Imagine um celular que cabe no bolso da calça, mas quando você abre, vira um smartphone grande com tela de cinema. Me perguntaram se eu trocaria o meu Galaxy S25 Ultra nesse carinha aqui, depois de algumas semanas usando ele, eu te conto se valeu a pena ter um celular dobrável da Motorola no bolso, mas já adianto, me surpreendeu muito.

Razr 60 Ultra review

Design e construção

A maior discussão dos celulares dobráveis ainda é a questão da durabilidade da dobradiça e da fragilidade da tela exatamente na área de dobra. Afinal, ninguém quer investir caro em um celular que parece frágil ou que possa quebrar com o uso cotidiano. O medo é legítimo: dobrar e desdobrar o aparelho centenas de vezes por dia levanta dúvidas sobre resistência mecânica. Mas a Motorola enfrentou essa desconfiança com uma solução clara: reforçou a dobradiça do Razr 60 Ultra com titânio, um material que é quatro vezes mais resistente que o aço cirúrgico. Portanto, essa escolha traz mais confiança ao abrir e fechar o aparelho, além de garantir maior durabilidade no longo prazo.

Confesso que vi nos comentários dos vídeos, pessoas reclamando que tiveram problemas com a tela estragada, mas foram apenas alguns dentre milhares de espectadores, portanto acredito ser problemas isolados que possam ter solução.

Ele conta ainda com proteção IP48, garante proteção contra água, e apesar do 8 deste número ser submersão, eu não faria isso. Acredito que ele seja apto para usar na chuva ou algo assim. O 4, não garante proteção total contra a poeira, que é um dos maiores vilões das dobradiças.

Agora, se você já passou por essa fase de achar que os flips darão problemas, vamos às partes legais. É um celular bom de carregar, ao fechar a tela, temos um aparelho pequeno que cabe em qualquer bolso. A aparência dele em si é ótima também, dificilmente alguém vai olhar para ele e dizer que é feio, muito pelo contrário, ele atrai olhares por ser um smartphone diferente.

Material da traseira do Razr 60 Ultra
Material da traseira do Razr 60 Ultra

A traseira da versão que recebi tem esse material chamado alcântara que é usado em revestimento de carros de luxo. Além desse material, temos a tela externa, grande, bonita e que marca bastante os dedos. É um smartphone com várias telas, praticamente inevitável ter que ficar limpando ele com frequência.

Proteção da tela; Não é película
Proteção da tela; Não é película

A construção do smartphone é feita em alumínio, o vidro externo é protegido por Gorilla Glass Victus, a tela interna é protegida por uma camada plástica grudada que se parece muito com película, mas não se engane, se arrancar é quase certeza que a tela vai estragar.

Agora temos um botão lateral dedicado a IA, pressionando ele, o Moto Ai é ativado.

Em geral é uma ótima construção, com acabamento premium e sensação boa de manusear o produto, algo que se espera nessa categoria de smartphones, ele não mudou muito em relação ao Razr 50 Ultra, o estilo de design são praticamente os mesmos.

Telas

Motorola Razr 60 Ultra; Tela externa
Motorola Razr 60 Ultra; Tela externa


Temos duas telas nesse smartphone. A externa é a que mais chama atenção, com 4 polegadas OLED com resolução 1080 e incríveis 165Hz.

Já a tela principal, também é OLED LTPO com 7 polegadas resolução 1224p, 165Hz. A tela interna está um pouco maior e já que o aparelho não aumentou de tamanho, nos indica que as bordas da tela foram reduzidas. A dobra está lá, mas ano após ano ela fica mais difícil de perceber, dá para sentir com o dedo quando você arrasta, mas é praticamente imperceptível.

Tela interna do Razr 60 Ultra
Tela interna do Razr 60 Ultra

O Razr 60 Ultra oferece três modos de taxa de atualização, o Inteligência e equilíbrio (modo automático), que, Fluidez máxima e Eficiência em primeiro lugar. Todos os modos contam com ajuste dinâmico, reduzindo a taxa para 1Hz quando a tela está parada, e alternando entre 24Hz, 30Hz ou 60Hz, dependendo do tipo de conteúdo, como jogos ou vídeos.

No modo Fluidez máxima, a interface e todos os aplicativos compatíveis são exibidos em 120Hz, oferecendo máxima fluidez visual. Já o modo Inteligência e equilíbrio também exibe a interface em 120Hz, mas a maioria dos aplicativos roda em 90Hz, priorizando um equilíbrio entre desempenho e consumo de bateria.

