Uma das teorias conspiratórias mais famosas sem dúvidas é a de que o Homem nunca teria ido à Lua. No entanto, o pessoal que acredita nisso não são babacas como aqueles da Terra Plana, que fique bem claro. Mas antes de vermos tudo sobre o pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade, veja essa maravilha de lançamento em câmera lenta.

Esse pessoal tem umas afirmações bem capciosas, inclusive, mas que eu, particularmente, acho que não passam de furada e podem ser refutadas com dados. Assim, será isso que faremos aqui nesse texto: acabar com o mito de que o Homem não foi à Lua.

Mas primeiro uma necessária contextualização:

Por que ir para a Lua?

Assim como em diversos outros posts sobre avanços tecnológicos, em especial aqueles que tratam da intervenção humana no espaço, não podemos começar de outra maneira que a não ser falando sobre a Guerra Fria, cenário dos acontecimentos que veremos.

O contexto você já lembra: Fim da 2ª Guerra Mundial, divisão do mundo entre comunistas e capitalistas; de um lado os Estados Unidos, do outro a União Soviética. Cada um tentando subjugar a outra e dominar o mundo, seja através de mísseis ou de tecnologia. E quanto à tecnologia, nada era mais importante naquele momento do que a exploração espacial.

Após anos de pesquisa e desenvolvimento a exploração do universo começou, oficialmente, em 4 de outubro de 1957, quando os soviéticos levaram o Sputnik I para fora do planeta e tornaram ele a 1ª "coisa" criada pelo homem a deixar a Terra. Assim os comunistas saíram na frente na corrida espacial, mas iriam os EUA ficar para trás? Claro que não! Logo que o Sputinik tomou as manchetes eles começaram a planejar e dar forma ao que seria conhecido como Lei Nacional de Aeronáutica e Espaço, implantada logo no ano seguinte.

Na prática a criação da lei implicou na criação da NASA em 1958 e logo em seguida iniciar-se-iam os primeiros eventos que culminariam no foco desse artigo. São eles: o sobrevoo da Lua com o Pioneer 4 em 1959 e o lançamento do primeiro satélite de monitoramento meteorológico em 1960, o TIROS I.

A resposta soviética viria em seguida e não poderia ter sido melhor: Em 1961, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a deixar o planeta Terra!

Jornal americano noticia assustado o feito dos soviéticos
Jornal inglês noticia assustado o feito dos soviéticos

Agora a coisa havia ficado feia para os americanos e eles precisavam de medidas enérgicas. Tal medida materialou-se através do presidente Kennedy tomou uma medida drástica que iria mudar o mundo: Com um programa batizado de "Necessidades Nacionais Urgentes" ele elevou o orçamento da NASA para o seu pico histórico e disse que a agência conseguiria pousar na Lua até o final da década.

E então chegamos no início dessa história. Com a implantação do programa diversas missões de reconhecimento estavam programadas, como o programa Mariner, um conjunto de expedições interplanetárias que começaria por explorar Venus através da Mariner I e dariam conhecimento para ajudar na conquista da Lua. Essa história, aliás, é bem curiosa é pode ser lida se você clicar no quadradinho ao lado.

Voltando à Lua: dito e feito; palavra dada e palavra cumprida: Em 20 de julho de 1969 a NASA pousou na Lua através da Apollo 11 e, seus astronautas, Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins entram para a história como os primeiros homens do mundo a passar por lá.

Essa é a versão oficial e cientificamente comprovada. Vejamos agora a versão dos negacionistas e depois os apontamentos levantados por eles e, claro, como podemos refutá-los.

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Uma produção hollywoodiana

A explicação que comprariam ser as fotos e os vídeos uma montagem bem feita, provavelmente, já deve ter ouvido: tratar-se-ia de um roteiro escrito por Arthur Clarke, patrocinado por Walt Disney e dirigido por Stanley Kubrick.

