A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) está desenvolvendo uma solução inovadora para combater as caixinhas de IPTV pirata, também conhecidas como TV Box. Em entrevista ao portal Tele.Síntese, o conselheiro Artur Coimbra revelou que a agência está testando um método automatizado para bloquear essas caixas ilegais, buscando tornar o processo mais ágil e eficiente.
Anatel pretende usar "lacres virtuais" para agilizar processo
Atualmente, o bloqueio de IPTVs piratas envolve uma série de etapas manuais, que exigem que a Anatel envie ordens para as operadoras de telefonia, que, por sua vez, precisam identificar e bloquear os endereços específicos dessas caixas. Esse processo pode ser demorado e exige plantões, o que dificulta a resposta rápida da agência a esse tipo de infração.
Com o novo sistema, a Anatel pretende agilizar o bloqueio, começando pela automatização do disparo da ordem de bloqueio para as operadoras. A proposta inclui a criação de um sistema unificado, ao qual todas as empresas terão acesso, permitindo que o processo seja feito de forma mais rápida e sem a necessidade de intervenções manuais. O segundo passo da iniciativa é permitir que a agência tenha acesso direto ao roteador core das operadoras, facilitando a aplicação dos bloqueios diretamente na infraestrutura da rede.
O conceito por trás dessa nova estratégia é o "lacramento virtual". Trata-se de um bloqueio associado ao endereço IP do dispositivo pirata, o que permitiria à Anatel realizar uma varredura automática e impedir que essas caixinhas ilegais continuem operando.
Esse tipo de sistema não é uma ideia recente da Anatel. Em 2021, nós aqui do Oficina da Net trouxemos em primeira mão uma afirmação de Carlos Baigorri, conselheiro da agência, que defendeu que o "bloqueio deveria ser exatamente assim, direto no IP". Se funcionar bem, esse sistema poderia ser expandido para outras regiões e países, como Espanha e Portugal, que também enfrentam desafios semelhantes no combate a serviços de IPTV piratas.
Como funcionaria o bloqueio pelo IP?
Cada TV Box conectada à internet tem um endereço IP, que é como um "identificador" único, mostrando que aquele dispositivo específico está em funcionamento e conectado. As caixinhas piratas usam esse endereço IP para transmitir conteúdo, e é justamente com base nesse IP que a Anatel pretende bloquear esses aparelhos.
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Identificação do IP: Primeiramente, a Anatel precisa identificar o endereço IP associado à TV Box pirata. Essa identificação pode ser feita a partir de uma varredura na rede das operadoras de internet, onde serão detectados os IPs ligados aos serviços de IPTV pirata.
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Sistema de bloqueio automatizado: Com o novo sistema da Anatel, ela não precisará mais enviar ordens de bloqueio manualmente às operadoras. Em vez disso, usará um sistema automatizado que enviará uma ordem de bloqueio direta para a operadora, que então aplicará a restrição no IP da caixinha pirata. Esse processo é chamado de lacre virtual.
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Bloqueio pelo roteador central da operadora: Depois que o IP é identificado e marcado para bloqueio, o sinal do roteador central (o "roteador core") da operadora recebe essa ordem. Esse roteador é o responsável pela distribuição da internet para os clientes daquela rede, então, ao bloquear o IP da caixinha, ele impede que o dispositivo receba qualquer dado da internet.
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Na prática para o usuário final: Para quem está em casa usando uma TV Box pirata, o que acontece é que a caixinha simplesmente para de funcionar. Como o bloqueio ocorre diretamente na rede da operadora, o sinal de internet é bloqueado para aquele IP específico, e a caixinha fica sem acesso ao conteúdo. A pessoa pode até conseguir navegar normalmente na internet usando outros dispositivos (como celulares ou computadores), mas o IP da TV Box está bloqueado, então ela não consegue acessar o serviço pirata.
E se a pessoa mudar o IP ou tentar burlar o bloqueio?
Alguns usuários tentam usar VPNs ou troca de IP para contornar bloqueios. A Anatel, no entanto, está desenvolvendo um sistema que permite uma varredura constante. Ou seja, mesmo que a caixinha tente se reconectar com um novo IP ou com uma VPN, o sistema conseguirá identificar e bloquear novamente. É um método que promete ser dinâmico e ágil.
No momento, a ideia tem gerado algumas reações mistas entre as operadoras de internet, com algumas se manifestando a favor do novo sistema e outros afirmando que isso comprometeria a privacidade das pessoas.
O conselheiro Artur Coimbra explicou que o acesso da Anatel às infraestruturas das operadoras seria voluntário e limitado, o que garante um certo controle sobre a aplicação do sistema. No entanto, ainda não há um prazo definido para que essa solução esteja em operação, e o processo de testes pode demorar algum tempo até que o sistema seja totalmente implementado.
Caso seja implementada com sucesso, ela pode reduzir consideravelmente o tempo necessário para barrar serviços ilegais, como aconteceu com o X/Twitter, que teve um bloqueio demorado por conta do processo manual.
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