Apesar de a tela ser compatível com taxas de até 144Hz e 165Hz, essas frequências não aparecem nos modos automáticos. A opção de 165Hz só pode ser ativada manualmente por meio da ferramenta de jogos, e apenas em títulos compatíveis.

Por fim, ambas as telas contam com Dolby Vision e HDR10+ para exibição deste tipo de conteúdo, além disso temos 4.500 nits de brilho máximo na tela interna e 3.000 nits na tela externa. Em um dobrável flip, é a tela com maior resolução e mais brilhante.

Câmeras

Traseira retrato
Traseira zoom 5x (digital)
Traseira 2x (digital)
Traseira principal
Selfie diurna contra o sol
Seflie diurna
Selfie noturna retrato
Selfie retrato
Câmera Selfie

O Razr 60 Ultra contém três sensores de 50 MP, o principal que é disparado o melhor, temos uma lente ultrawide e por fim na parte de dentro do smartphone, a câmera para selfies.

O que achei mais incrível nesse celular é a forma como podemos gravar vídeos com ele. Olha isso, estou segurando o celular como aquelas antigas filmadoras digitais, lembra, aqui você tem opção tanto para gravar vídeos horizontais, quanto verticais. Isso é realmente fantástico para quem produz conteúdo.

Confesso que achei legal demais essa opção, além de dobrado ser fácil encontrar uma superfície para colocar ele e se gravar, ainda mais com a opção de se assistir pela tela externa, facilita muito criar conteúdo assim, é como se estivesse usando a câmera selfie, com todo o poder da câmera principal.

Por falar em câmera selfie, achei ela quase que desnecessária. Primeiro, é sempre aquela mesma história, as selfies não produzem a mesma qualidade que a principal faz, em especial no celular flip, há muita facilidade em fazer selfies usando a câmera principal com o celular fechado, além de produzir uma foto muito melhor, o celular dobrado é confortável de segurar.

Agora, há um caso onde é ruim tirar foto com o flip, quando estou pedalando. Se estou em cima da bike, nem sempre eu consigo ficar sem as duas mãos no guidão para fazer a foto, a dificuldade de tirar ele do bolso e abrir com apenas uma mão é grande e muito mais trabalhoso comparado com um celular tradicional.

Agora eu quero analisar a qualidade das fotos, para isso eu peguei o S25 Ultra, afinal os dois são Ultra e custam os olhos da cara, coloquei eles lado a lado para fazer as mesmas fotos usando a câmera principal e selfie, não fiz com zoom por o Razr não contar com esse sensor.

Começo com essa foto dos patos aí, depois eu inverti o ângulo para pegar o sol contra. Nas duas imagens houve pouquíssima diferença. Nessa contra o sol tem um flare na lente do Razr e não há no S25 Ultra, talvez por conta dos anéis que colocarem em volta dos sensores. No geral, as duas fotos feitas com ambos os aparelhos estão ótimas.

Agora eu fiz uma foto retrato dessa luminária externa, aqui sim pude notar diferenças. A foto do Samsung me parece mais natural, o desfoque de fundo sem muitos detalhes com as folhas da palmeira não chamando a atenção como faz no Razr e o recorte com acabamento melhor.

Por falar em retrato, aí tem uma de pessoa, com excelente resultado em ambos. Recorte bem feito, inclusive nos cabelos, mas essa ficou fácil, visto que o contraste da roupa preta com o fundo facilitou o trabalho.

Agora que tal um retrato noturno, aqui começo a ver diferença no balanço de branco, a foto do Motorola está um pouco mais quente, visto na cor do moletom, mas o mais natural me parece o balanço do Samsung. Já a cor do rosto a Motorola entregou algo mais próximo do que eu sou. Louco né, um faz melhor uma coisa e o outro outra.

Seguindo fotos noturnas temos essa da fachada, a diferença mais perceptível está na cor da madeira, mais atenuada na foto do Motorola. Vou deixar passando mais algumas fotos noturnas agora, assista e comente o que você achou do resultado.

A selfie do Motorola nem sempre fica legal, mas está muito boa. As cores tendem a ficar mais equilibradas no rosto, em comparação com a Samsung e menos contrastadas. Vou deixar também algumas imagens tocando para você poder comparar.

Certamente quando você adquire um smartphone caro, pensa que tudo deve ser muito bom nele e não há nada de errado em pensar assim, a Motorola evoluiu muito nas câmeras, o Razr 60 Ultra está aí para provar que é possível tirar ótimas fotos com smartphones Motorola, mas eu quero agora ver essa qualidade empregada nos aparelhos intermediários, onde a Samsung hoje domina.