A boataria surgiu depois que Bill Kaysing, um ex-integrante da equipe que construiu os motores do foguete, lançou um livro em 1976 (We Never Went to the Moon: America's Tirty Billion Dollar Swindle). A partir daí o pessoal começou a juntar algumas coisas, como a morte de pessoas chave da NASA alguns anos antes da execução do projeto; o fato do poderio tecnológico russo, muito mais avançado à época e que mesmo assim não teria conseguido ser os primeiros a visitar o satélite, perdendo para uma agência espacial que saiu do zero à Lua em pouquíssimo tempo; o esforço em justificar a Guerra do Vietnã que ia de mal a pior, entre outras coisas.

A estória criada é muito boa, na verdade. Digna de uma boa ficção científica ou conspiração Dan Browniana. Portanto, se você quiser se divertir com uma leitura agradável MAS SEM A INTENÇÃO DE SER VERDADEIRA, vem aqui.

Ahh, e mais uma: Se a história toda é uma farsa, porque a União soviética nunca desmascarou os Estados Unidos já que eles mereciam tanto quando os americanos a honra de serem os primeiros a chegar lá? Segundo o pessoal que acredita na Terra Plana (risos) está todo mundo ligado em uma grande conspiração mundial para ocultar a verdade, mesmo que os planos políticos e econômicos sejam beeeeem diferentes.

Tecnologia

O primeiro argumento de todos é sempre que não teríamos tecnologia suficiente para mandar uma nave à Lua e depos fazê-la voltar em segurança naquela época, mas será mesmo?

Impulsionado pelo confronto iminente com a União Soviética e pela necessidade de novas tecnologias militares a ciência avançou muito durante as décadas de 40 a 80. O próprio Vale do Silício data dessa época para você ter uma noção.

A região, que já contava com empresas como a Boeing e a Lockhead Martin (pioneiras tanto na pesquisa de ciência militar como da aeronáutica) que seriam cruciais para o desenvolvimento da indústria espacial passou a receber cada vez mais novos polos de pesquisa e desenvolvimento. Entre estas estava a Shockley Semiconductor Company, criada pelo brilhante e TOTALMENTE MALOUCO (no sentido ruim mesmo), William Shockley. Ele foi um dos criadores do revolucionário transistor em 1947.

Se até então os computadores pesavam toneladas devido a uma única válvula que media 30 cm, agora milhares de transistores podiam ser colocados em uma placa de 5 cm². Além disso, eles eram mais baratos de serem produzidos, mais confiáveis, mais simples, mais rápidos e não esquentavam. Começava a revolução dos computadores.

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Os primeiros transistor e microchip

E com muita grana em pesquisa é natural que as novidades não parem de surgir. Assim, poucos anos após o transistor surgir, uma nova tecnologia mudaria tudo novamente. Ainda nos anos 50 surgiria simultaneamente na Texas Instruments e na Fairchild o primeiro circuito integrado da história, ou seja, o primeiro microchip. E daí a coisa começou a ficar séria.

Seu uso inicial, é claro, foi o militar. Assim eles passaram a ser embarcados no Minuteman II (aqui do lado), produzidos pela Boeing. Cada míssil do tipo precisava de 2 mil microchips no seu "nariz" para o sistema de direção.

E aqui já se descarta o mais equivocado dos mitos sobre a missão e a tecnologia envolvida: muitos acreditam que no final dos anos 60 os computadores ainda eram verdadeiros monstros que ocupavam uma sala inteira e por isso não poderiam estar dentro de uma nave espacial tão pequena, porém, o pc que controlou a missão é esse carinha aqui de baixo com seus "apenas" 32 quilos:

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Pode parecer feinho, mas ele foi o primeiro computador do mundo a contar com um sistema de microchips. O computador, é claro, em termos de capacidade de processamento era infinitamente inferior ao seu smartphone, mas suficiente para manipular os dados necessários à missão e com a tecnologia da época. Pensando em relação a essa questão temos que tomar cuidado em não cometer o pecado da anacronia: não podemos julgar o harware dos anos 60 estando acostumados a um processador I7. Os componentes e hardwares são sempre condizentes com o seu tempo e suas necessidades.

