Ostentando hoje o 5º lugar na lista de marcas mais valiosas do mundo, com mais de 128 mil funcionários, a Microsoft fechará o ano de 2014 com mais de 86 bilhões de dólares de receita provenientes de seus softwares, vídeo-games, jogos, tablets, servidores, serviços digitais, desktops, celulares, etc. Mas como ela surgiu e qual caminho percorreu para chegar ao topo do mercado de computação? Acompanhe conosco a partir de hoje nosso post especial sobre a história da Microsoft. Você pode ler também a História da Apple.
Abaixo, a primeira parte; ahh, e se você clicar aqui verá todas as nossas histórias digitais. Vamos lá:
Fundada em 1975 por Bill Gates (que 2 anos depois deixaria Harvard) e Paul Allen (que havia deixado a universidade de Washington), dois amigos de escola, a Microsoft (fusão das palavras Microcomputer e Software) revolucionaria o mundo da computação. Com a ideia em comum de sobreviver no recente mundo da programação, trabalhando cada qual em seu computador e em sua casa os dois nem sonhavam em fabricar microcomputadores ou qualquer produto que não fosse um software interpretador em linguagem Basic para o Altair 8800 (lançado em 1974), considerado por muitos, o primeiro computador pessoal da história.
O jovem Bill Gates observando Paul Allen programarA empresa de Bill Gates e Paul Allen parecia estar no caminho certo desde sua fundação, já que não demorou muito para os criadores começarem a colher os frutos da iniciativa. No final do ano de 1976 a empresa fechou com o balanço de incríveis $16,005 dólares de receita para a época; no mesmo ano o nome "Microsoft" já seria registrado oficialmente como uma marca.
O sucesso repentino foi tão grande que em 1978 a Microsoft abriu seu primeiro escritório internacional, no Japão. O acordo entre Bill Gates e Kazuhiko Nishi visava a criar o primeiro escritório de vendas da Microsoft fora dos Estados Unidos, o ASCII Microsoft. A parceria duraria até 1986. O ano de 1978 foi marcante para a empresa por outro motivo - muito - especial: As vendas, já naquele ano, com pouco mais de 2 anso de atividade, a marca fecharia o ano fiscal com mais de 1 milhão de dólares em vendas no ano.
Paralelamente a isso, nos Estados Unidos, a companhia crescia, mudava-se para uma nova sede e um novo time de programadores era escalados; em 1978 a Microsoft já contava com 13 deles. Na foto abaixo, 11 programadores estão presentes. Essa imagem seria descrita por Bill Gates em 2009, com as seguintes palavras: "Esta famosa imagem dá uma prova indiscutível de que aqueles geeks dos computadores dos anos 70 não estavam, exatamente, na vanguarda da moda".
Os primeiros produtos da Microsoft girariam exclusivamente em softwares e em diferentes variantes do Basic, que se tornaria a principal linguagem de programação do final dos anos 1970 e início de 1980. Computadores domésticos como, por exemplo, o Apple II (Applesoft Basic) e Commodore o 64 (Commodore Basic) utilizavam linguagem Basic.
O primeiro produto de hardware a ser lançado por eles seria o Z-80 SoftCard que permitiria ao Apple II, por exemplo, executar um sistema controlador para um microcomputador. O SoftCard foi demonstrado pela primeira vez ao público no West Coast Computer Faire em março de 1980 tornando-se um imediato sucesso: 5.000 cartões vendidos nos três primeiros meses, um número expressivo dado o restrito mercado de microcomputadores no momento. Cada um custava exatos 349 dólares.
Nesta época Bill Gates convenceria Steve Jobs a participar do projeto do novo computador da Apple. Gates usaria sua estada na empresa da maçã para - segundo alguns - copiar a interface gráfica do Macintosh e comercializar uma versão similar no Japão, através da ASCII Microsoft. Ao descobrir isso, Jobs quebrou a aliança entre as duas empresas, mas como veremos mais a frente, esta não seria a última parceria entre as duas.
O primeiro sistema operacional, ramo que consolidaria a empresa, seria lançado publicamente como uma variante do Unix em 1980. Adquirido da AT & T através de uma licença de distribuição, este SO foi adaptado para várias plataformas, tornando-se, inclusive, o projeto base para a primeira versão do processador de texto da Microsoft, o Microsoft Word.
Paul Allen e Bill Gates no início da Microsoft
A década de 80 começaria bem para a Microsoft com a contratação de Steve Ballmer, um ex colega de Jobs em Harvard, que seria um dos mais importantes nomes da companhia e que no futuro ocuparia o cargo de CEO por mais de 15 anos.
