De acordo com o estudo de uma equipe internacional de astrônomos, a Via Láctea contem dezenas de bilhões de planetas com estrutura rochosa que giram em torno das chamadas anãs- vermelhas, que são estrelas de massa menor que o sol. O estudo, que foi divulgado nesta quarta-feira, foi realizado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) e contou com os dados obtidos pelo espectrógrafo Harps, também conhecido como "caçador de planetas".
Com as informações obtidas através do espectrógrafo, que foi instalado em um telescópio de 3,6 metros do observatório La Silla, no Chile, foi possível concluir que nas proximidades do Sistema Solar, é possível encontrar uma centena de "Super-Terra", ou seja, planetas com a massa de uma a dez vezes superior ao nosso planeta.
"Cerca de 40% de todas as estrelas anãs-vermelhas têm uma Super-Terra orbitando em sua zona de habitabilidade, uma região que permite a existência de água líquida sobre a superfície do planeta", explicou o líder da equipe internacional, Xavier Bonfils.
De acordo com o astrônomo do Observatório de Ciências do Universo de Grenoble, na França, é possível dizer que "há dezenas de bilhões de planetas deste tipo só na nossa galáxia", já que, a presença das anãs vermelhas é muito comum.
As observações foram feitas durante um período de seis anos no hemisfério sul levando em consideração uma amostra composta por 102 estelas anãs-vermelhas, e assim, os cientistas conseguiram detectar um total de nove Super-Terras.
Os astrônomos, neste período, estudaram a presença de diferentes planetas em torno das anãs-vermelhas e assim determinaram a frequência de Super-Terras, que atingiu a zona de habilidade de 41% em uma categoria que vai de 28% a 95%. A presenta de planetas gigantes, similares em massa a Jupter e Saturno, não são tão comuns ao redor das anãs-vermelhas, com presença de apenas 12%.
De acordo com Stéphane Udry, do Observatório de Genebra, "a zona de habitabilidade em torno de uma anã-vermelha, onde a temperatura é apta para a existência de água líquida na superfície, está mais perto da estrela do que no caso da Terra em relação ao Sol".
"Mas as anãs-vermelhas são conhecidas por estarem submissas a erupções estelares ou labaredas, o que inundaria o planeta de raios-X ou radiação ultravioleta: isso tornaria mais difícil a existência de vida", acrescentou.
Xavier Delfosse, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble, indicou que agora que se conhece a existência de muitas Super-Terras próximas, "espera-se que algum desses planetas passe em frente à sua estrela anfitriã durante sua órbita em torno desta".
"Isso abrirá a excitante possibilidade de estudar a atmosfera destes planetas e buscar sinais de vida", concluiu.