O MacBook Air lançado no fim de 2020 não teve alterações estéticas, mas, internamente, foi uma das maiores mudanças introduzidas pela Apple nos últimos anos. Ele traz o chip M1, que tem arquitetura similar à de smartphones, unindo ótimo poder de fogo a baixo consumo energético. Eu utilizei esse computador por mais de um mês e vou contar os pontos positivos e negativos que mais chamaram minha atenção.
Especificações técnicas
No que diz respeito à ficha técnica, não há nada muito chamativo, a princípio. O principal destaque é o “Apple Silicon”, termo usado pela fabricante para se referir a seus próprios chips, que substituem as soluções da Intel. O M1, modelo estreante, é uma peça que aglutina CPU, GPU, memória RAM e armazenamento.
A unidade do MacBook que utilizei foi a mais simples possível: 8GB de RAM e 256GB de armazenamento SSD, com processador de 8 núcleos e chip gráfico de 7. Qualquer variante mais cara tem 8 núcleos também no chip gráfico, uma vantagem que faz pouca diferença prática.
- Categoria:: Premium
- Sistema operacional:: macOS
- Processador:: Apple M1 (8 Núcleos / 8 Threads)
- Placa de vídeo dedicada:: Não possui
- Total de RAM:: 8 GB
- Slot de Memória 1:: 8 GB DDR4 4200 MHz (soldada)
- Slot de Memória 2:: Não possui
- Armazenamento instalado:: SSD de 256 GB
- Slot para upgrade de armazenamento:: Não possui
- Resolução:: 2560 x 1600 pixels (QUAD HD)
- Tamanho: : 13.3 polegadas
- Tipo de tela:: LCD IPS
- Taxa de Atualização:: 60 Hz
- Proporção da Tela:: 16:10
- HDMI:: Não possui HDMI
- USB:: 2x USB-C (Thunderbolt)
- Outras conectividades:: 1x P2 (fone+mic) e 1x leitor biométrico
- Conexões Wireless:: Wi-Fi 5
- Informações do Teclado: Layout Americano, sem númerico e retroiluminação branca
- Webcam:: 720p (1280 x 720)
- Capacidade da Bateria e Carregador:: 50 Wh
- Dimensões (Largura x Profundidade x Espessura):: 30.4 x 21.2 x 1.6 cm
- Peso:: 1.28 kg
Apple MacBook Air M1 - Veja aqui a ficha técnica completa
Pontos positivos
Construção diferenciada
Para alguém como eu, que vinha testando vários notebooks de outras marcas, incluindo as opções gamer com carcaça de plástico, não há como não começar com um grande elogio para a construção do MacBook Air. Ele é todo em metal e muitíssimo bem feito em diferentes aspectos.
Percebe-se facilmente que o chassi, como um todo, é super sólido, a tela “retina” tem ótima definição e fidelidade de cor pra lá de satisfatória, o som chega a impressionar para uma máquina desse tamanho e o teclado, apesar das teclas bastante rasas, é muito preciso, com um ótimo leitor de digitais no canto superior direito.
O touchpad (ou trackpad), grande e responsivo, é o melhor que já usei, e não estou exagerando: como usuário que praticamente não liga para touchpads, só larguei o do Air para editar vídeos. Esta observação é mais relevante para quem não tem costume de usar Macs, uma vez que laptops da Apple carregam essa característica há tempos. De qualquer forma, chama atenção o fato de que, a essa altura, os melhores notebooks com Windows ainda não conseguem atingir o mesmo patamar no quesito.
Por outro lado, um aspecto não muito agradável deste design são as bordas avantajadas ao redor da tela. Nada gritante mas, para um laptop sofisticado de 2021, espera-se algo melhor, como já é comum na concorrência. De qualquer forma, o conjunto competente é capaz de tornar essa falha um detalhe perdoável.
Desempenho que surpreende
Um raciocínio convencional para muitos usuários é que processadores potentes precisam ter a arquitetura x86 (de Intel e AMD), ainda dominante no mercado de PCs. O desenvolvimento de chips para celular vem colaborando para mudar tal visão, e o M1 passa a régua: é muito rápido e capaz de executar tarefas pesadas como se não fossem complicadas.
Usar o MacBook Air foi uma experiência até curiosa. Em posse de um modelo base, com 8GB de RAM, pude realizar edições de vídeo com enorme facilidade no Final Cut Pro, software da Apple. Simplesmente joguei vários arquivos em Full HD e 4K, com duas, três, quatro camadas, adicionei alguns efeitos e… A linha do tempo ainda deslizava suavemente.
