Conhecida e respeitada no ramo das memórias e sistemas de resfriamento, a Corsair se estabilizou também no mercado de periféricos. Com teclados com apelo no público gamer, mouses de alto, médio e baixo desempenho, a empresa tem produtos para todos os gostos e valores. Ou seja, a proposta da empresa se estende àqueles que procuram produtos para uma jogatina mais casual, até aos gamers mais fervorosos, que estão em busca do máximo desempenho.
O produto a ser analisado à seguir é o Corsair Glaive. O grande marketing por trás deste mouse está no sistema de hot-swap em seus grips laterais, prometendo um mouse que "se adequa ao seu estilo de jogo" proporcionando uma fadiga muscular menor.
Mesmo tendo um design menos "agressivo" que o de seu irmão mais velho M65 Pro, o Glaive ainda conta com uma escolha de design bem arrojada, com diversos aspectos gamer marcantes, como esperado da Corsair. O mouse conta com 3 zonas de iluminação, sendo possível programá-las de formas até que bem complexas, adicionando um efeito diferente a cada área do mouse.
O Glaive possui duas versões no Brasil: A "Preta" e a "Alumínio". Sendo que a diferença entre ambas é apenas a cor em algumas áreas da carcaça. Nós recebemos a versão "Alumínio" para review, a qual a nomenclatura se refere a sua cor, já que o mouse é inteiramente construído em plástico.
Construção Externa
O Glaive possui uma estrutura quase que inteiramente feita em plástico ABS, este que por sua vez é de ótima qualidade, dando ao mouse uma construção robusta e sólida, livre de rangidos e pontos inconsistentes. O mesmo é construído em um plástico fosco com uma textura que imita o emborrachado (o qual costuma ficar marcado bem facilmente, mas que não tem o mesmo desgaste geralmente visto na borracha), com um leve detalhamento em glossy na área de um dos feixes de luz.
Caso você tenha problema com suor nas mãos, sinto lhe dizer que o Glaive não ajuda muito com isso, pois seu sistema de iluminação quando ligado na opacidade máxima tende a esquentar a parte superior do mouse, causando a transpiração nas mãos, o que pode ser resolvido desligando a iluminação ou diminuindo a intensidade da mesma via software.
No topo do mouse, além dos botões principais e scroll, encontramos o botão para troca de DPI e um indicador de DPI. O indicador é feito com um sistema de leds em conjunto com cinco pontos translúcidos no topo da carcaça, transformando a praticidade em checar a faixa de DPI do mouse um ponto positivo ao mesmo. Seu scroll é feito quase que inteiramente em metal (o qual quase não aparece) e coberto com uma superfície de borracha, com uma textura intercalada de linhas.
Ainda na parte superior, encontramos duas das três zonas de iluminação, sendo elas a logo marca da empresa e dois feixes de luz, de forma semelhante ao que encontramos no "Roccat Kone XTD", sendo que uma delas fica dentro da carcaça do mouse, e é visível por conta de um recorte na estrutura do mesmo. A terceira zona de iluminação do mouse se encontra na sua parte frontal - sendo bem semelhantes ao farol de um carro - diga-se de passagem.
Na lateral esquerda do mouse encontramos seus dois botões laterais, os quais podem ser configurados via software. Já na sua lateral direita a única coisa que encontramos é um grip de borracha para melhorar a aderência do mouse, tendo bons resultados. (Mesmo após um ano do lançamento do mouse, não achei relatos de desgaste nos grips laterais. Por favor, se ocorreu com você, deixe o feedback nos comentários.)
E é em suas laterais que encontramos o maior diferencial deste mouse: o sistema de grips intercambiáveis.
O Glaive vem acompanhado de três grips laterais com sistema de hot-swap (contando ao que já vem fixado ao mouse). Este esquema consiste em um grupo de ímãs equipados ao mouse trabalhando em conjunto com parafusos e sulcos para fazer os grips ficarem fixados ao mouse. O resultado disso? Um sistema de troca de grips simples, seguro e prático. Semelhante ao que foi feito no Mastermouse Pro L, só que de forma eficiente e sem riscos de danificar a carcaça do mouse.