Hardware e desempenho

O hardware desse celular dobrável impressiona, temos o que há de melhor. Vem equipado com o Snapdragon 8 Elite, o chip mais potente da Qualcomm até o momento. No Brasil ele é vendido com 16GB de memória RAM, DDR5 e impressionantes 1TB de armazenamento interno.

No papel, ele é o flip mais poderoso já lançado, o que é uma conquista por si só. No entanto, quando colocado à prova, o desempenho sofre com limitações térmicas, o Razr 60 Ultra apresenta queda de desempenho de 25% a 30% após algum tempo de uso contínuo. Isso faz com que o desempenho geral fique semelhante ao de aparelhos com processador inferior.

Performance prejudicada pela temperatura
Performance prejudicada pela temperatura

Nos testes de estresse de CPU, o aparelho obteve em torno de 55% de desempenho sustentado, oscilando. Isso indica que, embora o chip seja potente, o sistema de resfriamento do aparelho não é eficiente o suficiente para manter o alto desempenho por longos períodos.

Em jogos, a experiência foi fluida e sem travamentos nos primeiros minutos, mas não espere um desempenho consistente para longas sessões de games pesados. Na prática, o aparelho entrega velocidade e fluidez para tarefas do dia a dia, multitarefas e apps exigentes, mas não é a melhor opção se seu foco é jogar com frequência ou usar o celular como uma máquina de performance extrema.

Ou seja, o Razr 60 Ultra aposta no chip mais poderoso do mercado, mas sua limitação térmica torna o uso desse hardware mais uma questão de marketing do que de ganho real de performance no dia a dia.

Bateria

O Motorola Razr 60 Ultra traz uma bateria de 4.700mAh, um número que representa um salto em relação à geração passada. Embora muitos smartphones hoje tragam 5.000mAh, essa melhoria já coloca o novo Razr em vantagem frente a outros dobráveis, portanto, acredito que ele se saia melhor em autonomia, não é mesmo? Bem, só há um jeito de descobrir, passando pelo nosso teste de bateria.

Comecei o dia de testes às 8h da manhã, com 100% de carga. Simulei um dia comum de uso variado:

  • Navegação por 1h no site Oficina da Net consumiu 4% da bateria;
  • Assistir a 1h de Reels no Instagram gastou 6%;
  • Gravar 1h de vídeo em Full HD resultou em 16% de consumo;
  • Reproduzir vídeos no YouTube por 2h na melhor qualidade consumiu 12%;
  • Jogar Stackball por 2h drenou 21%;
  • E, por fim, rodar o teste de estresse do AnTuTu por 45 minutos consumiu 33%, um valor muito alto, mostrando que o Snapdragon 8 Elite, quando exigido, é consumidor.

Ao final de tudo, o Razr 60 Ultra encerrou o dia com 8% de bateria restante, o que mostra uma boa autonomia, especialmente considerando que estamos falando de um dobrável com duas telas grandes e brilho alto. Porém, ao comparar com o Razr 50 Ultra, no mesmo teste, só que com 4.000mAh, tivemos autonomia melhor, consumindo 85% da bateria, e o Flip 6 da Samsung consumiu 89% com 4.000mAh também.

Os fatores que representam o gasto, são o Android 15 e o processador. Notamos que o Android 15 tem consumido mais bateria que a versão 14, em vários testes podemos comprovar isso. O Snapdragon 8 Elite também é um determinante nos testes que fizemos com ele no S25+, S25 Ultra, ambos consumiram mais bateria que a geração passada.

Carregamento

Carregador do Razr
Carregador do Razr

Agora falando sobre carregamento, o Razr 60 Ultra vem com carregador de 68W já vem na caixa, e com ele foi possível carregar a bateria do 0 aos 100% em cerca de 45 minutos, um resultado excelente.

Carregamento por indução em um smartphone desse preço é obrigatório, o celular suporta carregamento sem fio de até 30W e funciona com o smartphone fechado, óbvio.

Sistema

O Motorola Razr 60 Ultra já sai de fábrica rodando o Android 15, com a interface personalizada Hello UI. Essa nova versão do sistema combina a base limpa do Android com os recursos exclusivos da Motorola, mantendo a experiência fluida e intuitiva que os usuários da marca já conhecem. A empresa promete 3 atualizações de sistema e 4 anos de atualizações de segurança, o que garante uma boa longevidade ao aparelho.

