Ao acessar o WhatsApp para continuar ou iniciar uma conversa com seus amigos, você é surpreendido com uma mensagem piscando na tela de seu celular. Nela está a notificação para a necessidade de uma atualização dos termos de Política de Privacidade do WhatsApp. Para continuar utilizando o serviço é só clicar em "aceitar". É rápido e indolor.
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Transvestida em uma atualização simples e inofensiva, a mensagem apenas diz que a atualização tem como objetivo que recursos como a Chamada do WhatsApp possam ser abrangidos, mas na realidade ela guarda muito mais informações no link disponibilizado para que o usuário leia mais sobre e que, dificilmente, alguém vai ler. E é exatamente aí que mora o perigo. Na pressa e como a atualização parece ser algo banal, muita gente clica em aceitar, sem se dar conta a que realmente está se submetendo. Outro fator que contribui para esta rápida aceitação do usuário é a mensagem enfática de que a atualização deve ser aceita até o dia 25 de setembro, caso o usuário ainda queria continuar usando o serviço. E quem não quer seguir utilizando o mensageiro mais popular no mundo, né?
O caso é que a mensagem que está sendo enviada aos usuários do WhatsApp desde o último dia 25 de agosto, solicita a permissão para que o mensageiro possa compartilhar dados de seus usuários com o Facebook, empresa mantenedora do aplicativo de mensagens desde 2014. Ao aceitar os termos de serviço, a pessoa automaticamente está permitindo que o WhatsApp conceda ao Facebook dados como o seu número de telefone, tempo que passa no mensageiro e sua lista de contatos. Como justificativa para tal medida, a empresa afirma que com isso poderá apresentar melhorias em seus anúncios no Facebook, oferecendo conteúdo mais relevante, bem como sugestões de amigos, com base nas pessoas que estão na lista de contatos do WhatsApp, mas não fazem parte da rede de amigos da rede social.
Contudo, o impacto na privacidade dos usuários vai muito além disso. Embora o WhatsApp afirme que as mensagens trocadas pelo aplicativo são só do usuário e nem ele, nem o Facebook podem ter acesso devido a criptografia de ponta-a-ponta, bem como que nada que você compartilhe no mensageiro, incluindo mensagens, fotos e dados da conta serão compartilhados em outras redes, ainda assim, ter seus dados pessoais compartilhados com o Facebook, pode apresentar uma ameaça real ao controle dos usuários sobre como seus dados do WhatsApp são usados e compartilhados.
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O compartilhamento deste tipo de dado interfere diretamente na privacidade dos usuários. Por exemplo, com acesso aos seus dados do WhatsApp, o Facebook terá uma visão mais detalhada das atividades de comunicação que você realiza de maneira online, seus hábitos, sendo que contatos privados no WhatsApp correm o risco de se tornarem públicos no Facebook, já que a rede social poderá utilizar seus contatos no mensageiro para sugerir amigos. Com o número de seu telefone compartilhado, é possível que empresas lhe enviem anúncios pelo mensageiro, anúncios estes, com base em produtos de seu interesse, conforme enfatizam as empresas. Em um anúncio que acompanhou a atualização, o WhatsApp exemplifica esta questão como, oferecer "um anúncio de uma empresa com a qual você já trabalha, em vez de uma que você nunca ouviu falar". O que não deixa de ser preocupante, considerando a coordenação e o compartilhamento de dados exigido para que o Facebook saiba com quais empresas você costuma fazer negócios.
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Caso você não concorde com o compartilhamento de dados entre o WhatsApp e o Facebook para que eles sejam utilizados com o objetivo de "melhorar suas experiências com anúncios e produtos do Facebook", é possível alterar as suas configurações de conta para desativar o recurso até final de setembro. Após este período não será mais possível alterar. Veja neste tutorial como fazer. Mas, vale ressaltar que, isto não impede que o WhatsApp compartilhe seus dados com o Facebook.
Como assim? Conforme o WhatsApp "você pode escolher não compartilhar os dados da conta do WhatsApp com o Facebook a fim de melhorar suas experiências com anúncios e produtos no Facebook. O Facebook e a família de empresas do Facebook irão receber estas informações para serem utilizadas com outros propósitos, tais como aprimoramento dos sistemas de infraestrutura e entrega, a compreensão de como nosso serviços ou o serviços deles são usados, a proteção dos sistemas e o combate a spam, abuso ou atividades que violem o uso lícito destes."
Pois é meu caro. A única forma de não ter os dados de seu WhatsApp nas mãos do Facebook seria mesmo deixando a rede social. O que, para muitos, não é uma decisão fácil de ser tomada, levando em consideração a facilidade que o mensageiro proporciona, com a troca instantânea e gratuita de mensagens. Além disto, o app é o mais popular no mundo, então é difícil encontrar alguém que não esteja utilizando o serviço, tornando o mensageiro uma referência em comunicação.
Política de Aplicação da Lei
Enquanto a Política de Privacidade do WhatsApp passou por mudanças, o mesmo não acontece com a Política de Aplicação da Lei. O WhatsApp continua sem se comprometer em fornecer aos usuários avisos prévios sobre pedidos de Governos e Justiça a respeito de seus dados.
Empresas de tecnologia agem com frequência como intermediárias entre o fornecimento de dados dos usuários e a justiça. E a transparência delas no que diz respeito a estes pedidos é a maneira de dar aos usuários a chance de conseguir um advogado e entender porque seus dados estão sendo acessados. Já que o mensageiro deseja avançar com o compartilhamento de direto de informações pessoais com empresas privadas, ele também poderia estabelecer este compromisso com o usuário em relação às autoridades públicas.
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