A história se repete. Mais uma vez os usuários do WhatsApp no Brasil tiveram o serviço de mensagens interrompido por determinação da Justiça Brasileira. O bloqueio, que deve durar 72 horas, iniciou às 14 horas desta segunda-feira, dia 2 de maio.
O motivo, seria a falta de colaboração do WhatsApp com uma investigação criminal. A Justiça quer que a empresa forneça dados sigilosos de conversas feitas através do aplicativo, que podem auxiliar na investigação sobre um esquema internacional de tráfico de drogas.
Esta não é a primeira vez que o aplicativo é bloqueado. Em dezembro de 2015 a Justiça determinou a interrupção no serviço por 48 horas, também como represália pela falta de colaboração da plataforma com investigações criminais.
Assim como da primeira vez, o bloqueio do WhatsApp causou revolta em muitos usuários. Muita gente utiliza o aplicativo para negócios e trabalho, além de ser uma excelente forma de comunicação. Mas, se o bloqueio gera tanto transtorno, por que o WhatsApp não fornece as informações que a Justiça pede e evita o problema?
A alegação da empresa é simples: Nenhuma mensagem é guardada em seus servidores. Mesmo que seja uma exigência feita pela Justiça brasileira, ou de qualquer outro lugar no mundo, a empresa diz que simplesmente não pode fornecer o que não tem.
E mesmo que a empresa armazenasse todas estas mensagens, não haveria muito o que ser feito para ajudar a Justiça, isto porque o WhatsApp aposta na criptografia end-to-end. Com isso, as mensagens saem do celular do emissário já criptografadas, fazem todo o trajeto celular-servidor-outro celular e só são desencriptadas quando chegam ao destinatário final, para que ele possa ler o que foi escrito.
A criptografia foi adotada como forma de privacidade aos usuários do mensageiro. Deste modo as mensagens dos usuários não poderão ser interceptadas por qualquer que seja o motivo. Esta é uma forma de proteção contra o cibercrime ou ciberespionagem de governo, por exemplo.
Em entrevista ao Olhar Digital, o Diretor de Comunicação do WhatsApp, Matt Steinfeld, ressaltou que no caso recente do bloqueio do aplicativo, eles cooperaram dentro de suas capacidades. Porém há alguns recursos da plataforma que limitam a capacidade de fornecer informações nestas investigações.
Steinfeld ainda falou sobre o sistema de criptografia que "bagunça" a mensagem enviada, o que inclui textos, fotos, vídeos e mensagens de áudio, tudo para que cibercriminosos ou outros agentes maliciosos não possam acessar o conteúdo. Isto ocorre porque a maioria dos usuários do WhatsApp compartilham através do app mensagens muito pessoais e íntimas com seus amigos e familiares.E eles querem que suas mensagens sejam mantidas em segurança.
Em relação a Justiça Brasileira o Diretor disse que as informações solicitadas não estão sob domínio da empresa. "Se nós tivéssemos a informação que eles pediam neste caso, nós teríamos que degradar nossos sistemas, e não é algo que estamos dispostos a fazer, porque milhões de brasileiros confiam no WhatsApp todos os dias para que suas comunicações sejam mantidas em segurança. Não há como degradar o sistema por um instante específico sem degradá-lo para todo mundo", afirmou ao Olhar Digital.
Quando indagado sobre a possibilidade do WhatsApp deixar de operar no Brasil, Matt Steinfeld revelou que a empresa não quer este resultado e que seu objetivo é mostrar para as pessoas que dados não são armazenados e faze-las entender porque a empresa adota esta postura. Ele ainda destacou que o Brasil é um país muito importante para a plataforma, com mais de 100 milhões de usuários, portanto, a ideia é permanecer no país verde e amarelo por um longo tempo.
Conforme Steinfeld, investigações policiais não ocorrem apenas no Brasil e o que o WhatsApp tenta fazer nestes casos é estabelecer canais para que as autoridades levem suas requisições até a empresa. "Uma das coisas que oferecemos em todos os países é um canal dedicado para pedidos de emergência para quem procura informações para ajudar em uma situação urgente. Nós facilitamos estes pedidos", apontou.
Steinfeld finalizou afirmando que a empresa coopera com o que pode e exaltou o desejo de que as pessoas saibam que os canais para pedidos de emergência existem.
E você, sente-se prejudicado com o bloqueio do WhatsApp? Concorda com a determinação da Justiça em bloquear o serviço de mensagens? Deixe sua opinião nos comentários!