Foi um resultado que nunca tinha conseguido no Windows. Os tempos de exportação também foram mais que satisfatórios, embora a fluidez do editor rodando vários arquivos pesados foi o que, de fato, me impressionou.
A operação geral do macOS Big Sur também foi ótima. Chama atenção o tipo de carga de trabalho que é possível com uma quantidade nominalmente limitada de memória: múltiplas abas no navegador, diferentes aplicativos abertos, sistema rodando há tempos e nada de “engasgar”. É quase como a vantagem que tipicamente se atribui a iPhones, que não precisam de especificações tão vistosas para operarem de forma eficiente. Sem dúvidas, outros computadores com SSD são capazes de entregar resultados parecidos, embora devam precisar de mais memória e processadores parrudos.
Um bom complemento para tudo isso é o fato de que não há ventoinha neste laptop, que é refrigerado de forma 100% passiva. Em outras palavras, nenhum barulho é emitido pela máquina em qualquer momento, o que provê conforto ao ambiente de trabalho - é uma característica muito valorizada por profissionais de edição de áudio, por exemplo.
A bateria que todos desejam
Outro paradigma derrubado pelo MacBook Air é aquele que associa alto desempenho a enorme consumo de energia. Por aqui, a bateria dura muito, algo bem acima da média. As autonomias que consegui foram tão grandes que sequer tenho um tempo exato para relatar. Em minha experiência, sempre foi possível passar de um dia a outro sem procurar o carregador.
Normalmente, começava a trabalhar pela manhã, virava a tarde e chegava à noite com certeza de ainda ter carga. Ou mesmo, na eventualidade de precisar sair de casa, pude esquecer o carregador sem prejuízo. Em certa ocasião, eu inclusive editei um vídeo inteiro na bateria, o que causou algum impacto em sua duração, mas ainda a manteve muito acima da média.
Pontos negativos
Bugs acontecem
Não se pode esquecer de que, com a introdução do Apple Silicon, o macOS entra numa espécie de período de transição em que precisa suportar as arquiteturas antiga e nova. E se os famosos bugs podem ocorrer em períodos comuns, neste momento são até esperados. Eu passei por alguns, na prática.
Primeiramente, o ótimo Final Cut Pro deixou claro que tem seus momentos ruins. Em certas ocasiões, esse aplicativo fechava insistentemente apenas segundos depois de aberto, sem que nenhuma tarefa fosse executada. A única solução foi reiniciar. Além disso, houve dias em que o áudio sumia aleatoriamente no meio de uma edição. Nada além de um reinício deu conta de resolver.
Num dia, decidi formatar o sistema por conta de testes que estava realizando. Foi aí que descobri uma falha bastante chata que fazia a reinstalação do Big Sur apresentar erros. Precisei buscar ajuda em fóruns, sair do procedimento comum e tentar alguns alternativos até ter sucesso. É algo que, neste momento, parece estar resolvido, embora ainda surjam eventuais registros de usuários com dificuldades web afora.
Se tive esses percalços com o software, mal sabia que, até certo momento, corri o risco de arruinar o hardware por uma falha de otimização (?). Descobriu-se que, rodando versões iniciais do Big Sur, os novos MacBooks poderiam dar pane e morrer repentinamente se o usuário utilizasse hubs ou docks USB de fabricantes não licenciados. Era exatamente este o meu caso, e fui salvo numa recomendação de vídeo dada pelo YouTube (valeu, Google), que recomendava a atualização urgente. Foi o que fiz, e sugiro a qualquer um que tire um Air da caixa a fazer isso antes de lançar mão de hubs quaisquer. Eles ainda vão esquentar bastante, esteja avisado(a), mas não parece ser algo crítico.
A compatibilidade ainda não é ideal
A Apple criou o Rosetta 2, um mecanismo que traduz, em tempo real, softwares antigos para a nova arquitetura dos M1... Na verdade, não necessariamente softwares antigos: ainda há muita coisa recente que não foi reprogramada para rodar de forma nativa nos novos chips. Mas não tem segredo: instala-se o Rosetta 2 uma vez e ele fica responsável por abrir tudo e entregar um funcionamento razoável, com perda moderada de performance.
A maioria dos programas famosos já trabalha de forma nativa, ou muito bem via tradução. Mas não são todos. Só o cotidiano e as necessidades pessoais vão revelar uma série de aplicativos que não abrem, que precisam de adaptações para entrar ou que funcionam com limitações. Aos que precisam desses “lado B”, é importante fazer uma pesquisa para se certificar de que não haverá problemas - há comunidades na internet focadas em discutir essa transição, o que é útil por um lado e, por outro, evidencia que ainda há trabalho a ser feito.
