Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp, Linkedin, Snapchat, Youtube, entre tantas outas redes sociais, estão aí entretendo e até contribuindo com os negócios profissionais de muita gente. Mas será que todas estão crescendo no Brasil? Tem alguma que é mais indicada para perfil pessoal? E para empresa? Quais as novidades nessa área para 2016? O Oficina da Net conversou com o jornalista e professor, Paulo Pinheiro, especialista em mídias sociais, para esclarecer essas e outras dúvidas. Confira:
Paulo Pinheiro é jornalista formado pela UFRGS e trabalha com Internet desde 1997. É professor da ESPM-Sul, em Porto Alegre. Doutorando pela PUCRS estuda as ações do algoritmo do Facebook na seleção de notícias. Atualmente ministra o curso de extensão Jornalismo nas Mídias Sociais realizado pela ESPM-Sul
Oficina da Net: Quais são consideradas as principais redes sociais atualmente?
Paulo Pinheiro: Bem, não dá para negar a influência e o alcance do Facebook. O Facebook é hoje a rede social mais acessada e utilizada no mundo todo. São 1,5 bilhões de usuário cadastrados, deste total 83 milhões são brasileiros. Outra rede social que vem crescendo é o WhatsApp. Embora muitos considerem somente um aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones, ele também tem características de redes sociais. E os brasileiros adotaram rapidamente o Whatsapp. Atualmente já são cerca de 38 milhões de usuários brasileiros, equivalendo a 8% dos usuários mundiais. O Youtube também merece destaque. O compartilhamento de vídeos cresce a cada ano. Ter o seu próprio canal do Youtube se tornou muito interessante para a divulgação de trabalhos.
O Instagram é outra rede com muita relevância. Fica fácil de entender o motivo. Se nem todo mundo consegue operar uma câmera profissional, todos conseguem aplicar um filtro em uma foto e dar um efeito mais "elegante" no registro de um pôr-do-sol, por exemplo. Além disso, o Instagram é uma rede essencialmente mobile (embora a versão web também seja muito acessada no Brasil). Outro detalhe importante é o surgimento de grandes nomes no Instagram que utilizam essa rede como fonte de renda, sendo patrocinados por grande marcas. O Instagram foi criado em 2010 e, apesar de estar ocupando hoje a quarta posição das redes sociais mais acessadas no Brasil, percebe-se que ele cresce mais rápido do que as outras redes.
O Twitter segue firme. É uma rede social em tempo real. Continua atraindo um tipo específico de público. Curiosamente, o Brasil é o segundo país em número de usuários nessa rede e um dos mais ativos também. Ainda colocaria, como menção honrosa, duas redes sociais que merecem uma atenção especial. O LinkedIn que vem crescendo na base de 400% ao ano no Brasil. E o Snapchat que vem conquistando o público jovem.
ON: Quais as redes que mais cresceram, se destacaram e/ou surpreenderam em 2015? Por quê?
Pinheiro: Definitivamente o destaque em 2015 ficou com o Instagram. Ele teve no Brasil um crescimento de 20,5%. Se tornou a segunda rede social mais acessada pelos brasileiros. Sem falar no fato de que ele se tornou o "queridinho" das marcas. Mais ainda agora que a publicidade está liberada no Instagram.
A surpresa é o crescimento do Linkedin no Brasil (a base de usuários ainda é proporcionalmente pequena) mas, ao que tudo indica, os brasileiros descobriram a rede social e decidiram fazer o seu currículo online.
ON: Quais devem ser as tendências para este ano nas redes sociais?
Pinheiro: Para este ano e para os próximos anos a tendência é mobile. Ou seja, não se sabe qual será a nova grande rede social, mas certamente ela estará em nossos celulares.
ON: Qual é, ou deverá ser, o grande diferencial nas redes sociais neste ano? O que, realmente, vai prender as pessoas?
Pinheiro: A resposta novamente é a questão mobile. Pessoas passam cada vez mais tempo em contato com seus celulares. Se a rede for atrativa para esse público certamente fará sucesso. Talvez uma rede que use de forma criativa características dos celulares como fotos (Instagram) ou Geolocalização (Swarm).
ON: Quais redes devem cair no esquecimento neste ano ou em um futuro próximo? Por quê essa decadência?
Pinheiro: Pesquisas indicam que o tempo de vida de uma rede social fica em torno de oito anos. Mas isso é bem relativo. O Facebook, por exemplo, segue firme e forte. Principalmente depois de ter melhorado, consideravelmente, no campo mobile. Mas eu acredito que as redes sociais que não tiverem uma boa performance mobile deverão cair no esquecimento.
ON: Quais as ferramentas que devem agregar nas redes sociais neste ano?
