Em março deste ano, o festival de cinema de Cannes anunciou que somente filmes estreados em cinemas poderiam participar das premiações. Isso significa que os filmes produzidos pela Netflix e Amazon ficam de fora. Como resultado, a Netflix decidiu boicotar o festival.
A plataforma de streaming não gostou da ideia. Mas na época do anúncio, o CCO da empresa, Ted Sarandos, havia informado que a Netflix iria se programar mesmo assim para apresentar seus filmes no cenário não competitivo do festival. Só que agora, decidiram que seria melhor voltar atrás e não ir.
O motivo disso foi dito por Sarandos em uma entrevista à Variety, em que confessa temer que os filmes e produtores da empresa sejam desrespeitados em Cannes. Ele acrescenta ainda: "Eles deram o tom. Eu não acho que seria bom estarmos lá". Mesmo com a possibilidade da plataforma poder filtrar alguns de seus próximos filmes para fora da competição, Sarandos não vê como isso faria sentido para a Netflix.
"Queremos que nossos filmes sejam justos com todos os outros cineastas", disse na entrevista. "Há um risco em fazermos isso (ir à premiação) e ter nossos filmes e cineastas tratados desrespeitosamente no festival".
No ano passado, antes da implementação da regra, a Netflix mostrou dois filmes na competição: "Okja" de Bong Joon-ho e "The Meyerowitz Stories" de Noah Baumbach. No entanto, após o anúncio, alguns proprietários e sindicatos de cinemas franceses reivindicaram contra a inclusão desses filmes ao diretor artístico de Cannes, Thierry Frémaux. Em contrapartida, a Netflix estava disposta a ter seus filmes rodados em cinemas na França se não fosse a lei do país que proíbe a aparição de filmes em plataformas domésticas até 36 meses de seu lançamento nos cinemas.
Uma das pessoas responsáveis por conduzir essa ideia foi Steven Spielberg, que comunicou achar que as produções de streaming e do cinema são diferentes e, portanto, não deveriam ser concorrentes. Novamente em março deste ano, o produtor e diretor chegou a comentar que os filmes da Netflix não deveriam nem concorrer ao Oscar.
Frémaux defendeu a colocação de Spielberg quando a notícia de que os filmes de streaming não concorrerão mais foi anunciada, e disse "o cinema triunfa em todos os lugares, mesmo nesta era de ouro do streaming. A história do cinema e a história da internet são duas coisas diferentes".
Atualmente, a Netflix está produzindo The Irishman, do aclamado diretor Martin Scorsese e elenco com nomes como Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci.
Enfim, para aqueles que amam o cinema independente de onde vem, contanto que seja feito com amor e dignidade, esperamos que o conselho do festival de Cannes mude de ideia, e caso não mudar, é certo que muitos outros festivais de grande importância saberão dar valor a produções de todos os tipos. E vocês leitores, qual é sua opinião sobre a decisão de Cannes? Comente!
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