Semanalmente colocamos aqui no Oficina a relação de filmes e séries que entram no Netflix e o pessoal já está acostumado a vir aqui pegar boas indicações de filmes. E hoje temos mais uma indicação, e não é qualquer um, é o menor filme do mundo!

Sim, e eu não digo somente em termos de duração (ele tem 1 minuto e 33 segundos), mas em termos de tamanho de seus "atores": átomos.... BANG

O filme em questão é uma produção da IBM e seu laboratório de pesquisa. Sim, foi feito pelo mesmo pessoal que desenvolve a tecnologia que está dentro do seu processador neste momento. O filme trata diretamente dos avanços e da pesquisa no campo da memória em escala atômica que usa apenas 12 átomos.

Atualmente é necessário 1 milhão de átomos para armazenar 1 único bit de dados, e olha que 1 bit não é nada. Um arquivo de 3 Mb, por exemplo, tem 25.165.824 bits, agora multiplique isso por 1 milhão e você vai ter o número de átomos necessários para guardar essa imagem (ruim) de 3 Mb no seu HD. O pulo do gato é que a pesquisa da IBM chegou ao ponto em que reduz de 1 milhão por bit para apenas 12 por bit. Imagine o efeito prático dessa evolução. Segundo o cientista da empresa, com essa redução na demanda física para armazenamento nosso celular poderia armazenar toda a produção cinematográfica já produzida no mundo, ao invés de 2 vídeos.

Parece incrível, não? Enquanto não chegam os hd’s com essa tecnologia, vamos ver como foi feita a produção do curta.

Os atores

Como disse, o filme é estrelado pelos átomos, aquela partícula que os antigos filósofos gregos pensavam ser a menor coisa existente no universo e que mede alguns nanômetros de diâmetro. Se você não sabe quanto mede um nanômetro veja que a escala de medidas em ordem decrescente inclui: metro, decímetro, centímetro, milímetro, micrômetro e, enfim, nanômetro. Isso corresponde a 1×10−9, ou 0,000000001metro. Viu como é pequeno? Somente no ponto final dessa frase estima-se que tenham 5 milhões deles.

Por isso o filme foi filmado através dos mais poderosos microscópios existentes, os microscópios de corrente de tunelamento (também inventado por 2 pesquisadores da IBM há décadas, 1 deles, inclusive, vencedor do prêmio Nobel de física), já que os átomos precisaram ser aumentados 100 MILHÕES de vezes para ser visto da forma como aparecem no vídeo. Apenas para ter noção, se você aumentar um átomo para que fique do tamanho de uma laranja, se a laranja sofresse o mesmo aumento, ficaria do tamanho do planeta Terra.


Microscópio utilizado nas filmagens

A produção

Para ser filmado os cientistas fizeram da mesma forma que aqueles filmes de massinha de modelar: frame após frame. Eles manipulavam os átomos, capturavam a imagem e então iam para o próximo frame. Depois foi só juntar tudo e terminar a animação.

O processo foi feito com o microscópio citado acima que é composto de uma agulha que "laça" o átomo através de magnetismo e move ele para onde for o desejo do humano que o manipula, gerando, inclusive, um barulho sinistro que é explicado no making off que está no final desse post.

A motivação para fazer o trabalho foi que sabemos demais sobre o universo, galáxias, estrelas, nebulosas e tudo o mais, porém não temos o mesmo empenho e dedicação às coisas pequenas e que, na verdade, compõe tudo, inclusive o que está lá fora, no universo.

A locação do filme foi, no mínimo, inusitada e tudo que foi filmado se passou em cima da pequena placa de cobre que você confere abaixo. Cobre foi o material escolhido por gerar os átomos mais estáveis e seguros para a manipulação em combinação com o monóxido de carbono.

Quer saber mais sobre essa megaprodução? Então confira a página da IBM onde eles contam tudo sobre e você pode ver, inclusive, os extras.

Confira agora o tão falado vídeo e depois um making off do filme.