Uma notícia nada boa para quem está esperando sua encomenda chegar pelos Correios. Na noite da última terça-feira (10), funcionários da estatal aprovaram em assembléias ocorridas em vários estados, greve geral por tempo indeterminado. Os motivos são a possibilidade de privatização, retirada de benefícios e a falta de reajuste salarial.
Motivos da greve dos Correios
A categoria luta para impedir a privatização, já anunciada pelo Governo Bolsonaro no mês passado. Os funcionários também pedem reajuste de salários. A direção dos Correios ofereceu 0,8%, ante 3,1% de inflação acumulada, além da reversão de ações como cortes no adicional de férias e a exclusão dos pais de planos de saúde. Mesmo assim, os funcionários mantiveram o decreto da greve, exigindo melhores salários, melhores condições de trabalho e a não retirada dos seus benefícios.A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) disse em um comunicado que "A decisão foi uma exigência para defender os direitos conquistados em anos de lutas, os salários, os empregos, a estatal pública e o sustento da família".
Posição da direção dos Correios
A direção dos Correios divulgou em nota que participou de 10 reuniões com os representantes dos trabalhadores para apresentar propostas viáveis, "considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões".
A direção da empresa ainda diz que "O principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população".
Ainda não há um balanço sobre o impacto da greve, mas os Correios falam em "paralisação parcial".
Desafio para Amazon e varejistas
Como noticiamos aqui no Oficina da Net, a Amazon agora está entregando encomendas em todo o Brasil através do seu serviço Amazon Prime, que inclui uma série de benefícios, incluindo o frete das suas encomendas com entrega em até 48h para 90 cidades, por R$ 9,90 mensais, notícia que inclusive abalou a bolsa de valores brasileira, com queda das grandes varejistas do país. As ações do Magazine Luiza caíram 5,5%, as da B2W, caíram 4,8% e as da Via Varejo, dona das Casas Bahia, cederam 3,7%.
Além da Amazon, outras varejistas que venderam acima da média na Semana do Brasil, uma espécie de Black Friday brasileira, serão afetadas pelas greves, e os clientes devem ter suas encomendas atrasadas. Os Correios são utilizados por 88% das lojas de comércio eletrônico do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico.
Quando a Amazon prometeu frete em 48h para 90 cidades, certamente não levou em conta os problemas que ocorrem no Brasil. Aqui, a companhia não tem uma rede logística pulverizada, como tem nos Estados Unidos, aonde o frete rápido funciona. Os outros varejistas brasileiros investiram em lojas e centros de distribuição nos últimos anos espalhados pelo território brasileiro, para deixar de depender dos Correios e poder entregar encomendas de forma mais eficiente.
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