O grip que vem equipado no mouse é o mais simples entre eles; construído em plástico fosco e alinhado com a altura do corpo do mouse, sendo neutro e possivelmente o melhor para auxiliar à pegada fingertip.
O segundo grip é bem semelhante ao primeiro, sendo o seu maior diferencial o grip de borracha acoplado ao mesmo, adicionando mais aderência ao mouse. Além disso, tem o corpo um pouco mais "inclinado" para fora.
O terceiro e último, mas não menos importante, é o que traz a maior diferença entre todos os outros. Com um formato de "asa", semelhante ao que vemos em mouses como Razer Basilisk e Logitech G502, este grip com toda certeza será o mais confortável para a pegada palm, já que o usuário poderá deixar a mão totalmente descansada sobre o mouse. O mesmo também vem acompanhado de um grip de borracha, e um teflon extra.
A parte de baixo do mouse conta com um plástico de qualidade equivalente ao de sua carcaça superior, só que aqui encontramos uma superfície texturizada com algo semelhante à "diamantes", digamos assim. Com uma grande quantia de recortes, um deles auxilia a retirada dos grips.
A parte frontal conta com dois teflons relativamente pequenos, mas a parte de trás conta com dois outros teflons de um ótimo tamanho, totalizando quatro skatez (cinco se utilizado em conjunto com o grip com forma de asa), o que garante ao Glaive um ótimo deslize.
Seu cabo é trançado em nylon, e não é dos mais maleáveis, o que pode ser um ponto negativo para muitos. Particularmente, não me atrapalhou em nada, mas um mouse bungee pode resolver qualquer problema posterior. (Mesmo que o ideal seja que a marca utilize cabos de borracha em seus mouses, o usuário ter que resolver certos problemas não é uma solução, é uma gambiarra.)
Como esperado de um conector da Corsair, o mesmo é muito estilizado e um tanto quanto largo, o que pode acabar atrapalhando outros conectores USB que estejam conectados em sua placa mãe, e até mesmo entortar alguns conectores dependendo do caso. Este ponto já foi criticado antes em produtos da Corsair, mas, infelizmente eles persistem no erro. O conector é padrão 2.0 e não é banhado a ouro.
Rattle
Alguns problemas que podemos encontrar em alguns mouses é o "rattle". O rattle é um problema que geralmente encontramos no scroll de alguns mouses que não tiveram um projeto 100% bem feito nesse setor, como as primeiras unidades do G403 e a versão final do Storm Mizar.
Rattle é basicamente este barulho emitido pelo scroll quando o mouse é balançado, como se algo estivesse meio solto nele (e realmente está).
O Corsair Glaive conta com uma quantia mínima de rattle, o suficiente para que não incomode o usuário, mas, mesmo assim, ele se faz presente.
Com uma construção robusta e extremamente caprichada, o Glaive é um mouse que, ao menos externamente, provavelmente não vai causar problemas com questão a sua durabilidade. Realmente não achei nada neste quesito da análise para fazer uma crítica relevante ou que torne o uso do mouse impróprio, a Corsair realmente caprichou neste sentido.
Ergonomia
Ao utilizarmos um mouse, costumamos ter nossa própria forma de segurá-lo, essas formas são denominadas "pegadas", os exemplos acima são os tipos mais comuns de pegadas.
A pegada palm fica muito confortável no mouse, principalmente se aliada ao grip em formato de asa. O tamanho e largura avantajada do mouse acaba por ser uma influência direta sobre essa afirmação.
O mouse também se adequa muito bem a pegada claw, sendo, talvez, a pegada mais confortável a se utilizar neste mouse.
Levando em consideração o peso do mouse (120g na versão black e 127 na versão aluminium, sem contar o cabo) eu não indicaria o Corsair Glaive para usuários desta pegada, o tamanho elevado também não ajuda usuários de mãos pequenas, que podem sofrer com problemas de tendinite posteriormente.
O Glaive é um mouse com cerca de 6.5cm de largura por 12.5cm de comprimento, pesando, como já citado, 120g em sua versão black e 127g em sua versão aluminium (pesado), com seu ponto mais alto localizado no meio do mouse. Levando isso em consideração, posso afirmar que usuários de mãos grandes poderão usufruir do mouse sem problemas, enquanto os de mãos menores e/ou da pegada fingertip, podem ser prejudicados em relação ao uso.