Um dos destaques do sistema é o Smart Connect, que reúne todas as funções de conexão entre o Razr 60 Ultra e outros dispositivos, como PCs, tablets e monitores, seja com ou sem fio. Dá para transmitir a tela, usar o celular como desktop, compartilhar arquivos, copiar e colar entre dispositivos ou até mesmo controlar tudo com um teclado e mouse. Uma opção legal para usar o Instagram "pelo computador" e ter todos os recursos disponíveis.

E claro que temos os gestos para ativar a câmera, chacoalhando o celular e também esse gesto para abrir a lanterna, quem não usa Motorola pode achar besteira, mas quem se acostuma, sente falta ao sair da Motorola.

Ficha técnica

  • Proteção Água: IP48
  • Sistema: Android 15
  • Atualizações: 3 anos (sistema)
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 8 Elite (3 nm)
  • AnTuTu: 2.296.000
  • Memória RAM: 16 GB
  • Armazenamento: 512 GB e 1 TB
  • Tela - Tipo: Foldable LTPO AMOLED
  • Tela - Tamanho: 7.0
  • Tela - Resolução: 1080 x 2640 pixels
  • Tela - Frequência: 165 Hz
  • Câmera principal: 50 MP, f/1.8, PDAF e OIS
  • Câm. Selfie: 50 MP, f/2.0 (wide)
  • Bateria: 4700 mAh
  • Autonomia (teste bateria): 92%
  • Carregador: 5W reverso e 68W
  • Carrega sem fios?: 30W

Motorola Razr 60 Ultra - Veja aqui a ficha técnica completa

Preço

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O Razr 60 Ultra é um celular incrível, de fato. As câmeras foram melhoradas, o sistema é ótimo de usar, a performance sofre um pouco com aquecimento, mas dificilmente vai travar — e convenhamos, é pouco provável que alguém compre esse celular pensando em jogar por horas. O problema continua sendo o mesmo de sempre: o preço.

No ano passado, o Razr 50 Ultra chegou custando R$ 7.999. Já o novo modelo estreou por R$ 9.999. Em troca, a Motorola entrega melhorias reais: dobradiça de titânio, resistência maior contra poeira, Snapdragon mais recente, 16 GB de RAM (contra 12 GB), armazenamento maior e uma bateria que saltou de 4.000mAh para 4.700mAh. Tudo isso soma, e o novo valor parece até justificável dentro do universo dos dobráveis.

Mas aí vem o conflito: lembra do Razr 50 Ultra, que mencionei custar R$ 8 mil? Pois hoje, menos de um ano depois, ele já aparece em promoções por R$ 3.500. Ou seja, perdeu mais da metade do valor original em 12 meses.

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E aqui está a grande resolução: se você está empolgado com o Razr 60 Ultra, mas não quer entrar nessa montanha-russa de desvalorização, talvez o melhor movimento seja esperar alguns meses. A tendência é que o preço caia bastante, como aconteceu com o modelo anterior. Agora, se você faz questão de ter o melhor flip do mercado hoje, e está ciente da possível perda de valor, o Razr 60 Ultra vai te entregar uma das experiências mais completas entre os dobráveis atuais — com potência, estilo e tela externa realmente útil.

Conclusão

Motorola Razr 60 Ultra
9.7
Prós
  • Dobrável com acabamento premium
  • Tela externa grande e útil
  • Dobradinha reforçada com titânio
  • Bateria melhor que geração anterior
  • Ótimas câmeras principais
Contras
  • Desempenho limitado por aquecimento
  • Alto preço no lançamento
  • Tela externa ainda limitada para apps
  • Marca muitos dedos (vidro e tela)

E aí, eu troquei meu Galaxy S25 Ultra por um dobrável Ultra da Motorola?"

A resposta é: não troquei.
Apesar de ter gostado bastante do Razr 60 Ultra, ele simplesmente não se encaixa no meu uso diário. A tela externa até é bonita e funcional, mas ainda não substitui de verdade a experiência de um celular aberto. Se, a cada 5 vezes que eu pegar o celular, eu tiver que abrir ele em 3 delas… então, sinceramente, é mais prático ter um smartphone tradicional.
No fim das contas, o que me fez não migrar foi isso: a frequência com que preciso abrir o aparelho atrapalha mais do que ajuda.

Espero ter ajudado você com esse review, eu gostei demais do Ultra, mas Flip não é meu estilo.