Pinheiro: De novo, a chave é o mercado mobile. As pessoas estão nas redes sociais, isso é um fato inegável. Mas estão acessando as redes sociais cada vez mais em dispositivos móveis. Então quem souber se aproveitar dessas características vai criar uma rede social de impacto.
ON: Quais as principais tendências para as redes sociais em 2016?
Pinheiro: Além da questão mobile, o vídeo entra com tudo. Isso justifica, por exemplo, o crescimento do Snapchat, ele é semelhante ao WhatsApp, Messenger, mas que envia imagens ou vídeos (de até 10 segundos) pelo bate-papo que só duram alguns segundos. O conteúdo é destruído logo em seguida.
A rede social se tornou popular para compartilhar conteúdo mais, digamos assim, "íntimo". Claro que o Snapchat não é só isso. Ele tenta responder a uma questão que vai se tornar cada vez mais importante nos próximos anos: a privacidade. Afinal de contas, estamos colocando cada vez mais informações online sobre nossas vidas. E isso pode ter um custo muito alto.
Por outro lado, o Snapchat produz um conteúdo de curta duração, o suficiente para prender uma atenção cada vez mais dispersa dos jovens.
ON: O que mais se busca hoje nas redes sociais, já que elas não são mais um simples entretenimento?
A essência das redes sociais não mudou. Elas servem para construir relacionamentos. Mas o público passou a ficar mais tempo conectado nas redes sociais porque ele consegue estabelecer conversas. É fácil acompanhar a vida dos meus amigos e me sentir de alguma forma conectado com eles, ainda que não presencialmente.
As pessoas colocam mensagens de feliz aniversário no mural do Facebook, mas não ligam mais para aquele amigo para desejar felicidades. É uma espécie de solidão conectada".
ON: Há expectativas sobre o surgimento, em breve, de novas redes sociais?Se sim, quais e para quando?
Pinheiro: Sim, sempre irão surgir novas redes sociais. Embora exista neste momento uma consolidação em algumas áreas. Por exemplo, pode-se dizer que a rede social das imagens é o Instagram (embora o Pinterest também seja uma opção). Pode-se dizer que a rede social da Geolocalização é o Swarm (embora existam outras opções). O que eu acredito é que as redes sociais vão atuar cada vez mais em nichos. Por exemplo, uma rede social para quem gosta de comprar livros sobre a Segunda Guerra Mundial.
ON: Dá pra se dizer que as redes sociais, de uma forma geral, estão sempre se reinventando e que, por isso, devem seguir no topo?
Pinheiro: As redes sociais precisam, obrigatoriamente, se reinventar. Caso isso não aconteça, correm o risco de perder uma parcela significativa de usuários. Mas as redes sociais seguirão no topo por que a ideia de rede social existe antes mesmo da Internet. Ou seja, quando as pessoas se reuniam em um encontro com os amigos para um churrasco no final de semana na década de 70, isso era uma rede social. Os aplicativos só tornaram essa reunião mais simples e dinâmica.
ON: Na sua opinião, quais as redes sociais que uma empresa deve investir em 2016? E para pessoa física quais as mais indicadas? Por quê?
Pinheiro: As empresas devem investir em duas redes sociais: LinkedIn e Instagram. Atualmente uma boa e eficiente forma de selecionar novos funcionários é usando o LinkedIn. É mesmo um currículo online. Para divulgar a empresa, o Instagram parece mais interessante - neste momento - que o Facebook. Mas é importante saber usar ambas as redes sociais. É importante entender, também, como elas funcionam.
As pessoas físicas devem seguir apostando no Facebook. Mas ter o seu currículo online cadastrado no LinkedIn também pode ser um diferencial importante.
Nada pior do que uma empresa ser vista fazendo o papel de amadora em uma rede social".
ON: Como você avalia o ano de 2015 para as redes sociais? Aponte o que deu certo e o que não foi tão bom assim.
Pinheiro: Foi um bom ano. Creio que pelo menos nos próximos cinco a seis anos as redes sociais seguirão crescendo no Brasil. Talvez seja um crescimento moderado em função da crise. Como se sabe, a presidenta Dilma Rousseff, por meio de uma medida provisória, revogou os artigos 28, 29 e 30 da lei 11.196/2005, que zeravam as alíquotas de PIS/Cofins para os eletrônicos beneficiados pelo Programa de Inclusão Digital, que abrangia computadores, tablets e, mais recentemente, smartphones. Isso significa, na prática, um aumento no preço dos smartphones. Essa decisão pode frear um pouco o ímpeto do crescimento das redes sociais. Mas ainda é cedo para avaliar qual será o impacto dessa medida.
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