John Culberson, congressista estadunidense, teve acesso a um estudo da década de 1990 que ainda não havia sido publicado sobre a missão Galileu. O documento em questão, que estava em posse do periódico científico Nature Astronomy, acabou sendo divulgado pelo republicado como meio de argumentar favoravelmente sobre o a missão Europa Clipper, da NASA, que tem como objetivo estudar mais de perto a lua Europa, de Júpiter.
Um grupo de legisladores, durante uma reunião do subcomitê da Câmara na última semana, pré-aprovou uma lei de financiamento para a NASA, que deverá fornecer US$ 545 milhões para a missão Europa Clipper. Durante a reunião, John Culberson mencionou o estudo na Nature Astronomy, ainda sob embargo, como um grande motivador para a futura missão.
O estudo inédito mostra que a lua Europa estaria vertendo jatos de água. Os dados foram coletados quando a sonda Galileo passou próxima de um gêiser, em 1997. Antes da divulgação de tais informações, havia suspeita de que poderia haver água abaixo da superfície de Europa, porém, não havia qualquer indício que comprovasse a hipótese além das fotografias distantes e não muito nítidas do telescópio espacial Hubble, feitas entre 2012 e 2016.
Agora, através da descoberta da sonda Galileo, que foi detalhada no início da semana na Nature Astronomy, de acordo com o cientista planetário da Universidade de Michigan e principal autor do estudo , Xianzhe Jia, esta é a evidência mais forte de que realmente existe água na lua gelada.
Caso realmente exista água na Europa, isso torna a lua de Júpiter um provável local, além da Terra, para abrigar vida. Acredita-se que os jatos de água venham de um oceano subterrâneo, abaixo da costa gelada da superfície de Europa. Caso a hipótese estiver realmente correta, as missões para a lua de Júpiter irão se tornar mais econômicas, já que não será necessário aterrissar para perfurar a superfície do satélite natural e te acesso ao material, precisando apenas voar próximo aos jatos líquidos.
A missão deverá ser executada pela NASA no início de 2020. Para conseguir o feito a agência está trabalhando em uma espaçonave robótica chamada Europa Clipper, que deve voar ao redor dos gêiseres de Europa mais de 40 vezes, coletando materiais para uma analise posterior.
"Isso realmente sugere que o Clipper tem uma boa oportunidade de voar diretamente através de um jato e nos dizer muito mais sobre suas propriedades", diz Jia.
De acordo com Jia, os achados do Hubble acabaram inspirando a equipe a buscar dados da Galileu através de outras novidades. A sonda, que foi lançada em 1989, explorou as luas de Júpiter entre 1995 e 2003, voando 11 vezes para conseguir coletar informações.
"Em uma passagem particular por Europa, a nave chegou muito, muito perto da superfície - que eu me lembre a menos de 150 quilômetros acima da superfície - e foi nessa passagem que vimos assinaturas que nós nunca realmente entendemos", disse Margaret Kivelson, professora emérita de física espacial da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, na Nasa TV.
A equipe conseguiu encontrar dados estranhos na viagem que Galileu fez em 16 dezembro de 1997, em que realizou uma abrupta queda na força do campo magnética de Europa, que ainda parecia se dobrar e girar. Na mesma situação, o espaço perto da lua contava com uma quantidade mais elevada de partículas carregadas. Jia diz que nada semelhante foi mostrado nos dados de outros voos de Galileo.
Baseado nas imagens do Hubble, a equipe desenvolveu um modelo computacional dos jatos de água de Europa, com a ideia de testar como a simulação interferiria no campo magnético da lua. Como resultado, muita semelhante ao que foi contatado pela Galileo em 1997.
Agora, a Europa Clipper está sendo projetada para conseguir chegar mais próxima ao satélite natural que Galileo jamais chegou, atingindo cerca de 25 quilômetros da superfície da Europa.
"Essas descobertas ajudarão a planejar missões futuras à Europa, como a Europa Clipper, da NASA, e a nave Júpiter Icy Moons Explorer, da ESA, ambas previstas para chegar a Júpiter entre o final da década de 2020 e início da década de 2030", disse um resumo da Nature.
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