Construção Interna
E finalmente chegamos a parte que realmente determina a qualidade do produto. Na construção interna é onde saberemos se um mouse/teclado utiliza bons componentes, se é bem organizado e se o projeto é bem feito. Sendo uma das áreas mais importantes da análise.
Assim como os topos de linha atuais estão adotando, o Glaive utiliza os "novos" switches OMRON 50M, atuais switches topo de linha da OMRON ao lado da linha Japan. O atual topo de linha da Corsair, Glaive, é um dos mouses realmente "high end" que estão com o preço mais "acessíveis" dentro do seu segmento. Levando isso em consideração, é aceitável ele ter uma construção interna de qualidade inferior a outros mais caros, mas, utilizar switches tactile square nas laterais já é pedir demais!
Switches tactile square são switches de baixo custo geralmente utilizados nos botões scroll e de DPI de mouses de preço médio, e utilizados nos botões laterais de mouses de custo extremamente reduzido, como o V30 da Motospeed, que custa cerca de 60 reais. Isso realmente pode vir a ser um ponto negativo ao mouse, já que, não sairia tão mais caro no preço final do produto fazer a substituição desses switches para switches como os da CF ou da Kailh, que também tem um preço reduzido. Isso não irá ser um problema para aqueles que fazem uso casual dos botões laterais, mas, para usuário que jogam games do tipo MOBA e planejam utilizar demasiadamente os botões laterais, esta escolha pode se tornar um motivo para se afastar deste mouse.
Os cabos são modulares, o que facilita o reparo dos mesmo em caso de algum defeito. As soldas são de boa qualidade, e a PCB é devidamente "organizada".
Enfim... Fora os switches laterais do Glaive, todo o resto está totalmente dentro do aceitável e ainda assim é possível dizer que o produto tem uma construção interna de qualidade, utilizando componentes de ótima qualidade nos botões mais utilizado e economizando (até demais) em switches menos utilizados.
Desempenho
Se você tem alguma dúvida a respeito de termos técnicos, recomendamos que leia nosso artigo sobre o que um bom mouse precisa ter clicando aqui, ele explica muito bem o que cada nomenclatura significa.
MS Paint
Com o Microsoft Paint fizemos dois testes muito importantes, os de jitter e prediction que são, respectivamente, avaliações que verificam se o sensor do mouse sofre com alguma distorção (o que deixa as suas linhas "tremidas") e também se ele tem algum tipo de sistema que tenta simular linhas retas perfeitas, o que você certamente não quer em um jogo de precisão, pois os movimentos humanos não são perfeitos.
Logo de cara encontramos ótimos resultados. O sensor se comporta muito bem em quase todas as faixas de DPI, sem a presença de prediction e com uma quantia de jitter razoavelmente baixa. Lógico, o sensor vai perdendo desempenho enquanto a faixa de DPI é elevado, mas da pra notar que o PMW3367 do Glaive realmente foi bem implementado e vai entregar o resultado esperado de um high end.
De qualquer forma, minha indicação continua sendo utilizar o sensor abaixo dos 8000 DPI, para arrancar o máximo desempenho do mesmo.
Enotus Mouse Test
No Enotus realizamos mais dois testes, a frequência com que o mouse se comunica com o computador, o que nos dirá também o tempo de resposta dele com a máquina, e também a velocidade máxima que o sensor é capaz de captar. Bons resultados devem mostrar um Polling speed acima de 500 Hz (2 milisegundos de atraso) e no mínimo a 2m/s em Max speed.
No enotus os resultados também são bons, com 5.11m/s e uma resolução bem próxima de 1ms, o Glaive mostra que está preparado mesmo para os movimentos mais rápidos.
Mouse Tester
O Mouse Tester nos mostra resultados um pouco mais técnicos e muito importantes, a consistência do sensor e o teste de aceleração para sabermos se o mouse possui algum tipo de alteração em seu rastreio em relação à velocidade que o movemos.
Consistência
No teste de consistência vamos verificar se o sensor possui algum tipo de alteração em seu rastreio, portanto, as linhas são o trajeto percorrido pelo mouse em relação ao tempo e as bolinhas são os registros do mouse sobre sua posição, quanto mais próximas da linha, mais preciso é o sensor.
