouvido e pode ser uma opção mais interessante ao invés de utilizar um equalizador [4].
[4] Artigo "Eartips e earpads: Como elas influenciam o som do fone"
Moondrop Chu (US$ 19,99 ou R$ 108)
Se você procura a melhor definição de som possível até R$ 100, certamente o Moondrop Chu pode ser a sua escolha. O tuning (ajuste) feito pela fabricante chinesa Moondrop neste fone resultou em um som extremamente equilibrado, entregando definição, textura e extensão encontrados geralmente em fones consideravelmente mais caros.
Em termos físicos, apesar de pecar por não contar com cabos removíveis, sua house (corpo) é feita em metal e seu formato é bem ergonômico, servindo bem para a grande maioria das orelhas. Não posso deixar de mencionar que dos três modelos citados neste comparativo, a qualidade do cabo do Moondrop Chu é a melhor, apresentando boa maleabilidade, robustez (grossura), leveza e conforto (material que envolve o cabo).
Indo para a qualidade de som, observa-se no Moondrop Chu uma pequena ênfase nos subgraves, mas sem médio graves exagerados, entregando um bom equilíbrio nas baixas frequências. Em seguida, passando mais à frente no espectro do som, encontramos médios doces, com excelente definição. Entretanto, quando chegamos aos agudos, as coisas podem ficar divididas.
Os agudos do Moondrop Chu possuem boa definição, extensão e brilho, trazendo as qualidades mencionadas no início da análise. Entretanto, você pode sentir uma falta de corpo nas vozes e instrumentos de corda, além de uma leve agressividade em alguns momentos. Isso se deve a uma maior atividade nos médios agudos e uma menor atividade nos médio graves e você pode acabar sentindo o som "magro" dependendo da música que está sendo tocada.
Para resolver o problema das vozes e cordas com som "fino" demais, a solução foi a troca das ear tips (ponteiras, "borrachinhas") para algo com bocal mais fechado. Consegui um bom resultado com as ear tips Final Audio Type-E.
Tripowin Lea (US$ 25 ou R$ 135)
É provável que este seja o fone mais versátil do trio, sendo capaz de tocar de forma agradável a grande maioria dos estilos musicais. O motivo disso é que o Tripowin Lea possui uma atividade maior nos graves, mas sem exagero, médios neutros, com boa definição, e agudos que não são agressivos em momento algum.
O Tripowin Lea entrega uma estrutura física robusta, com uma house (corpo) feita em metal, e cabos removíveis. Seu cabo passa a sensação de resistência, porém ele não é flexível, fazendo com que por vezes saia do contorno atrás da orelha e seja difícil de guardá-lo em uma case ("estojo"). Caso queira um conforto melhor, recomendo comprar um cabo à parte posteriormente.
Em termos de som, como foi dito anteriormente, a assinatura sonora [5] do Lea provavelmente irá agradar a mais pessoas. Seus graves apresentam um bom corpo, mas sem serem excessivos a ponto de prejudicar a naturalidade da apresentação, como sinto que ocorre no CCA CRA. Já os médios, são neutros, possuem boa definição, não senti falta de nada.
[5] Artigo "Saiba qual assinatura de som é a melhor para você"
Indo para os agudos, temos o oposto do Moondrop Chu, no Tripowin Lea temos uma apresentação mais calma, com um brilho menor e menos extensão, passando a sensação de menos definição. Entretanto, isso pode ser ruim e bom, pois mesmo com uma definição menor, os agudos conseguem compor bem a sonoridade da música no geral, trazendo uma audição menos fatigante para aqueles que gostam de ouvir música por horas a fio.
7hz Salnotes Zero (US$ 20 ou R$ 108)
Desenvolvido pela 7Hz, fabricante dos famosos in-ears com drivers (alto-falantes) planar magnéticos [6] Timeless e Salnotes Dioko, o Salnotes Zero possui um driver dinâmico e foi lançado para competir diretamente com o Moondrop Chu e o Tripowin Lea. Após comprar com seus concorrentes, preferimos a sua sonoridade tanto para escutar músicas quanto para utilizar durante ligações de vídeo e áudio.
[6] Artigo "Quais os tipos de tecnologias existentes em fones de ouvido"
O destaque do Salnotes Zero sem dúvidas são seus médios, com boa definição e extensão, além de um timbre muito natural, belo. Indo para os agudos, na maioria das vezes eles são inofensivos, possuem boa presença e extensão, mas em certos momentos podem se tornar agressivos, principalmente em músicas onde se passa dos 13Khz. Já nos graves, vi uma boa presença, sem excesso e com um bom punch (impacto), ideal para se ter um bom equilíbrio tonal (distribuição dos graves, médios e agudos).
Com relação ao palco sonoro, sente-se uma boa separação de instrumentos, mas não há um grande espaço entre eles. Trata-se de um desempenho mediano deste departamento, mas considerando a sonoridade dos médios e o equilíbrio tonal deste fone, facilmente se esquece deste quesito ao escutar as músicas. Sem dúvidas este é o vencedor deste comparativo para o gosto deste avaliador que vos escreve.
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