Uma popular ferramenta que se foi e não dá sinais de que voltará é o Boot Camp, que possibilita a instalação do Windows em Macs com processador Intel. É bom não contar com ele. Existem, sim, soluções de virtualização que trabalham com eficiência, mas não me parece algo a ser considerado seriamente, sobretudo para quem dá muita importância a algum programa exclusivo do Windows.
O mesmo pode ser pensado sobre jogos para o sistema da Microsoft. Sem Boot Camp, não é garantido que será possível rodar aquele título mais leve para matar um tempo. Se for o caso, recomendo pesquisas sobre a compatibilidade dos games em virtualização, alguns até quebram um galho muito bem. Entre os jogos que funcionam nativamente no M1, a grande estrela do momento é World of Warcraft, que apresenta ótima performance - talvez, no futuro, o poder do Apple Silicon seja mais bem aproveitado nessa vertente.
Conexões? Nada mudou
Nenhuma novidade neste ponto: como ocorre há algum tempo, a conectividade do MacBook Air 2020 é limitadíssima, são só duas portas USB-C. É por isso que os já mencionados hubs são tão importantes, viram quase um item “Starter Pack” obrigatório. Em meu caso, adquiri uma peça que, além de portas USB, cartão SD e HDMI, tinha slot para um SSD M2 dentro da carcaça. Solucionei a limitação de conectividade e armazenamento com uma só peça, que não foi barata - algo na casa dos 400 reais.
A esse respeito, deixo uma opinião: se você pensa em comprar um modelo acima do mais básico, vale priorizar uma variante que tem mais memória RAM em detrimento de mais SSD. Isso porque o funcionamento com unidades externas é muito estável e elas estão ficando menos caras. Minhas bibliotecas do Final Cut e até alguns programas foram direto para o SSD dentro do hub.
Concorrência e preços
Quem são os concorrentes do MacBook Air M1? É difícil apontá-los de forma assertiva num cenário em que usuários de Windows podem ter necessidades específicas nesse sistema. O que posso afirmar com tranquilidade é: para produtividade, ou seja, edição de vídeo e imagens, Office e afins, este laptop fez por aqui coisas que PCs comuns precisaram ser muito maiores e mais barulhentos para se aproximarem.
Um concorrente incomum seria o Mac Mini M1, pequeno desktop que precisará de monitor, teclado e mouse para funcionar. Além de custar um pouco menos, ele tem ventilação ativa, o que deve lhe dar alguma vantagem em tarefas como exportação de vídeos longos, ou mesmo em futuros jogos nativos.
Hoje em dia, considerando um notebook gamer com GeForce RTX, ou algo similar, é difícil apontá-lo como concorrente porque só ele rodará os jogos mais famosos do momento com a melhor compatibilidade. E só ele rodará sem surpresas uma série de programas para Windows.
Sem esse tipo de necessidade, um Mac M1 é mais que recomendado, o melhor notebook para trabalho neste momento. O modelo que testei foi lançado por 13.000 reais, ou 11.700 à vista. Hoje em dia, pode ser encontrado com certa frequência entre 8 e 9 mil no varejo online, e há eventuais ofertas que o colocam na casa dos 7 mil. É nessa faixa, próxima aos 7 mil, que me parece o melhor investimento.
Veredicto
- Excelente construção
- Sim, é rápido como dizem
- Ótima autonomia
- Existem bugs
- Probleminhas de compatibilidade
- Adeus Boot Camp
Vamos lá: 7 ou 8 mil reais num notebook são muita grana? Sem dúvidas! Infelizmente, é a atual situação no Brasil, resultante de fatores adversos que não são novidade. Entretanto, quando se pensa nas alternativas ultrafinas com Windows, como um Dell XPS 13, eles podem custar o mesmo ou mais, entregando desempenho até inferior em tarefas como edição de vídeo.
É fundamental, neste caso, estabelecer o objetivo de uso e fazer a melhor escolha baseando-se nele. Se o alvo for o novo MacBook Air, posso dizer que fiquei muito bem impressionado.
Onde comprar?
Confira abaixo algumas lojas onde o laptop pode ser adquirido de forma segura.
- R$ 5.199,00 Apple Macbook Air (13 Polegadas, 2020, Chip M1, 256 Gb De Ssd, 8 Gb De Ram) - Ouro Ver oferta
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