Assim, o computador do Apollo 11 era simples, mas era o que de mais avançado havia na época. Em um tempo que os computadores não tinham linguagem de programação como hoje e tudo era feito com base em registradores, o seu poder era mais do que suficiente.

Ele tinha uma memória 16-bit, memória RAM de 2018 palavras e memória ROM de 36864 palavras. Era tão potente para sua época que, mesmo sendo lançado em 1966, tinha poder computacional semelhante à 1ª geração de computadores pessoais, como o Apple II e o Commodore PET, ambos lançados em 1977, 11 anos após surgir o computador da NASA.

Ou seja, a expressão "computador da NASA" para se referir a uma máquina f$%@ não é de hoje.

Os primeiros transistor e microchip
Os primeiros transistor e microchip

Bandeira tremulando

Outro argumento forte do pessoal que acha que nunca fomos à Lua é que a bandeira dos EUA está tremulando nas fotos, caso que seria impossível visto que a Lua não tem vento ou sequer uma atmosfera para que isso possa ocorre.

Pois bem para efeitos práticos a Lua é considerada mesmo como se estivesse em um vácuo, porém a bandeira "tremulando" é fácil de explicar. Primeiramente, a bandeira não está tremulando. Tal cena não é mostrada em vídeo e o único registro que temos dela é a seguinte imagem.

Afinal, o homem foi ou não foi para a Lua?

Assim parece que estamos vendo um único frame onde a bandeira estaria se movendo, porém, aquela forma amassada da bandeira nada mais é do que o resultado de um tecido que saiu da Terra muito bem dobrada + o esforço do astronauta para fincá-la no solo lunar.

Ainda sobre a bandeira algumas pessoas ressaltam a haste na parte superior da bandeira que é usada para deixá-la esticada. "Por que usar uma haste se na Lua não tem gravidade e a bandeira não cairia? " Aí que você se engana. A Lua tem sim gravidade, pouca, mas tem. A gravidade lá é de cerca de 1/6 da que temos aqui. Então a bandeira cairia sim, devagar, mas cairia.

Pegada

Uma das fotos mais famosas da história do mundo é aquela da pegada de Buzz Aldrin em solo lunar. A foto era uma de suas missões e fora uma exigência da NASA para que eles pudessem estudar o solo do satélite.

O problema é que segundo alguns seria impossível uma pegada na Lua já que lá não existe umidade. O que as pessoas esquecem é que não precisamos de água ou qualquer outro material para deixar uma pegada. Discorda? Então faça o teste: Abra um saco de cimento ou farinha e jogue no chão seco. Pise em cima e veja se não vai ficar uma marca perfeita do seu pé.

O que deixa as pegadas na Lua é que ela possui uma areia extremamente fina e porosa.

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Sombras

Outro fato bastante contestado é o jeito como as coisas estão iluminadas nas fotos registradas. Como você verá mais abaixo as pedras e o módulo lunar projetam sombras em diferentes direções. Segundo aqueles que desconfiam da NASA tal fato não seria possível, pois tudo estaria sob a mesma fonte de luz, o sol.

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Astronauta está iluminado mesmo em um poço de escuridão

Similar a esse apontamento é o de que o astronauta Aldrin aparece iluminado em uma das fotografia mesmo estando dentro de um poço de sombra e escuridão. Tais fatos dão combustível para as teorias de que tudo tenha sido feito em um estúdio de cinema e que as sombras seriam resultado de refletores e iluminação artificial e direcionada.

Maaaaaas, não é bem isso que a NASA diz e que o programa Mythbusters comprovou. Segundo a teoria científica tais anomalias na projeção das sombras seriam em virtude das peculiaridades e irregularidades do solo lunar que fazem com que as mesmas assumam um resultado que não conhecemos aqui na Terra.

Além disso não podemos esquecer que, assim como a Lua ilumina a Terra em noites de lua cheia, a Terra também acaba iluminando o seu próprio satélite ao relfetir a luz solar. Por fim, até mesmo a câmera e o módulo lunar podem ter gerado reflexos segundo algumas fontes.

