Nossos equipamentos de telescopia alcançam cada vez mais distâncias e, captando emissões de luz ou de radiação, vão tateando e mapeando pouco a pouco o universo que o ser humano consegue enxergar.
Foi uma notícia deste porte que foi anunciada na última terça-feira, dia 25 de março. Partindo de observações feitas em diferentes locais da América do Sul, uma equipe de pesquisadores Brasileiros descobriu o primeiro asteróide com anéis em sua órbita. A descoberta é surpreendente não somente pelo fato de ser um corpo orbitado por anéis, mas sim por ser um asteróide com anéis orbitando a sua volta. O primeiro do tipo a ser descoberto, já que os pesquisadores já conhecem de longa data pelo menos mais quatro corpos com esta característica no nosso sistema solar. A diferença é que estes corpos são planetas, que estão em áreas mais observáveis e possuem sistemas de anéis mais fáceis de serem detectados. O asteróide, conhecido como Chariklo - em homenagem à ninfa Chariklo, filha do deus Apolo - fica a cerca de 2,2 bilhões de quilômetros de distância da terra e tem menos de 260 quilômetros de diâmetro. O corpo, que orbita o sol entre Saturno e Urano, é considerado o maior dos asteróides da categoria "Centauro", que é a categoria de corpos menores do sistema solar, e é conhecido pelos cientistas desde fevereiro de 1997. Chariklo é o quinto corpo conhecido, dentro do nosso sistema solar, a possuir anéis, sendo precedido por Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
De acordo com o Observatório Europeu do Sul, ainda não é possível saber a origem dos dois anéis, mas que possivelmente, eles são resultado de uma colisão, que criou um disco de detritos. A descoberta só foi confirmada, quando o asteróide passava em frente a uma estrela ainda maior e mais distante, em junho do ano passado e bloqueou a emissão de sua luz por alguns segundos. Foi então que os pesquisadores perceberam que existia algo mais ali, além de um simples asteróide.
O autor da pesquisa, Felipe Braga-Ribas se mostrou surpreso, já que ele e sua equipe não estavam procurando por anéis, por imaginar que corpos pequenos, como Chariklo, não os tinham. Os resultados dessa pesquisa podem ainda, em um futuro recente, nos dar pistas sobre a formação da nossa própria lua, já que com o tempo pode haver a condensação desses anéis, o que pode levar à formação de um pequeno satélite.
Os anéis têm entre 7 e 3 quilômetros de diâmetro, e estão a uma distância aproximada de 9 quilômetros um do outro e a cerca de 19 quilômetros do próprio asteróide. Cientistas utilizaram ao todo, 7 telescópios diferentes, espalhados pelo mundo para confirmar a descoberta.
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