Aqui os resultado são bem simples de se entender. O mouse faz uma leitura consistente e precisa, tendo resultados perfeitos neste quesito, mostrando que o sensor foi realmente bem implementado.
Aceleração
A aceleração é um problema comum apenas em mouses de baixíssima qualidade, no entanto, é extremamente importante verificar se ele possui algum tipo de alteração em relação a velocidade que é movimentado, pois taxas altas podem atrapalhar seu desempenho em jogos que exigem precisão, como Counter Strike, por exemplo.
No teste de aceleração encontramos algumas poucas contagens de aceleração, que muito provavelmente se deu por conta dos movimentos errôneos de minha mão, já que movimentos humanos não são totalmente precisos. Muito provavelmente o Glaive também apresenta um resultado próximo da perfeição aqui.
LOD
LOD (Lift-off distance) é a distância que o mouse para de rastrear de acordo com que ele é suspenso, essa distância é calculada fazendo o uso de CD’s. Para fazer o teste basta colocar o mouse sobre dois CD’s de forma que o sensor fique livre e apontado para o mousepad, e ir empilhando mais CD’s até que o cursor do mouse pare de se mover. Quanto menor o lod, melhor para jogos FPS.
O LOD do Glaive é regulável via software em três etapas: alta, média e baixa. No LOD mais baixo o mouse para de detectar o rastreio a partir da altura de 1 CD, já no mais alto, para de rastrear por volta de 2 CDs. Por algum motivo louco a Corsair seta o LOD alto como padrão do mouse em seu software, então, recomendamos que baixem o software e façam a regulagem de forma manual.
A faixa de 1 CD LOD está de ótimo tamanho para jogadores de até mesmo níveis competitivos, aprovado.
Conclusão
Farei da palavra de outros membros as minhas: O Corsair Glaive é um mouse que precisa de tempo para demonstrar o seu valor. Logo de início, eu não conseguia nem sequer utilizar o mouse por não conseguir me adaptar , porém, após cerca de uma semana de adaptação, foi como se minha mão tivesse criado uma intimidade maior com um mouse (lenny), se assim posso dizer.
Com uma pegada confortável, uma construção extremamente robusta e que transpira confiançaO mesmo se demonstrou ser um excelente mouse. Com uma pegada confortável, uma construção extremamente robusta e que transpira confiança, um bom sistema de iluminação e features que dão outra vida ao mouse, este foi um dos mouses que eu mais gostei de utilizar após o período de adaptação.
A Corsair apresenta o Glaive como o topo de linha que ele realmente é, só que com um preço ainda inferior aos de seus concorrentes, tal como o Deathadder Elite e Roccat Kone EMP. Mas, é claro que isso teria um preço: O Corsair Glaive é, talvez, entre os "high end" do mercado que se arriscaram verdadeiramente a utilizar componentes topo de linha, o com a construção interna mais "fraca". E isso não o torna ruim, longe disso, porém, realmente foi uma escolha um tanto quanto infeliz utilizar switches tão baratos em seus botões laterais. Entretanto, seu sistema de grips laterais realmente dão uma outra vida ao mouse e com toda certeza são um belo ponto a se considerar, pois, ele é um dos poucos mouses que se arriscaram a "inovar" no que já estava pré-definido a muito tempo.
Enfim... o Glaive é um mouse que pode ser encontrado por uma valor de até R$259,90 no momento em que esta review está sendo escrita, e este, indubitavelmente, é um preço incrível para um mouse de tamanha qualidade. Então, aos amantes de mouses grandes e pegada palm/claw, garanto que o Glaive não irá decepcionar e irá valer cada centavo pago pelo mesmo.
Adendo: Um novo sistema de nota foi adotado no quesito ''construção externa'', para que a review fique mais intuitiva. Este sistema é semelhante ao utilizado pelo também reviewer ''Wellington Diesel'', o qual nos autorizou a utilização deste meio. Agradecemos desde já ao mesmo.
Agradecimentos especiais ao Victor Ostetti e Víctor Salles pela ajuda na formatação do texto.
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