Astronauta está iluminado mesmo em um poço de escuridão
Astronauta está iluminado mesmo em um poço de escuridão

Estrelas

Outra questão interessante é de como que os astronautas não pegaram uma estrelinha sequer em suas tantas fotos sendo que uma noite limpa de nuvens e sem iluminação artificial para ofuscar a visão nós podemos ver milhares delas?

A culpa disso é da tecnologia de câmera da época e a distância das estrelas. Simples.

Se você quisesse captar estrelas em uma imagem há quase 50 anos atrás teria de deixar a câmera em modo de exposição alta, ou seja, mais luz entrando no obturador para então registrar a sua luz na fotografia. O problema é que com o sol ali pertinho, caso fosse liberada essa entrada extra de luz, o brilho captado da nossa estrela seria tão alto que o resultado seria uma grande foto totalmente branca.

Se até mesmo hoje em dia, época em que temos a Tekpix, a câmera que pega até fórmula 1 sem tremer a imagem, essa questão é complicada (como você pode ver na imagem abaixo feita diretamente da Estação Espacial Internacional) imagina em 1969.

Afinal, o homem foi ou não foi para a Lua?
Alerta: risco de tripofobia. À esquerda uma rocha lunar e à direita um dos painéis
Filme super resistente

E por falar em fotografias, a temperatura na Lua varia de 100° a - 150° graus, condição que nenhum filme ou máquina fotográfica resistiria. Isso é verdade, mas o que o pessoal não sabe é que elas estavam protegidas em um invólucro feito com o mesmo material das roupas dos astronautas.

No vácuo do espaço o calor funciona de modo diferente do nosso aqui na Terra. Aqui sofremos tanto por meio de condução (encostando), convecção (refletindo) ou irradiação (incidência direta de luz), lá só funciona a irradiação. Assim era fácil se proteger.

Não voltaram

Esta talvez seja a mais equivocada ideia de quem acha que o homem não foi à Lua: que nós nunca mais teríamos retornado. O fizemos e o fizemos várias vezes.

Depois da Apollo 11 a NASA pousou com sucesso outras 5 missões em solo lunar. Todas elas com 3 tripulantes cada, embora somente 2 tenham pisado no solo (o 3º aguardava no módulo lunar).

Resumidamente:

  • Apollo 11, pousou em 20 de julho de 1969
  • Apollo 12, pousou em 24 de novembro de 1969
  • Apollo 14, pousou em 5 de fevereiro de 1971
  • Apollo 15, pousou em 30 de julho de 1971
  • Apollo 16, pousou em 20 de abril de 1972
  • Apollo 17, pousou em 11 de dezembro de 1972

Juntas elas trouxeram mais de 380 quilos de matéria lunar, andaram de jipe, deixaram placa comemorativa, bandeira, lixo e instalaram ferramentas. Sim, tratam-se de cubos refletores que funcionam como espelhos refletores que servem para medir a distância da Lua para a Terra. Estes objetos já foram utilizados diversas vezes por laboratórios de dentro e de fora dos Estados Unidos. Se a gente não tivesse ido até lá como eles apareceriam?

Em linhas gerais, o homem não voltou mais lá, pois não tinha o que fazer, só isso. As primeiras missões tinham seus motivos, como pegar amostras do solo e comprovar a experiência da "pena e do martelo" de Galileu (se soltarmos 2 objetos de massa diferente em um local sem atmosfera eles tocarão o solo ao mesmo tempo). O teste foi feito durante a missão Apollo 15 e você vê abaixo:

Ahh e os 400 quilos de rocha foram analisados por diversos cientistas mundo afora. A comprovação de que realmente se tratava de material extraterrestes ocorreu sem maiores problemas, já que a matéria lunar é bem diferente daquela que podemos encontrar aqui na já que lá o solo é bombardeado constantemente por micrometeoritos.

