Não há como negar que nos países por onde passa o game Pokémon Go torna-se um grande sucesso. O jogo de realidade aumentada da Niantic colocou muita gente para se mexer, saindo a caça dos monstrinhos de bolso. Nas ruas, no trabalho, na faculdade, nos veículos de comunicação...não se fala em outra coisa. E como não poderia ser diferente, na internet o assunto também está em alta.
Como acontece com tudo que desperta o interesse de um bom número de pessoas, há quem adore o jogo, mas também existem aqueles que criticam quem dedica algumas horas do dia para caçar Pokémons. Além disto, teorias de conspiração começam a pipocar por todos os lados.
Entre tantas notícias sobre o jogo que circulam pela internet e redes sociais, está a teoria de que o game seria na realidade uma forma de espionagem realizada pela Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). O embasamento para tal afirmação se daria em alguns fatores. Em uma publicação no Facebook (que já teve mais de 40 mil compartilhamentos e 49 mil curtidas) feita por um brasileiro, estes supostos fatos ligados a empresa responsável pelo Pokémon GO, a Niantic, são enumerados. O jovem ainda traz algumas fontes de sites estrangeiros de onde ele teria retirado as informações.
Segundo o texto, a Niantic teria sido fundada por John Hanke, o que de fato é verdade. A conspiração também diz que antes de se tornar CEO da Niantic, Hanke teria fundado a Keyhole, Inc., empresa de mapeamento de satélite que foi comprada pelo Google, tendo como seu principal produto o Google Earth. Até aí tudo verdade. Mas, onde a CIA se encaixa nisto tudo? Então, segundo a teoria de conspiração, um dos projetos de mapeamento de superfície desenvolvido pela Keyhole, Inc., teria tido como patrocinadora uma empresa ligada a Cia, a In-Q-Tel, companhia de capital de risco. De fato, a In-Q-Tel investe em empresas de tecnologia com o único propósito de manter a CIA e outras agências de inteligência americana equipadas com a mais recente tecnologia da informação. Contudo, não há comprovação de que ela teria mesmo patrocinado a Keyhole.
O argumento utilizado é que com o Google Earth, a CIA indiretamente teria acesso a todos os mapas do planeta, mas ainda não conseguiria entrar na casa das pessoas. O que faltava para a agência era algo capaz de romper a barreira final da privacidade, concedendo à agência o acesso digital a residência das pessoas.
E como ela conseguiria isso? Bem, para jogar Pokémon Go você precisa autorizar ao aplicativo o acesso a sua câmera, microfone e localização (é necessário estar com a câmera e o GPS ligados para conseguir jogar). Assim que você aceita esta permissão para começar a caça, pokémons são detectados por perto. Para encontra-los é necessário apontar a câmera, o que, na tese, permite que o aplicativo tenha foto dos cômodos da casa ou de qualquer ambiente onde o jogador se encontra, incluindo as coordenadas e o ângulo do seu celular, enquanto ele procura pelos monstrinhos.
Outra questão levantada pela teoria, é que nos termos do uso do aplicativo a Niantic diz que coopera com agências do governo e companhias privadas. "Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos". O problema é que quase ninguém lê os termos antes de aceitar.
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Não dá para negar que os argumentos até podem ser convincentes em um primeiro momento, quando não se atenta para a questão dos dados digitais mais afundo. Se você já estava quase se convencendo que o Pikachu é um espião, e pronto para deletar o aplicativo, acalme-se um minuto, vamos há alguns fatos que irão desconstruir esta teoria, ou devo dizer que seria mais um boato?
Bom, até há um fundo de verdade em tudo isto. Sim, o aplicativo tem acesso a nossas informações e pode cooperar com agências internacionais. Contudo, não é apenas o Pokémon Go que faz isso. Muito pelo contrário, grande parte dos aplicativos que utilizamos pede informações similares. Todas elas estão nos termos de uso. O problema é que não nos damos conta de quanta informação pessoal nossa é utilizada pelas empresas para ganhar dinheiro. Inclusive já falamos várias vezes sobre isso, aqui mesmo, no Oficina da Net. Veha este artigo sobre espionagem.
Um exemplo disto são apps como o Instagram e o Snapchat. Assim como o Pokémon Go, estes aplicativos possuem acesso a câmera, ao microfone e a localização do usuário. As fotos ficam dispostas num mapa que indica o local onde elas foram feitas. Agora pense em quantas fotos você já tirou dentro de sua casa ou na de algum familiar. Certamente já foram várias e você as publicou. Então, se a sua conta no Instagram for aberta, basta algum agente da CIA dar uma olhadinha em seu perfil para conhecer a sua casa. E o Facebook então? É tanta informação pessoal exposta...A rede social tem acesso a nossos gostos, às pessoas com quem trocamos mensagens, aos lugares que frequentamos, ao local de trabalho e estudo, entre tantos outros dados.
Portanto, não se apavore com rumores de que o Pokémon Go está sendo utilizado para te espionar. Pense em tantos outros serviços digitais que você utiliza no dia a dia e que permitem o acesso a tantas informações quanto as dispostas no jogo (ou até mais). Agora, se você quer se ver livre de qualquer suspeita de que estranhos estejam tendo acesso a informações suas, é melhor começar a ter certa restrição ao utilizar a internet.
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