O grande sucesso da empresa viria nesta época, após um acordo com a Internacional Business Machine - IBM -, em 1980. Neste ano, a empresa de microcomputadores procurava avidamente por um sistema operacional para seu novo computador e a empresa que venderia o SO seria a crescente Microsoft, que despontava no mercado da programação. Porém, a dupla Gates e Allen tinham um "pequeno" problema: O sistema que eles estavam desenvolvendo ainda não estava completo. A solução foi, correr contra o tempo, comprar o Q-DOS, desenvolvido pela Seattle Computer Products por 50 mil dólares, melhorá-lo e transformá-lo em Ms-Dos, o primeiro sistema operacional em disco da Microsoft.
Embora o contrato tenha alcançado uma vultuosa quantia em dinheiro, com uma grande companhia, como a IBM, a interface de comando de texto do Ms-Dos — similar àquela utilizada pelo Unix — não conseguiu chamar a atenção mais do que seu principal concorrente naquele cenário: o Apple Lisa de Steve jobs. O computador da concorrente possuía interface gráfica e mouse roubadas, inspiradas nos projetos de outra empresa, a Xerox. Leia mais sobre este episódio da Apple no nosso especial sobre a história da marca, clicando aqui.
Neste momento da história podemos ver a genialidade de Bill Gates e Paul Allen: eles colocaram uma cláusula no contrato com a IBM que estipulava que todos os computadores da marca usariam o programa Ms-Dos. Com a popularidade das máquinas da IBM o SO da Microsoft tornar-se-ia o padrão na indústria de computadores pessoais, sendo substituído posteriormente pelo Windows, e gerando um monopólio sobre o mercado de sistemas operacionais que a Microsoft nunca mais perderia.
Em 1982 a empresa, começaria a desenvolver aplicações para o Macintosh da Apple, lançaria o Cobol e a planilha eletrônica Multiplan. O próprio Word seria lançado em 1983 e distribuído encartado nas revistas PC World.
Ms-Dos 1.0 rodando o Word
Bom, agora a Microsoft havia resolvido boa parte dos problemas dos programadores ao inserir o Ms-Dos e largava com tudo para ser a maior empresa de tecnologia do mundo, mas, no entanto, mexer em um computador ainda era muito difícil, o usuário precisava saber códigos, atalhos, utilizar as barras, etc. Precisávamos de algo mais fácil e intuitivo, e assim, em 1983, a companhia prometeu ao mundo entregar em breve o Microsoft Windows 1.0, totalmente baseado em um sistema de janelas (também inspirado pela Xerox, assim como Lisa da Apple) e de fácil manuseio.
Então, cumprindo a promessa, em 20 de novembro de 1985, dois anos após o anúncio inicial, a Microsoft começaria a vender oficialmente o Windows 1.0. Com o novo sistema viria também o mouse, a possibilidade do uso de mais de um programa ao mesmo tempo (recurso multitarefa), a interface colorida, os ícones, alguns aplicativos, como o jogo reversi, o bloco de notas, calculadora, relógio, barras de rolagem, menus suspensos, calendário, Windows Writer, arquivo de cartões, Paint, e outros. Agora, com este sistema operacional instalado em sua máquina, ao invés de digitar os comandos do MS-DOS, bastaria ao usuário mover o mouse para apontar e depois clicar nas telas ou janelas além de não precisar mais sair e reiniciar um programa cada vez que quisesse usar o mesmo. Bill Gates afirmou na época que o Windows 1.0 "é um software único, projetado para aqueles que realmente usam computador".
Embora a última correção do SO tenha saído em 1987 (Windows 1.04) a Microsoft só o declarou obsoleto e sem assistência no dia 31 de dezembro de 2001. Foram mais de 16 anos de "atividade". De 1985 a 1987 o sistema operacional venderia mais de 500 mil unidades ao preço de U$$ 99 dólares cada. Abaixo, confira o inusitado vídeo comercial do software com a atuação de Steve Balmer.
Curiosidade: Se você observar, no final do vídeo Balmer fala: "Except in Nebraska" (traduzindo: Exceto no Nebraska - estado americano). Muitos acharam, na época - ou acham até hoje - que o SO não seria vendido naquele estado americano, no entanto era só uma piada. A brincadeira remonta à Guerra Fria, quando as linhas telefônicas americanas eram monopólio da companhia americana Bell, e existiam em quantidade limitada.... exceto no Nebraska, onde o Comando Estratégico Aéreo Americano tinha insistido em instalar milhares delas para o caso de uma guerra nuclear. Acabou a guerra e as (muitas) linhas sobraram, essa foi a saída para empresas que precisavam delas para seus call centers, que foram instalados no estado. No entanto, por uma lei do Nebraska, as empresas tinham que ter linhas direta para quem telefonava do estado e outra para quem ligava do restante do país, e mais: elas tinham que anunciar em suas propagandas, por isto a famosa frase: Except in Nebraska.
Bom, ainda há muita coisa para falar, então, até a parte 2 da história da Microsoft. Não esqueça de conferir nossa sessão de Histórias Digitais.
Fontes: Microsoft; About Money; Techland; Wiki.
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