Mas sim, o homem deu um tempo da Lua e há um bom tempo que não dá as caras por lá. Como tudo na Guerra Fria a busca era sempre por um objetivo específico. Dessa forma quando os americanos chegaram lá a União Soviética viu que não era mais tão interessante pisar na Lua e por isso cancelaram seu projeto lunar. Em contrapartida aumentaram os gastos com a estação espacial Mir que, inclusive, venceu a Freedom, a estação americana que nunca foi colocada em órbita. Aliado a isso a NASA passou por uma desaceleração dos investimentos e o que sobrou de grana foi transportado para os ônibus espaciais.

tripofobia
Alerta: risco de tripofobia. À esquerda uma rocha lunar e à direita um dos painéis

Voo de volta

E para o final ficou a cereja do bolo: Como que, após pousar na Lua, o módulo com os astronautas teria combustível necessário para gerar o empuxo, sair da gravidade do satélite, e vir até a Terra?

É aí que a física começa a explicar tudo.

Primeiramente temos de entender um termo chave que é a Velocidade de Escape. Teoricamente falando, velocidade de escape é a velocidade inicial necessária para ir de um ponto em um campo gravitacional para o infinito,ou seja, sair desse campo gravitacional com uma velocidade residual zero, relativa ao campo.

Em termos práticos Velocidade de escape é a velocidade que um objeto qualquer, como uma pedra, um foguete ou um iguana precisam alcançar para deixar de sofrer com a gravidade de uma determinada órbita e possa sair de seu campo de atração. Para isso tal velocidade não irá levar em conta nenhum deslocamento de ponto A a ponto B, apenas a velocidade para sair da gravidade em si. Por isso negritei a "velocidade residual zero" ali em cima.

O módulo à esquerda, e seu diagrama com os tanques de combustível sendo exibidos à direita
O módulo à esquerda, e seu diagrama com os tanques de combustível sendo exibidos à direita

Por estar ligada à gravidade, à medida que o tal objeto vai ganhando altitude e se distanciando do centro de atração essa velocidade requerida passa a ser menor. A Velocidade de escape inicial da Terra, por exemplo é de mais de 11 km/s, porém, a 9000 m de altitude, ela reduz para apenas 7,1 km/s.

Abaixo você pode ver as velocidades de escape para todos os planetas do sistema solar. Como foi produzido pelo Business Insider as velocidades estão em milhas por hora, mas nada que um simples comando no Google não resolva. Digite "25031 mph to kmh" e você verá que a minha conta no parágrafo acima não estava errada.

E não se preocupe com o fato de no futuros termos que alcançar a incrível velocidade de mais de 216 mil km/h para escapar de Júpiter. Como ele é um planeta gasoso então tecnicamente não temos como pousar lá. E se não temos como pousar não temos como tentar escapar dele (ok, poderíamos entrar na sua atmosfera e então teríamos que alcançar essa velocidade para voltar ao espaço, porém, é provável que nunca entremos lá já que a sua atmosfera é venenosa).

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velocidades de escape de todos os planetas do sistema solar
Mas voltando à questão do nosso escape da Terra e da Lua, sim, a parte mais difícil foi fazer o foguete sair completamente carregado da Terra do que fazer o pequeno módulo retornar em segurança da Lua para cá.

Para levantar o Saturn V (que pesava a bagatela de quase 3 milhões de quilos, também conhecido como 3 mil toneladas) foi necessária uma força gerada equivalente a 40 Boeings 747, ou, cerca de 3.8 milhões de quilos força. Não é a toa que o motor do foguete, o Rocketdyne F-1, continua sendo o mais poderoso motor de foguete de combustível líquido já desenvolvido. Para alimentá-lo o Saturn V tinha 2 milhões de quilos de oxigênio líquido, mais 650 mil quilos de querosene e 92 mil de hidrogênio líquido.

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A diferença entre ter de levantar o módulo completo ou só a cápsula

Mas voltando à Lua, como você já está cansado de saber, ela tem uma gravidade muito menor do que o nosso planeta, portanto, o empuxo necessário para escapar da gravidade de lá é proporcionalmente menor do que aquele necessário por aqui. Se na Terra a velocidade de escape é de 11.2 km/s o que dá pouco mais de 40 mil km por hora, já na Lua ela é de 2.4 km/s ou 8640 km por hora, o que dá mais ou menos a relação de 1 para 6 que citamos há pouco ao comparar as gravidades durante o tópico da bandeira tremulando.

E se eu disser que a parte mais fácil foi sair da Lua do que sair da Terra não vou estar exagerando. Tudo porque o motorzinho embarcado na Apollo (e mostrado na foto ao lado) tinha o dobro de força necessária para fazer a pequena cápsula voltar ao espaço (isso porque ele foi construído originalmente para ser embarcado em uma espaçonave de peça única, que teria que voltar à Terra com o mesmo tamanho que partiu, ou seja, não haveria aquela separação de lançadores, tanque, etc. que estamos acostumados a ver e é usado para livrar-se de peso morto).

Já está quase convencido das possibilidades? Não, então vamos aos números: Para chegar à velocidade de escape da Lua é só usar a fórmula ao lado, onde:

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  • G é 6.67384E-11 N*m^2*kg^-2 que é a constante gravitacional
  • M é 7.34767E22 kg que é a massa da Lua
  • r é 1737400 m que é o raio da Lua

Para escapar da Lua a espaçonave teve uma ajudinha da física. O módulo que sairia do satélite tinha uma MASSA de 4,700 kg, porém, o seu PESO (que é o resultado da massa multiplicada pela gravidade da Lua) é de pouco mais de 780 quilos. Ou seja, para levantar do solo lunar e subir ao espaço o módulo precisaria queimar combustível e alcançar um empuxo de, no mínimo, 781 quilos.

Seus tanques tinham pouco mais de 2350 quilos de combustível o que, com o seu motor, geraria um empuxo de quase 1600 kg força por um tempo relativamente curto, mas o suficiente para atingir a velocidade de escape e içá-lo ao espaço novamente (lembra que eu disse que ele tinha o dobro da força necessária? Pois é, 1600 é mais do que o dobro dos 781 que vimos no parágrafo anterior, concorda?).

E para que tudo der certo, um último e grandioso detalhe é mostrado no vídeo abaixo: Do módulo lunar que pousou no satélite (e você viu no início desse tópico), mais da metade da estrutura ficaria por lá mesmo. O que seria lançado ao espaço novamente é uma parte bem menor (e mais leve) do objeto.

E antes que surja mais um possível motivo de fraude, está tudo certo em não aparecer a chama da combustão no vídeo acima. A combustão da mistura utilizada (hidrazina e tetróxido de nitrogênio) produz uma substância incolor. Além disso, como não havia ar em volta da nave, os gases espalharam-se rapidamente. Ou seja, nada de chamas visíveis. O mesmo vale para a ausência de crateras. Como não há ar, a parte do solo atingida pelos gases não se dispersou.

A diferença entre ter de levantar o módulo completo ou só a cápsula
A diferença entre ter de levantar o módulo completo ou só a cápsula

Continuando o processo, assim que chegasse lá em cima a cápsula encaixar-se-ia com um outro veículo (que ficou o aguardando quando o módulo lunar soltou-se para descer à Lua) e que, esse sim, teria a quantidade de combustível necessária para a volta. Mas os astronautas não voltariam nesta cápsula não. Ao invés disso eles passariam para a nova espaçonave recentemenete acoplada e voltariam através dela para casa sãos e salvos.

O nome desse processo complicado de desprender, depois subir e então encaixar novamente naquela que ficou lá em cima aguardando é Técnica Rendezvous e você pode vê-lo animado no vídeo abaixo.

Vídeo incorporado do YouTube Aaah, mas apenas para que fique bem claro: a espaçonave que trouxe os astronautas também não estava com combustível sobrando. Segundo informações, quando chegaram aqui na Terra eles não tinham mais do que 30 segundos do líquido restando em seus tanques. Pronto, vai dizer que ainda tá duvidando o arrombado?

Acha que eu estou enganado em alguma coisa? Então deixe um comentário com a sua versão dos fatos. Não esqueça de citar as fontes. As minhas são:

Fontes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 , 9, 10, 11